O Partido Comunista Português

Redação Geringonça Pt-Br
Geringonça Pt-Br
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2 min readMay 14, 2018

O Partido Comunista Português foi fundado em 1921 por militantes oriundos das fileiras do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindicalismo, como um braço da Internacional Comunista, a organização patrocinada pela União Soviética para reunir as siglas comunistas ao redor do mundo.

O PCP teve uma atuação normal por apenas cinco anos, uma vez que o golpe militar de 1926, que instituiu a ditadura que viria a se transformar no Estado Novo, colocou a sigla na ilegalidade.

Mesmo como partido clandestino, o PCP manteve sua atuação, que foi duramente reprimida pelas polícias políticas portuguesas durante o regime de Antônio Oliveira Salazar.

Militantes importantes do partido, como o artista plástico José Dias Coelho, foram mortos pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), órgão de repressão do regime salazarista. Outros, como o escritor Álvaro Cunhal, passaram anos presos e sob tortura.

Com a Revolução dos Cravos, que encerrou o regime, o PCP se tornou uma importante peça na política portuguesa. Integrou alguns dos governos provisórios que se seguiram à derrubada do Estado Novo, em 1974, e, entre 1976 e 1987, se postou como a terceira ou quarta força da política local, amealhando entre 12% e 18% dos votos.

Álvaro Cunhal, por exemplo, foi ministro sem pasta nos quatro primeiros governos provisórios da Terceira República Portuguesa. Intelectual e ativista destacado, Cunhal teve papel proeminente no mundo comunista. Nos anos 1970, foi um crítico duro do chamado eurocomunismo, ideologia que pregava uma espécie de terceira via entre a social-democracia e os regimes comunistas. Para Cunhal, tratava-se de uma “moda que passará” — diagnóstico que se provou acertado.

Em 1986, Cunhal também se destacou ao se oferecer para intermediar o conflito entre os partidos comunistas da então União Soviética e da China. Houve uma aproximação após sua iniciativa, mas a unificação do movimento comunista jamais chegou ao fim.

De 1987 para cá, o PCP passou a disputar as eleições legislativas sob o manto da Coligação Democrática Unitária (CDU), uma coalizão com o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) e se mantém como terceiro ou quarto partido mais votado nos pleitos, a depender das outras coligações.

Desde a queda do Muro de Berlim, no entanto, o PCP não consegue passar da marca dos 10% de votos nas eleições legislativas. No último pleito, em 2015, o partido, com 8,25% dos votos, pela primeira vez ficou atrás do Bloco de Esquerda (10,19%), uma outra sigla à esquerda do Partido Socialista, o principal do campo progressista português.

Ainda assim, o PCP é o partido comunista de maior sucesso eleitoral na Europa e continua sendo bastante popular. Anualmente, sempre na primeira semana de setembro, o partido reúne cerca de 200 mil pessoas em Seixal, nas cercanias de Lisboa, para a Festa do Avante!, que há quase 40 anos promove uma confraternização que combina cultura e política.

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