Notícias da Terra da Literatura — A4

Nesta edição: Vem aí o maior festival literomusical do Vale do Paraíba; Nova autores finalistas do prémio literário norte-americano Neustadt 2020; Brasileiros em Frankfurt; WASHINGTON POST AFIRMA QUE ENREDO DE O REI LEÃO É FASCISTA; História do Kongo publicada em livro; Gente abre vaga para estágio em design; Série revela livro preferido de escritores; William Burroughs; Ray Bradbury

"San Zinum"
GAZETA ESCRITORES
7 min readJul 23, 2019

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William Burroughs — Gazeta Escritores

Ray Bradbury

A outra distopia de Ray Bradbury

“A Morte é um Acto Solitário”, uma das obras menos conhecidas do norte-americano Ray Bradbury, leva-nos a uma Hollywood decrépita e a extinguir-se, onde morrer parece ser a única constante.

Num mundo onde a maior parte de nós apenas conhece o norte-americano Ray Bradbury pela sua obra distópica, Fahrenheit 451, ou pelos seus romances de ficção científica e fantasia, ler A Morte é um Acto Solitário ensina-nos uma coisa muito importante: as expectativas são boas até certo ponto.

É bom sentir aquele bichinho de antecipação antes de se ler um livro muito esperado, talvez de um autor acerca do qual já ouvimos tanto e do qual ainda não lemos nada. Tudo o que sabemos sobre ele e a sua obra está elencado na nossa mente ainda antes de abrirmos o livro. Mas damos por nós e estamos na página 20 e ainda não percebemos uma palavra do que está escrito. Nada do que esperávamos encontrar está lá. “Como assim este livro de Bradbury não é sobre ditaduras, opressão, liberdade de pensamento, sociedades futuristas?”, poderemos pensar.

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William Burroughs

Há 60 anos William Burroughs chacoalhava a literatura com ‘Almoço Nu’

Considerado clássico da contracultura, romance é uma das principais obras da Geração Beat

William Burroughs, romancista norte-americano ícone da Geração Beat, viveu boa parte dos seus 83 anos à margem da lei. Oito anos mais velho que as principais figuras do movimento, como os escritores Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Neal Cassady, Burroughs foi responsável por trazer à literatura americana do pós-guerra o método cup-up, técnica de recorte utilizada pelos escritores surrealistas. Ele defendia que a reorganização da linguagem romperia com o aspecto ideológico das palavras.

Morto aos 83, no dia 2 de agosto de 1997, em Lawrence, nos Estados Unidos, Burroughs foi autor dos romances “Junky”, em 1954, e “Almoço Nu”, de 1959. Nesta década, empolgou-se com a energia de Ginsberg e Kerouac. Chegou a apresentar aos dois obras de Franz Kafka, William Blake, Yeats, entre outros, virando mentor intelectual dos jovens escritores que já chacoalhavam as estruturas do romance americano com textos coloquiais, críticos ao consumismo e ácidos em relação ao capitalismo vigente na época.

Foi na década de 1950, no entanto, que Burroughs se tornou um beat. Lançado no Brasil pela Companhia das Letras, em 2016, “Almoço Nu” traz um anexo com fragmentos que foram abandonados pelo autor, cheio de rupturas narrativas e divagações. Acusado de incentivar o consumo de drogas, de promover a cultura gay numa época em que a sociedade americana estava preocupada com guerras e de ser obsceno, o romance chegou a ser visto como repugnante, ilegível e indecente.

Tanto que a obra foi apreendida por autoridades norte-americanas ao interceptarem trechos do livro em fanzine publicado por um editor censurado. “Almoço Nu” chegou a ser vetado por tribunais e enfrentou resistência em ser publicado no mundo — o episódio, que também atingiu a obra “A Crucificação Encarnada”, de Henry Miller, chegou a ser documentado pelo jornalista Gay Talese, no livro-reportagem “A Mulher do Próximo”. Burroughs antecipou o cenário e o sentimento que tomaria conta da sociedade americana na década de 1960

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Sobre o mundo do livro e a escrita

Série revela livro preferido de escritores

Programa da Cartola Filmes conversou com Mia Couto, Maurício de Sousa, Mary Del Priore, Michel Laub, entre outros

A segunda temporada da websérie “Livro de Cabeceira” acaba de ser lançada no YouTube. Em episódios curtos, alguns dos nomes mais importantes da cultura brasileira falam sobre livros que marcaram suas vidas. A proposta da série é oferecer dicas qualificadas de boas leituras.

Nesta temporada, a série produzida pela Cartola Filmes conta com a participação de Maurício de Sousa, Xico Sá, Patrícia Melo, Mary Del Priore, Mia Couto, Reinaldo Moraes, Mario Sergio Cortella, entre outros.

A segunda temporada do “Livro de Cabeceira” vai ter 23 episódios, com vídeo novo no canal no YouTube toda quinta-feira. Confira o episódio de estreia, com Mario Sergio Cortella.

