Deepfake, tão polêmico quanto mamilos.

Emily Kischlat
GASonline
Published in
4 min readJul 17, 2019

Você já ouviu falar em Deepfake?

Spoiler alert: é um negócio muito louco. O termo surgiu da combinação das expressões “deep learning” (aprendizagem profunda, em inglês) e “fake” (falso, em inglês) e trata-se de uma tecnologia que utiliza inteligência artificial (IA) e possibilita a criação de imagens, vídeos e sons humanos, trazendo resultados extremamente realistas, mas que nunca aconteceram na realidade. Isto é, a pessoa ali representada nunca realizou aquela cena, é simplesmente uma representação falsa (que pode enganar muita gente). Mas, como já sabemos, o ser humano não tem limites e apesar de muitos utilizarem essa tecnologia para experiências incríveis, outros a utilizam para gerar conteúdo para as indústrias pornográfica e a de fake news.

Talvez você esteja pensando: efeitos visuais sempre existiram no cinema, por que toda essa preocupação agora? É muito bacana que a tecnologia seja democratizada, mas a facilidade e o custo baixo da produção do deepfake se tornou uma ferramenta muito perigosa nas mãos de alguns.

O perigo do Deepfake

Em 2017, vídeos pornográficos publicados por um usuário do Reddit com o pseudônimo “Deepfakes”, foi o primeiro caso registrado da técnica. Cenas realizadas com softwares de deep learning, retratavam famosas como Gal Gadot, Emma Watson, Taylor Swift, Katy Perry e Scarlett Johansson em cenas pornográficas falsas. Felizmente os vídeos foram desmascarados e suas publicações foram banidas de sites como PornHub, Twitter e o próprio Reddit, os quais serviam de veículo para essas publicações.

Aplicativos como DeepNude também propunham utilizar a tecnologia para criar nudes de mulheres, sim, SOMENTE de mulheres. Seu objetivo era aplicar partes íntimas femininas nas fotos e apesar de serem facilmente identificáveis como falsos, é mais um exemplo de como as pessoas abusam da tecnologia para fins antiéticos. Felizmente também, esse app foi banido.

Com essas ferramentas atingindo maior escala na internet, o sindicato de atores de Hollywood já se posicionou em defesa de seus membros. Inclusive, buscando a proteção da lei para protegê-los de qualquer uso indevido de suas imagens.

Além da famosa indústria de filmes, vários políticos também foram retratados em vídeos, criados por essa tecnologia, pronunciando ideias que na realidade não foram ditas por eles. Já imaginou colocar palavras na boca do ex presidente americano Obama?

Em outro, aparece uma paródia de Trump no programa Saturday Night Live. Ambos os vídeos precisam de atenção redobrada para conseguirmos afirmar que são falsos, né? Isso se conseguirmos.

IA incentivando a cultura

Mas, vamos ser justos, nem tudo está perdido! Essa tecnologia também possibilitou experiências virtuais incríveis. Como a desenvolvida por pesquisadores do Samsung AI Center em Moscou e do Skolkovo Institute of Science and Technology, que utilizaram essa ferramenta para transformar simples imagens ou fotografias em um personagem falante, veja alguns exemplos publicados no artigo pelo Gizmodo:

Assim como a incrível exposição “Dali Lives”, realizada pelo The Dali Museum em parceria com o Goodbly, Silverstein & Partners (GSP) que utilizaram IA e trouxeram Dalí à vida, por meio de um trabalho minucioso em busca de frames de entrevistas concedidas pelo pintor ao longo de sua vida:

Experiências virtuais ao seu alcance

A tecnologia Android e Apple também se valeram dessa experiência virtual, por meio do reconhecimento e da reconstrução facial. Exemplos disso são os animojis da Apple e os AR emojis da Samsung. A ideia, é que por meio de um mapeamento facial eles reproduzem em tempo real as expressões nos emojis virtuais, além também de vários apps como o Stories do Instagram e no Snapchat com diversos filtros que possibilitam a diversão com essa tecnologia.

Neste ano também, a Apple desenvolveu uma atualização para o FaceTime de “correção de atenção”, com o mesmo princípio da tecnologia dos animojis. Essa ferramenta consiste em corrigir digitalmente a sua pupila na imagem, fazendo com que pareça que você está olhando direto para a câmera e “direto nos olhos” de quem você está conversando.

via appleinsider

Publicidade tecnológica

A publicidade também está buscando esse tipo de tecnologia para oferecer diferenciais de destaque para as marcas. Assim como a Popeyes Brasil que resolveu ressuscitar a atriz e comediante Dercy Gonçalves por meio de um holograma. A personagem não só divulga o famoso frango frito que marina por doze horas, como com toda a sua pompa e boca-suja, pede para que o público mande perguntas a ela com a hashtag #Dercy12h.

É claro que muitas vezes é visível que determinados vídeos ou imagens tenham sido realizados por meio da realidade virtual, mas devemos estar atentos, afinal, como pudemos ver, estamos caminhando para um momento em que será muito difícil ou quase impossível distinguir o que é real e o que é falso. Para facilitar a identificação, procure prestar atenção na voz, se o som aparenta ser normal e também, nos movimentos da boca, se acompanham perfeitamente as falas. Observe os gestos e a maneira como pisca, se são truncados ou naturais. Mas acima de tudo, busque sempre a fonte antes de compartilhar qualquer informação. Cuidado para não se tornar fonte de mensagens falsas, hein!

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