Por cor/raça e gênero: as ocupações dos candidatos nas eleições 2018

Judite Cypreste
Ganha-pão
Published in
3 min readSep 5, 2018
O pãozinho funciona como uma espécie de eu lírico.

Na segunda análise do Ganha-pão, vamos conhecer mais o perfil dos candidatos nas eleições deste ano. A partir dos dados disponibilizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), vamos analisar por gênero e cor/raça, quais seriam as maiores ocupações dos que pleitam cargos no executivo e legislativo brasileiro.

Cor/raça x Ocupação

No último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2010, a estimativa era que a população brasileira chegava a 191 milhões de habitantes. Está população, que está em constante crescimento de acordo com a projeção do instituto, é a mesma que se candidata a cargos políticos no país e a mesma que, em outubro deste ano, irá escolher Deputados Federais, Deputados Estaduais, Senadores e o próximo Presidente da República.

Na publicação Retratos, de maio deste ano, a abordagem do agente de pesquisa para a questão de cor/raça se resume a uma pergunta: “A sua cor ou raça é: branca, preta, amarela, parda ou indígena?”. E assim, o entrevistado responde, usando seus próprios critérios, como ele se identifica.

Em seu site, o TSE informa que informações de cor/raça dos candidatos são resultantes também de autodeclarações, feitas nos pedidos de registros de candidaturas. De acordo com os últimos dados atualizados do TSE usados nesta análise, o número de candidatos por cor/raça nas eleições 2018 são os seguintes:

Brancos são mais do que a metade dos candidatos nestas eleições (52,58%), seguidos de pardos (35,54%) e pretos (10.83%). Amarelos (0.59%) e indígenas (0,46%) não somam nem 2%.

Sabendo-se destes números desiguais, não é surpresa que, ao analisarmos as ocupações dos candidatos amarelos e indígenas, estas quase fiquem invisíveis no gráfico abaixo. Para visualizar as ocupações selecione no menu a cor/raça a ser analisada.

Selecione na cor/raça procurada específica no menu ou clique em ‘Todas’ para fazer ver a comparação.

Gênero x Ocupação

Uma outra análise possível, é com relação ao gênero dos candidatos e o que fazem eles para sobreviver.

De acordo com o TSE, assim como a cor/raça, a informação sobre o gênero é informada pelos candidatos nos pedidos de registros de candidaturas. Entretanto, apesar de afirmar que existiriam três classificações possíveis (masculino, feminino ou não informado), aparentemente nenhum candidato deixou de informar sobre o seu gênero, como podemos ver a seguir:

Passe o mouse em cima dos quadrados para ver a ocupação e a quantidade de candidatos de acordo com o gênero.

Donas de casa: um destaque para esta ocupação, que entre os candidatos do gênero feminino somam 474, contra apenas três do masculino.

No total, 68,7% dos candidatos disseram ser do gênero masculino, contra 31,3% do gênero feminino. Relembrando o censo de 2010 do IBGE, a porcentagem da população do sexo masculino (48,5%) era quase igual do sexo feminino (51,5%).

Vale destacar que o IBGE usa o termo ‘sexo’ e categoriza como ‘mulher’ e ‘homem’ , enquanto o TSE usa ‘gêneros’ ‘feminino’ e ‘masculino’. Por motivos de simplificação os dois foram abordados aqui como sendo a mesma coisa. No entanto, há discordâncias sobre qual termo seria o mais adequado para se referir a questão de identidade de gênero e a orientação sexual de um indivíduo.

Mesmo com uma legislação em vigor que determina o mínimo de candidaturas para cada sexo, a realidade dos eleitos é bem diferente. De acordo com a Lei das Eleições, cada partido ou coligação deverá destinar o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Em levantamento realizado pelo IBGE, apenas 10,5% da Câmara dos Deputados era ocupada por mulheres no ano passado. No Senado, a proporção chegou a 16%. Desde a proclamação da República, apenas uma mulher ocupou o mais alto cargo do executivo do país.

Em 2017, o país figurou em 152º lugar no ranking internacional de presença feminina nos parlamentos da Inter-Parliamentary Union. No estudo figuraram 190 países.

O robô @elasnacamara, acompanha em tempo real as tramitações de proposições na Câmara dos Deputados que tratam de assuntos relacionados a mulheres. Idealizado pela minha amiga e jornalista Bárbara Libório, o bot pode ser seguido no Twitter e possui publicação sobre o projeto aqui no Medium. 

Vale lembrar que todo o código e dados usados nas análises podem ser encontradas no meu GitHub.

Obrigada pela leitura e até a próxima análise do Ganha-pão.

--

--

Judite Cypreste
Ganha-pão

Acredito que um bom jornalista de dados entrega mais do que tabelas e números percentuais incompreensíveis.