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Gente abre vaga para estágio em design

Editora pede que candidatos cursando preferencialmente últimos anos de Design ou Publicidade e Propaganda e que já tenham experiência na área

A editora Gente abriu uma vaga de estágio em design. As atribuições do cargo incluem a criação de peças publicitárias para redes sociais, site e mobiliário urbano; o auxílio à equipe de marketing nos manuseios para influenciadores, SAC e autores; e o cadastro dos lançamentos em sites parceiros. A editora pede que os candidatos estejam cursando preferencialmente últimos anos de Design ou Publicidade e Propaganda e que já tenham experiência na área. Os interessados devem enviar currículo e portfólio para o e-mail marketing@editoragente.com.br até o dia 26 de julho com o assunto Estágio de design — MKT Editora Gente.

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História do Kongo publicada em livro

O livro “Mbôngi a Ñgîndu”, que em português significa escola de ciências políticas no antigo Kongo, do historiador Patrício Batsîkama, é apresentado hoje, no Auditório do Instituto Superior Politécnico Tocoísta (ISPT), em Luanda

Segundo Ivaldo Lima, coordenador de Pós-Graduação em Estudos Africanos da Universidade da Bahia-Brasil, que escreveu o prefácio do livro, a obra mostra detalhes dos vários aspectos políticos e administrativos do Reino do Kongo, desde as escolas de formação e o corpo técnico de funcionários.
O autor, refere Ivaldo Lima, foi movido, ao escrever o livro de 133 páginas, pela inspiração de contribuir para a consagração do Reino do Kongo como Património Mundial da Humanidade.
Editado pela Mayamba e com uma tiragem de 1500 exemplares, o livro é um conjunto de uma série de investigações feitas pelo historiador Patrício Batsîkama sobre a escola das ciências políticas no antigo Kongo. Natural da província do Uíge, Patrício Batsikama é autor de obras como “Tokoismo, Teologia da Libertação”, “O Reino do Kongo e a sua Origem Meridional”, “Makela ma Zombo” e “Nação, Nacionalidade e Nacionalismo em Angola”.
É docente do Instituto Superior Tocoísta (ISPT), do qual é coordenador do Centro de Estudos e Investigação Científica Aplicada (CEICA).

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WASHINGTON POST AFIRMA QUE ENREDO DE O REI LEÃO É FASCISTA

Recentemente, uma coluna do Washington Post afirmou que a historia de O Rei Leão é completamente fascista.

A coluna foi escrita por Dan Hassler-Forest, onde aponta que a historia introduz a uma sociedade onde os fracos aprenderam a adorar aos pés dos fortes.

“Logo observamos os herbívoros se reunirem para se curvar diante de seu governante recém-nascido, O Rei Leão apresenta uma visão de mundo sedutora na qual o poder absoluto permanece inquestionável, onde os fracos e indefesos ​​são fundamentalmente inferiores”

Por ultimo ele ainda aponta das relações predador-presa para fazer um remetente as estruturas do poder humano.

“A história incorpora inevitavelmente uma visão onde o poder dos governantes é vinda de uma superioridade biológica”.

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Brasileiros em Frankfurt

Feira anunciou os selecionados para o programa internacional de tradutores e para o Fellowship Program. Os brasileiros Petê Rissatti (tradutor) e Livia Vianna (Record) aparecem nas listas.

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Nova autores finalistas do prémio literário norte-americano Neustadt 2020

O galardão, que em 2014 distinguiu o escritor moçambicano Mia Couto, tem um caráter bienal e um prémio monetário de 50 mil dólares, reconhecendo um autor ou autora nas áreas da poesia, romance, argumento ou texto dramatúrgico

O escritor francês Emmanuel Carrère, a canadiana Lee Maracle e o albanês Ismail Kadare estão entre os nove autores finalistas do Prémio Internacional de Literatura Neustadt 2020, dos Estados Unidos, foi anunciado nesta segunda-feira.

O galardão, que em 2014 distinguiu o escritor moçambicano Mia Couto, tem um caráter bienal e um prémio monetário de 50 mil dólares, reconhecendo um autor ou autora nas áreas da poesia, romance, argumento ou texto dramatúrgico.

Para a edição de 2020, o júri do prémio escolheu nove finalistas, dos quais cinco são mulheres: Jorie Graham (EUA), Jessica Hagedorn (Filipinas/EUA), Sahar Khalifeh (Palestina), Lee Maracle (Canadá) e Hoa Nguyen (Vietname/EUA).

A elas juntam-se Emmanuel Carrère (França), Eduardo Halfón (Guatemala), Ismail Kadare (Albânia) e Abdellatif Laâbi (Marrocos).

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Vem aí o maior festival literomusical do Vale do Paraíba

Confirmada para os dias 13, 14 e 15 de setembro de 2019, o Parque Vicentina Aranha prepara-se para receber pelo sexto ano consecutivo a FLIM, o maior festival literomusical do Vale do Paraíba, considerado um dos eventos literários mais importantes do interior paulista.

A FLIM 2019 aguarda cerca de 30 mil pessoas nos três dias de uma intensa e diversificada programação cultural gratuita, com mesas literárias onde escritores e artistas se encontram para dialogar com a mediação da jornalista Adriana Couto; shows musicais, saraus, atividades lúdicas e poéticas, contações de histórias para crianças, lançamento de livros, e oficinas.

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Sandro Muniz

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"San Zinum"
GAZETA ESCRITORES

https://tinyurl.com/yb44oc27 Pequenos contos. Autor do livro "Solo Raso", em breve lançarei um satélite com textos de autores independentes.