Jogos Educativos — Onde estamos errando?

Julio Matos
Gamificação Brasil
4 min readOct 19, 2015

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Esta é uma pergunta que já me faço há muito tempo e que foi tema de uma palestra no último TDC2015 (The Developers Conference) em Porto Alegre.

Cena do Jogo “The Witcher 3” um dos jogos mais vendidos de 2015

Por que será que quando falamos de Jogos Educativos ou “para educar” o que nos vem rapidamente a cabeça é : “O Jogo da Matematica”, ou “A Turma do Joãozinho na Floresta”? Só que quando olhamos o que nossas crianças e pré-adolescentes estão jogando, só vemos“Minecraft”, “League of Legends”e “GTA 5”.

O que parece simples observar é que, a preferência primária do nosso público alvo sempre será estes jogos bem badalados, super produzidos, com orçamentos milionários e talvez esta seja a explicação para o fato de os “Jogos Educativos” (e passarei a usar áspas quando me referir a eles) estarem fora do escopo de preferência dos jogadores. Eles tem pouco orçamento, pouco apelo comercial e por aí vai.

Só de olhar as caixas já me sinto cm vontade de jogar! #sqn

No entanto creio que seja esta nossa principal miopia sobre o assunto e que temos dois problemas a enfrentar neste aspecto.

Em algum momento de nossa jornada enquanto civilização, desconectamos a ideia de “educação” do sentido de “aprender”. Educação tornou-se um problema em nossas vidas, ou pelo menos, um problema a ser vencido em nossa jornada da primeira infância até a idade adulta, usando de todos os meios ao alcance para “passar”(como uma tortura ou mal estar, que queremos que passe logo). Continuamos associando “aprender” a uma série de coisas incríveis, mas acreditamos que esta é a última coisa que teremos em um lugar onde se oferece “educação”, no caso a escola.

O segundo problema é simples: os “Jogos Educativos” não são jogados simplesmente por serem pouco pensados como “jogos” e muito mais pensados como uma tentativa de prover conteúdos didático de uma forma diferente. A experiência é a mesma anterior (a de “educação” no sentido que conotei antes) e leva a uma falta completa de engajamento .

Não é incomum ver educadores obrigarem suas turmas a jogar “jogos educativos”, na melhor das intensões em trazer algo novo e diferente para o contexto de suas aulas, e falhando categoricamente em promover uma experiência significativa. Apenas uma outra tarefa para os alunos que lhes impede de resolver o problema que é “vencer aquela aula”.

Um novo ponto de partida

Minha proposta é simples e otimista, pois acredito que exista um campo incrível para a indústria de jogos brasileira(aquela que ainda está em gestação , mas segue crescendo e com seus pré-natais todos em dia), aproveitando este nicho para contribuir com o aprendizado de jovens e adultos, além de garantir suas receitas.

Façamos Jogos

Sim, simplesmente jogos. Chega de “jogos educacionais”

Parta do principio que você precisa fazer um jogo, com um contexto incrível, uma história bem contada e com diversas interações capazes de tornar àquela experiência de jogá-lo uma experiência única. Depois disso faça o conteudo fluir da experiência de jogo ao invés de explicitar que o jogo é sobre o conteúdo.

Um exemplo simples seria: Não faça o “Jogo da Matemática”. Faça o jogo do pequeno domador de dragões que precisa descobrir o segredo da pedra mística e insira diversos desafios que vão exigir o pensamento matemático e talvez até o conhecimento de alguma fórmula para serem resolvidos.

Deixe o conteúdo fluir e o conhecimento emergir da experiência do jogador enquanto joga. Efetivar isso não é tão simples quanto parece, mas mudar o paradigma de desenvovlimento abre um novo leque de opções e experimentações. Use as mecânicas de jogo, os componentes e a interface para ensinar algo. E só revele isso no final, quando o jogador tiver se apropriado do conhecimento. Mostre a ele: “Tá vendo, isso é matemática…”

E para terminar, fica um reforço ao alerta que fiz aos educadores:

Levar um jogo como atividade para aula, se este não estiver dentro do conexto e não promover uma experiência que conduza o aluno ao conhecimento que se busca apresentar é só mais um anteparo. É um problema diferente para quem quer “Vencer a Educação” e não um desafio ao conhecimento.

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Julio Matos
Gamificação Brasil

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