Achievements da vida real

Achievments, sabe? Sim, os de video-game

Pode parecer bobagem. Talvez seja.

Primeiramente, vocês precisam entender de onde eles vieram e pra que servem. Depois disso, explico como isso mudou a minha vida e pode mudar a sua.

Você pode conhecer eles como badges. Ou quem sabe trophys. Ou medals, awards, enfim. Esses são os achievements. Eles são como metas. Você nem sempre sabe que as está cumprindo mas é sempre legal ter um troféu. Mesmo que seja um troféu virtual.

Mas acredite, os achievements nem sempre foram troféus virtuais. Na década de 80, na era do Atari 2600, a Activision — famosa por Tony Hawk, Call of Duty — foi a percursora nesse negócio de medalhas. Mas elas eram diferentes. Nessa época, para você receber um achievement dos jogos da produtora, era preciso enviar uma foto da sua pontuação no jogo. Por correio. Sim, uma foto por correio! Vocês imaginam isso acontecendo nos dias de hoje?

Voltando. Depois de você enviar essa cartinha e esperar algumas semanas, você recebia em casa um Patch. Tipo aqueles de escoteiro, saca?

Cada jogo tinha seus próprios patches. Assim como os de hoje em dia. De uma maneira palpável, claro.

Outras coisas legais sobre essa época: você também recebia uma carta de agradecimento pelo serviço prestado. E você poderia fazer parte de clubes honorários. Por exemplo: se você marcar um score de 3.800 pontos na primeira fase de Starmaster, você iria passar a fazer parte da “Order of the Supreme Starmaster”.

Isso tudo era pra você se manter motivado. Vamos falar disso mais tarde.

Agora você já sabe da onde eles vieram. E, mesmo que você não seja um gamer assíduo, sabe como eles funcionam na Xbox Live, PSN ou Steam. Então, vou te contar para que eles servem.

Em suma: eles são pequenas medalhas— que podem ou não estar relacionadas com a evolução do jogo — que você vai ganhando durante o gameplay. Além disso, são uma maneira de te manter fidelizado ao título, fazendo com que o jogador não queira apenas fazer o Story Mode, mas explorar todo o mapa, descobrir todos os segredos escondidos no mapa.

O que os achievements são na verdade: pequenas doses de dopamina sendo liberadas para o seu cérebro. E o que acontece com essa dopamina? Simplificando: te mantém viciado. Não somente no jogo, mas em abrir todo e qualquer fucking achievement no maldito game.

Vamos do início.

Eu nunca fui o tipo de pessoa que gosta de completar os jogos 100%. Lembro bem do primeiro jogo que isso era muito claro pra mim. GTA Vice City. Até porque, no menu de estatísticas, aparecia o quanto você tinha completado. Eu, normalmente, acabava o jogo em uns 60%. Não me fazia diferença nenhuma todo o resto, eu jogava pela história. E para atropelar motoqueiros. E qualquer outra coisa que aparecesse na minha frente.

Em 2013, eu comprei o Assassins Creed: Black Flag. Resumindo o jogo: você é um pirata. Isso torna tudo mais legal. Ir até uma ilhazinha de merda, no meio do nada, se tornava mais interessante por você poder ir de barco. E, no meio do caminho, afundar um ou dois navios.

Prometo que tudo isso vai fazer sentido

O que aconteceu? Exatamente, fiquei viciado nisso. Quero fazer 100% em todos os jogos. To-dos. E não só em jogos. Você já vai entender.

E como isso afetou a minha vida: eu passei a dar maior importância para pequenos elogios, pequenos reconhecimentos que a gente, normalmente, nem dá bola.

Depois de notar isso, o que eu fiz: puxei pra minha vida. Estabeleci pequenas metas. Normalmente para coisas de trabalho. Eu faço uma lista de coisas que quero ou preciso fazer e, a medida que vou completando os trabalhos, vou riscando elas da lista. Parece simples. E é.

Pode não ser exatamente um troféu, mas é uma meta que eu bati. É uma dose de dopamina que contagia o meu corpo. Que nem os trophys que você ganha na PSN. Ou os achievements que eu abro na Xbox Live. Só que riscados de um papel com uma caneta.

Lembra da motivação? Agora temos. Quando batemos uma meta, por menor que ela seja, nos sentimos motivados, felizes.

Pode ser uma loucura minha? Pode. Talvez seja. Mas se funciona comigo, por que não funcionaria com você?

Ilustrações por Henrique Ibaldo.

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Bruno Ritzel
Ghost Writers

Meu avatar não é uma imagem meramente ilustrativa. Dizem que eu escrevo no @LiztBR