O plano de formação de uma direção local

GBU Portugal
Por Linhas Tortas
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4 min readJun 7, 2017

Para explicar uma direção local a quem não a conhece, dizemos que são os estudantes que dirigem o grupo local, encarregues de definir as linhas gerais que o grupo segue ao longo de um ano.

Mas planear um ano de atividades é só parte de um processo que fomenta crescimento em várias áreas da vida dos estudantes, desde a relação com Deus à gestão financeira. “A direção tem como função refletir e absorver a missão e visão do GBU”, diz o Pedro Fonseca, assessor do GBU Porto. “Ao planearem e coordenarem as atividades durante o ano, os estudantes garantem que elas refletem e incorporam essa visão e missão.” Isto—representar a missão do GBU—pode parecer assustador. Mas como tudo desde o início da vida cristã, não envolve nada que os estudantes tenham de fazer por esforço próprio. “É normal começarem funções com medo de não terem capacidade para liderar outros estudantes”, diz o Joe Clarke, assessor de Coimbra, “mas, por causa disso, dependem mais de Deus”.

Direção local do GBU Porto (2016–17)

Uma das coisas que os estudantes aprendem é “a relacionar-se e a trabalhar com pessoas com personalidades e dons diferentes.” No GBU Lisboa há até um lema que encapsula esta ideia de um esforço que não parte só deles próprios: “mais do que tu podes fazer pelo cargo, é o que o cargo faz em ti”. Para a Emily Lange, assessora de Lisboa, a direção é, primeiro que tudo, “um grupo de discípulos universitários que caminha em conjunto durante o ano”, e só depois “uma equipa de trabalho que pensa a vida do GBU Lisboa em termos de visão e atividades.”

O que são estas atividades? Dependendo do grupo local, incluem decidir um tema anual, decidir os temas das plenárias (i.e., os temas que serão debatidos na universidade), organizar eventos evangelísticos, e orientar, promover e motivar os núcleos—os grupos de conversa e estudo da Bíblia nas faculdades. Inclui toda a logística de contactar oradores e locais, desenhar cartazes, manter a comunicação ativa nas redes sociais e marcar e planificar reuniões. “Cada estudante tem oportunidade de desenvolver competências práticas, em particular relativamente ao cargo que ocupa”, diz o Pedro. “O presidente do grupo local tem de preparar e dirigir cerca de 10 reuniões de direção num ano letivo. Isso implica definir prioridades, gerir o tempo das discussões e conduzir o grupo para uma decisão final. O tesoureiro mantém as contas em dia e dá indicações sobre como usar os fundos.”

Última plenária do GBU Lisboa, com jantar incluido (junho, 2017)

Ao mesmo tempo que estas competências são exercitadas, são ligadas ao ensino bíblico. “Queremos que todos os estudantes pensem no que a Bíblia diz sobre a sua função naquele cargo em particular”. Para o tesoureiro, isso envolve gestão financeira e generosidade; para o vogal de proclamação e serviço, o que a Bíblia diz sobre estas duas comissões e como estabelecer a ponte entre Bíblia e cultura; para o presidente, o que a Bíblia ensina sobre liderança.

A Priscila Nicolau, presidente do GBU Lisboa, fez um apanhado de um ano a trabalhar em conjunto com os membros da direção no seu discurso de finalista: “a Patrícia estará na Direção Nacional para o ano, a Sara tem aprendido a dar a sua opinião sem medo, o Gonçalo sobreviveu a seis raparigas e a Ana nunca chegou a andar à batatada com a Inês, apesar de às vezes parecer. Quando me perguntam qual o topo que vejo de carreira, eu respondo que gostava de pelo menos chegar a gerir uma equipa. Acho que comecei pelo topo. Foi um ano a gerir personalidades, expectativas, ideias diversas, tempo que muitas vezes é escasso. Foi um ano e pêras.”

Direção local do GBU Coimbra (2016–17)

Isto acontece por causa do que o trabalho exige, fortalecendo não só competências práticas mas a relação dos estudantes com os outros e com Deus. “Estar numa direção local é, antes de tudo, estar intencionalmente numa pequena comunidade de discípulos de Cristo na universidade”, diz o Pedro. “É nesse sentido que queremos, acima de tudo, que os estudantes cresçam. Por isso, estudamos a Bíblia juntos, oramos uns pelos outros, partilhamos a nossa vida e convivemos regularmente para estreitar laços de amizade e espirituais. E é bom chegar ao final de um ano e ver que os estudantes da direção cresceram na sua relação com Deus, na paixão e compreensão da Bíblia e na relação entre ela e o seu dia-a-dia na universidade.”

Não quer dizer que tudo corra sempre bem. O modelo de formação do GBU significa que os estudantes têm ampla margem de manobra para experimentar e cometer erros. “Eu faria coisas de forma diferente, algumas muito mais rapidamente, mas muito menos ricas. Não é o mais eficiente, mas é o mais bíblico”, diz a Emily. O Joe é mais sucinto: “Os assessores servem para apoiar a direção, mas é a direção que decide o que acontece. Eles podem tomar boas decisões, ou más decisões.” Mas o crescimento que sai daqui “é uma parte muito gira do trabalho de assessor”.

Este ano de formação é, portanto, o exemplo de um ano de missão integral.

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