UX Design e Business Intelligence?
Relevância da pessoa UX Designer em projetos de BI & Analytics.
Se você chegou aqui, mas está sem tempo de ler na íntegra, atente-se apenas ao resumo e salve o conteúdo para consultar depois, combinado? 👍🏼😄
Resumo
Este artigo vai te ajudar a compreender a importância da pessoa UX Designer em projetos de BI & Analytics. Ele inicia apresentando conceitos gerais de Business Intelligence (significado, níveis de decisão estratégica, processo macro e impacto no negócio), passa pelo processo que o time de UX dedicado à BI do Grupo Boticário utiliza no dia a dia para resolver problemas reais (metodologia Double Diamond) e finaliza com um bônus, sugerindo livros e materiais complementares da área.
Vamos iniciar entendendo conceitos importantes
O que é Business Intelligence?
Segundo Gartner Group, BI é um termo que abrange processos e métodos de coleta, armazenamento e análise de dados para melhorar e otimizar a tomada de decisões. Para maior assertividade e melhor performance do negócio, BI oferece uma visão consolidada de informações corretas, no tempo adequado e condizentes com o nível estratégico de cada demanda, que também pode ser chamado de dashboard ou painel.
Níveis de decisão estratégica
É possível visualizar três níveis: Estratégico, Tático e Operacional.
Cada um se desdobra em responsabilidades e focos diferentes, vejamos a maneira de construir e consumir informações de acordo com a matriz:
Estratégico
Quanto maior o nível de decisão, maior a sua repercussão na estrutura organizacional. Com isso, as soluções finais precisam ser resumidas, apresentando indicadores relevantes para a validação da estratégia de negócio como um todo. Dessa forma, fica mais fácil identificar erros e até mesmo projetar um plano de ação visando o crescimento da empresa.
Tático
A visão tática faz parte da estratégia de negócio, contribuindo para a tomada de decisão e alcance dos objetivos de médio prazo (ciclo de OKRs, por exemplo). Nesse tipo de solução, faz-se necessário acrescentar indicadores que sejam relevantes para avaliar a eficácia ou erros na estratégia.
Operacional
A visão operacional contém métricas referentes às operações da empresa. Portanto, esse tipo de solução é usada geralmente por analistas e especialistas que desejam acompanhar o desempenho dos processos organizacionais, por meio de análises mais granulares. Tudo para que os processos sejam continuamente otimizados.
Os níveis são dependentes, apesar de serem distintos, trabalham de forma integrada para alcançar resultados dentro da organização.
Processo macro de BI
Como mostrado na figura acima, o processo macro de BI inicia no consumo da fonte de dados. Nessa etapa a origem dos dados a serem analisados é definida, como por exemplo planilhas Excel, Arquivos CSV ou SAP.
A próxima etapa consiste no processo de ETL (Extract, Transform, Load), onde as fontes de dados são extraídas, seus dados são transformados e carregados em um banco de dados.
Com os dados organizados, é possível definir os indicadores a serem analisados e como serão calculados. Para essa etapa, é importante que o negócio tenha bem definido quais perguntas quer responder.
E por fim, a etapa de visualização pode ser criada com a ajuda de ferramentas de BI, como o Tableau. Nessa etapa é importante levar em consideração o objetivo do dashboard e seu nível estratégico. Por exemplo, dashboards gerenciais têm foco em reportar KPIs relevantes, enquanto dashboards operacionais são mais voltados para o monitoramento de uma operação.
Impacto no Negócio
Vejamos exemplos de como o BI contribui para as organizações:
- Identificando outliers, sejam erros em uma linha de produção ou oportunidades na área de compras
- Monitorando um indicador, seja identificando uma tendência a seguir ou uma campanha que não teve o resultado esperado
- Comparando histórico, mostrando sazonalidade de um produto
- Categorizando informações, definindo perfil dos clientes
- Facilitando a tomada de decisões com base em dados, e não suposições
Legal! Até aqui compreendemos conceitos gerais de Business Intelligence (significado, níveis de decisão estratégica, processo macro e impacto no negócio).
Agora, onde a pessoa UX Designer se encaixa nisso tudo?
