Cuide da segurança da sua tecnologia como cuida do seguro do seu carro

Guilherme da Silva Gonçalves
gb.tech
Published in
4 min readFeb 7, 2022

Segurança em TI é que nem seguro de carro. Você só sabe que precisa, quando precisa.

Imagem de um cadeado em um fundo azul

O time de segurança do Grupo Boticário(GB) tem imergido em uma jornada bastante interessante em disseminar algumas práticas de segurança no desenvolvimento e manutenção de aplicações e infraestrutura. Estou há relativamente pouco tempo no grupo (atualmente são 9 meses), mas quase desde o início já estou imerso em um programa interno nomeado Security Champions. Posso dizer que tem sido uma jornada bastante interessante para mim e, arrisco a dizer, para qualquer desenvolvedor que se preze.

O programa visa, dentre outras coisas, formar desenvolvedores em conceitos de segurança, para que atuem como evangelistas em seus times. O entendimento dessa estrutura é que a segurança não deve ser papel de apenas um time, mas de todos os envolvidos no processo, e que por isso os cuidados devem ser tomados em todos os pontos do processo — desde a descoberta da demanda até a sua entrega em produção. Para isso, o GB investe em treinamentos e acompanhamento a esses funcionários, municiando eles de informações que permitam disseminar esses cuidados e conhecimentos dentro dos seus times.

Imagem de quadro negro com diversas linhas desenhando estrategias
Repertório diverso ajuda na resolução de problemas

Na minha experiência pessoal, confesso que sempre tive uma queda por criar repertório em áreas diferentes das que atuo — pois acredito que essa diversidade que me dá consistência para resolver problemas diversos do dia a dia. Então, para mim, não foi difícil pensar em assumir esse desafio. Ainda assim, tem sido uma experiência muito enriquecedora, tanto por aprender novos conceitos e consolidar o que já conhecia mas nunca aprofundei, mas também por precisar ser ponto focal de uma área de conhecimento normalmente negligenciada dentro das empresas.

Sim, é verdade. Se você trabalha com alguma área no entorno de engenharia, arrisco-me a dizer que a sua empresa não prioriza segurança nos seus processos de TI, e tenho uma porcentagem considerável de estar certo. E, veja bem, quando digo “prioriza”, significa mais do que ter somente um time dedicado para olhar para a plataforma como um todo. Não que um time dedicado não seja necessário, mas ele sozinho não consegue fazer o que precisa ser feito. Esse tipo de estrutura é insuficiente para atender um mercado tão volátil e, por consequência, tão suscetível a ciberataques. Quando se tem um time especialista nesse tipo de assunto, falta-lhe braço para olhar tudo e autonomia para resolver os problemas, quando encontrados. Ou vai dizer que nunca passou pano para uma vulnerabilidade de segurança encontrada por “problemas de priorização”, porque haviam outras demandas mais urgentes e importante de negócios?

Imagem de pessoa desesperada
Desespero tardio pode sair mais caro que investimento preventivo

Recentemente, tivemos o sequestro dos servidores de um grande varejista do ramo de vestuário, e te digo que foi um desespero geral — não só deles, mas de todo o mercado. “Será que estamos vulneráveis?”, “Como podemos prever?”, entre outras perguntas com certeza surgiram em diversas empresas do ramo. O problema de segurança é que é um trabalho essencialmente preventivo. Quando precisa ser corretivo, o prejuízo já terá sido muito maior do que se tivesse investido anteriormente. É necessário que, desde a primeira linha de código haja preocupação com o tema, antes que as correções tomem um tamanho nada administrável.

Ao se criar evangelistas nos times, socializa-se o problema. Torna o problema de todos e, por consequência, todos são responsáveis em uma eventual crise. Se todos são responsáveis, todos se preocupam com isso, desde a concepção do projeto até a sua entrega em produção.

Estão todos engajados na iniciativa? Evidente que não — nem Jesus agradou 100%. Temos muitos desenvolvedores que acham isso papo furado e eu mesmo muitas vezes fico falando sozinho, mas muitos também demonstram interesse em aprender mais junto comigo.

A mudança de cultura é algo que demanda tempo e paciência de todas as partes, e precisa de um ponta pé inicial. E é por isso que eu vejo muito potencial em iniciativas como esta.

Olhe para segurança como olha para o seguro do seu carro. Adianta colocar seguro depois que o seu carro foi roubado?

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