Céu azul

Uma resposta ao questionamento de um dos maiores curiosos que já existiu

Murilo Chiumento
4 min readMay 2, 2019

“Tão natural quanto a luz do dia, mas que preguiça boa, me deixa aqui à toa”.

Que vibe sensacional é escutar essa música chamada “Céu azul” da Banda Charlie Brown Jr. Você também se imagina em uma praia, deitado em uma rede, sentindo a brisa do mar?

Nossa liberdade e nosso tempo são talvez os bens mais preciosos que podemos ter em nossas vidas. Mas sabe o que pode ser considerado ainda mais precioso? O conhecimento.

Nossa curiosidade em descobrir, aprender e questionar nasce no mesmo instante em que chegamos ao mundo, sem nem mesmo saber andar ou falar.

Coincidentemente, dia 02 de maio de 2019, completa-se 500 anos do falecimento de um dos maiores curiosos e questionadores seres humanos que já existiu, Leonardo Da Vinci.

Pelo seu faro aguçado na busca de saber, foi um gênio versátil, destacando-se em diversas áreas do conhecimento: da engenharia à pintura com suas obras icônicas: “Mona Lisa” e “A Última Ceia”, da matemática à medicina, Da Vinci dominava várias técnicas e sua arte em questionar era o que fazia dele uma mente brilhante.

Muitos o conhecem como o “gênio dos gênios” e motivos não faltam. Sua dedicação o fez aprender sozinho idiomas como grego e latim, possibilitando algumas invenções e projetos como o rolamento, bicicleta, helicóptero e o paraquedas.

Incrivelmente antes de ser reconhecido por suas pinturas, esculturas e invenções, Da Vinci era músico. O italiano Giovanni Maria Pala, autor do livro “La Música Celata” (“A Música Oculta”) chegou a uma interpretação dos símbolos de uma das obras mais famosas de Leonardo Da Vinci, “A Última Ceia”, em que alguns espaços são divididos harmonicamente, possibilitando assim achar uma música escondida em seu trabalho. De modo grosseiro, Giovanni desenhou uma pauta musical com cinco linhas sobre a representação da obra e depois de muitos estudos, chegou à conclusão de que os pedaços de pão na mesa e nas mãos dos apóstolos formam notas musicais.

http://www.botequimdeideias.com.br/flogase/a-musica-secreta-de-a-ultima-ceia/

As leituras dessas notas deve ser feita da direita para esquerda, obedecendo o método reverso de como Da Vinci escrevia. O resultado dessa composição assemelha-se a “um réquiem”, “um hino a Deus”, nas palavras de Giovanni.

Da Vinci tinha interesse por tudo o que estivesse a sua volta. Queria entender o universo e como nos encaixamos nele. Em seus registros e cadernos, encontramos anotações de perguntas relacionadas à língua dos pica-paus, o motivo por que bocejamos e alguns questionamentos curiosos como os de uma criança: por que o céu é azul?

Como a GAS Rocket também é cultura e hoje é uma data bastante propícia para homenagear este grande curioso, vamos explicar.

Primeiro precisamos entender que a luz se movimenta através de ondas minúsculas e imperceptíveis aos nossos olhos. Outra coisa é que a luz solar, por ser branca, é na verdade uma mistura de várias outras cores: as visíveis (que podemos ver quando um arco íris é formado) e as cores que ficam nas faixas do infravermelho e ultravioleta (cores além de nossas capacidades visuais).

Cada uma das cores corresponde a uma onda com comprimentos diferentes. A vermelha tem o maior comprimento dentro do espectro visível. Já a azul, tem um dos menores comprimentos.

Sendo assim, quando a luz do Sol chega à Terra, ela colide com as minúsculas partículas de ar presentes na atmosfera. De uma maneira bem simples, o que vemos é o reflexo da luz ao cruzar com essas partículas.

Quando a luz bate em um alvo com dimensões compatíveis ao comprimento dessas ondas, parte da energia da luz é absorvida, vibrando as cargas e emitindo de novo a radiação.

Como os menores comprimentos de onda estão nos tons de azul, eles são os únicos compatíveis com essas pequenas partículas, que absorvem e rebatem essa luz, espalhando o azul para todos os lados, deixando o céu azulado durante o dia.

Mas e por que ao entardecer a cor do céu muda?

O Sol passa a iluminar a Terra com um ângulo mais oblíquo e a luz que atravessa a atmosfera tem uma distância maior, fazendo com que a fração azul seja diluída e as ondas de maiores comprimentos se espalhem menos, tornando os tons mais vermelhos.

Provavelmente o céu de Marte tenha uma coloração alaranjada ou avermelhada, motivado pelas partículas de poeira presentes em sua fina atmosfera.

Sensacional né?

Ser curioso fez de Leonardo um gênio, que não só especulava o imaginário, mas criava maneiras para fabricar todo esse conhecimento, que aos poucos se torna tão natural quanto a luz do dia.

E aí, onde fica o céu com o tom azul mais bonito que você já viu? Comenta aí.

PS:

Se você quiser ouvir a música de Leonardo Da Vinci oculta em “A Última Ceia”, deixamos o link para os curiosos:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=29&v=ib5BnMe3elQ

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