É importante mencionar que, no geral, a principal missão deste profissional é proporcionar uma excelente experiência para aqueles que consomem um determinado produto ou serviço digital por meio de um conjunto de métodos, estratégias e ferramentas, garantindo utilidade, usabilidade, estética, desempenho, acessibilidade e outras métricas de sucesso.
Aqui no Grupo Boticário, o time de UX dedicado à BI utiliza o famoso Double Diamond, metodologia proveniente do Design Thinking. O objetivo deste framework é mapear os estágios divergentes e convergentes dentro de um processo, com a intenção de encontrar uma solução real e assertiva em relação ao problema. Entretanto, a lógica deste processo não é limitante como uma receita de bolo, ele é cíclico.
Vejamos cada etapa:
1- Descoberta
Pesquisa Qualitativa
No início de todo projeto, a Entrevista de Profundidade é utilizada como método para entendermos o cenário geral, mapeando dores e necessidades de negócio, seguindo um roteiro semiestruturado de perguntas. Exemplo:
Nome, posição atual, papel e responsabilidade, nível de alfabetização de dados (leitura e interpretação), decisões que precisam ser tomadas diariamente etc.
2- Definição
Canvas de Negócio
Tendo as primeiras informações consolidadas e sintetizadas, seguimos levantando informações de Usuário, Negócio e Métricas de Sucesso da solução junto a pessoa Owner ou Key User do projeto. Exemplo:
Usuário [personal final] Negócio [objetivo da solução, perguntas estratégicas que a solução precisa responder, indicadores, filtros/dimensões, OKRs ligadas a solução] Métricas de Sucesso [impactos qualitativos e quantitativos].
Visão da Solução
Também é a etapa onde definimos a Visão da Solução. Exemplo:
Para [persona final] Cujo [problema a ser resolvido] O [nome da solução] É um(a) [categoria da solução] Que [benefícios chave] Diferentemente da(o) [concorrência] A solução atual [diferenciais chave].
3- Desenvolvimento
Após respondermos “O que queremos resolver?”, é o momento onde pensamos e esquematizamos todas as possíveis soluções para o problema levantado no início.
Baseado em evidências, dados e coleta de materiais de referência, como relatórios, apresentações e planilhas, damos início ao esboço da solução e protótipo de alta fidelidade seguindo as melhores práticas de Visualização de Dados e Information Design.
4- Entrega
Chegamos na última etapa? Não exatamente.
A entrega consiste em concluir o ciclo do Double Diamond, realizando a validação da solução desenvolvida, colhendo feedbacks, repassando os materiais essenciais ao time de desenvolvimento, acompanhando toda a implementação e go-live.
Como este processo não é linear, isso significa que o trabalho pode estar apenas começando e necessitando de novos processos, procurando divergir e convergir para manter a melhoria contínua.
Bônus
Livros
Information Dashboard Design — Stephen Few
Storytelling com Dados — Cole Nussbaumer Knaflic
The Visual Display of Quantitative Information — Edward Tufte
Artigos & Complementos
Conclusão
Stephen Few afirma: “Vivemos na Era dos Dados, obcecados com a produção, coleta, armazenamento, disseminação e monetização dos dados digitais. Mas dados, por si só, não tem valor. Dados só ganham valor quando fazem sentido”.
Edward Tufte reitera: “Bons gráficos consistem em ideias complexas expressas de forma clara, com precisão e eficiência”.
De fato, ter uma pessoa UX Designer dedicada em projetos de Dados é fundamental! Agora, quais são as contribuições deste profissional em uma área totalmente analítica? Bem, os principais fatores são: Entregando um Storytelling com Dados mais eficaz, baseado em princípios de Visualização de Dados e Information Design, propiciando aos usuários assertividade nos processos de decisão; Garantindo padronização e consistência visual nas interfaces, aumentando performance e aderência; Criando e mantendo uma biblioteca de componentes atualizada, facilitando o trabalho do time de desenvolvimento, entre outros ganhos qualitativos e quantitativos.
Habilidades comportamentais também são fatores positivos (e indispensáveis), dado que um bom profissional de Design de Experiência precisa ter e desenvolver diariamente a empatia, resiliência e pensamento crítico.
Encerro aqui agradecendo o time de UX dedicado à BI do Grupo Boticário. Camilo e Marcos, seria desigual da minha parte não citá-los. Obrigado! 💪🏼
Referências
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