Carta para Gilson Azevedo

Gabriel Senra
Gabriel Senra
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4 min readNov 12, 2020

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Sô Gilson,

Escrevo-lhe da poltrona 5C do voo 3096, de São Paulo para Belo Horizonte.

Ao meu lado, está um senhor de camisa social amarelada, pra dentro da calça, presa por um cinto já puído. No pé, o sapato preto de couro que ele deve usar há anos, com sola de borracha gasta. Seus cabelos são grisalhos e o nariz largo.

Eu pretendia terminar algumas coisas de trabalho durante o voo, mas ao reparar nele e, num relance, olhar pela janela, contemplei o céu e me lembrei de ti. Pela crença de muitos, você deve estar por aqui. Espero que esteja bem.

Escrevo sem saber se esta mensagem vai chegar mesmo até você, mas me deu muita vontade de conversar contigo. Não que te convencer de algo seja uma terefa fácil, mas me deu vontade de falar. Mesmo que dessa vez não venha uma reposta torta em tom sarcástico. Acho que bateu foi saudade dos nossos debates intermináveis no Pizarella e das mil vezes em que eu vi, no seu olhar, a certeza de que eu estava certo, e mesmo assim, você se recusava a aceitar.

Nosso papo hoje teria pauta certa: a teimosia (a genética é incrível) do seu filho e o quanto você não concorda com o fato dele se dedicar à vida pública. O quanto te incomoda o fato dele ser um político. Com a proximidade das eleições municipais, nossa mesa de amigos seria obrigada a ouvir sobre o quanto a política pode ser suja e o quanto o caminho é duro.

Disso a gente sabe. Mas ao contrario do que você sempre disse, eu tenho esperanças. Sou otimista. E tenho muitas razões para continuar sendo.
Uma delas é o próprio Gabriel.

Deixa eu te contar uma história: em 2016, quando seu filho concorreu pela primeira vez, escrevi um texto para os meus amigos, compartilhando alguns aprendizados que tive com ele ao longo da nossa amizade. Pedi a todos que que lhe dessem um voto de confiança. Deram. E ninguém se arrepende.

Hoje, ao reler o que escrevi, sinto que ficou faltando eu falar uma lição importante. Talvez porque ela seja, pra mim, a mais difícil de todas.
E também porque ainda estou aprendendo.

Estou falando da APROVAÇÃO.
Ou melhor, sobre não depender dela para seguir um caminho.

O Gabriel é um dos meus amigos mais próximos, e por participar da intimidade dele, sei que muitas vezes você não aprovou suas posições. E nem estou falando só da política. Ao mesmo tempo, fico feliz de saber que isso nunca afetou em nada o amor e admiração que você sentia por ele.

E que bom, Sô Gilson, que você pode dizer isso para ele, olho no olho, no seu último dia aqui conosco.

Que bom, também, que o Gabriel nunca precisou da sua aprovação.
Para nada.

Ainda bem que ele não parou. Ainda bem que ele aprendeu, com você, a não precisar da aprovação de ninguém.

Fecho os olhos e lembro com detalhes da última vez em que nos vimos, Sô Gilson. Foi muito rápido, e não tive a chance de lhe perguntar se, mesmo desaprovando a escolha, você estava orgulhoso do mandato que ele cumpriu.

Estou certo de que a resposta seria sim. Há razões de sobra para se orgulhar.
O Gabriel fez muita gente entender, pela primeira vez, qual é o papel de um vereador. Ele cuidou muito bem da nossa Belo Horizonte e você testemunhou isso de perto, enquanto pôde.

Agora não é mais uma aposta ou uma dúvida: ele é, sim, político diferente. Ele não só foi um excelente vereador, mas também inspirou e influenciou outros políticos pelo Brasil. Ele é um sopro de esperança num mundo tão polarizado, no qual o populismo ganha cada vez mais força e ameaça a democracia.

Aliás, por falar em democracia, a única aprovação de que o Gabriel realmente precisa se manifesta por meio do voto. E nesse quesito, fico feliz em saber que cada vez mais pessoas o acompanham. É curiosa, inédita e inspiradora a relação que o Gabriel tem com os seus eleitores.

Olha, Sô Gilson, eu entendo as preocupações que você pudesse ter. Sei que o caminho será duro. Mas o mundo precisa de mais pessoas como o Gabriel.
E ele está só começando.

Se tudo correr bem (e cá embaixo estamos trabalhando muito para isso), ele será eleito novamente no próximo domingo. E nesse contexto, quero fazer um compromisso com você: o Gabriel não estará sozinho.

Siga daí, mesmo contrariado, torcendo pelo seu sucesso.
Mas fique tranquilo: estaremos aqui sempre ao lado dele, trabalhando duro para melhorar a nossa cidade, e em breve, o nosso país.

Vou combinar com o Gabriel de irmos juntos lá no Pizarella.
Em sua homenagem, vou reclamar de alguma coisa.
Talvez de que quase tudo nesse país (por enquanto) termine em pizza.

Um abraço,

Gabriel, o Bagno.

PS: se você xeretou a correspondência alheia e chegou até aqui, aproveita para seguir o @gabrielazevedo no Instagram e acompanhar suas propostas.
Estou convicto de que ele merece mais um mandato como veredor.
Se você for de BH, anota aí: o número dele e 51.051.

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