Eu não tenho sonhos

E não tem nada de errado nisso

Outro dia me peguei respondendo um questionário de rotina do RH que continha a seguinte pergunta:

Qual o seu maior sonho?

Não sabia o que responder.

Filmes, livros, artigos, e até textos aqui no Medium. Muitos dizem para seguirmos nossos sonhos.

Eu tenho um problema em relação a isso. Eu não tenho sonhos. Juro. Compreendo quem tenha, quem os persiga. Acho bonito. Não é o meu caso.

Tenho vontades, objetivos, coisas que eu quero muito fazer. Nenhuma delas eu chamaria de sonho.

Eu quero, um dia, fazer uma viagem pela costa da América Latina de moto. Uma Harley, de preferência. Mas, de forma alguma, eu não consigo chamar isso de sonho.

Eu quero viajar pela Europa. América do Norte, comer uma costelinha em Kansas. Eu quero isso. São minhas vontades, desejos. Não sonhos.

Sonho parece ser algo quase inatingível pra mim.

Ser jogador de futebol. Isso eu chamaria de sonho. Tenho 24 anos, peso mais de 100kg. É algo semi-impossível. Isso eu poderia chamar de sonho.

Vocês estão me entendendo?

Acho que fomos tão condicionados a ter um grande sonho. Ó, magnífico sonho. O sonho da minha vida. Quantas vezes já ouvimos isso, “o sonho da minha vida é ___” ?

Muitas, né.

Sonho, pra mim, é algo fora do comum, realmente difícil de ser alcançado. Algo que necessite um esforço sobre-humano, dedicação, vontade.

Pra um ator, um Oscar.

Pra uma criança, ser jogador de futebol.

Para um pacifista, a paz mundial. Entendem?

Claro, esse é o meu conceito de sonho.

Para você ou algum conhecido, coisas mais simplórias são sonhos válidos. Não que, pra mim, eles não sejam válidos, longe disso.

Talvez eu queira dizer para sonharem mais alto. Não sei.

Enquanto isso, fico aqui com o meu ceticismo. Quem sabe eu encontro um sonho logo. Ou não. Não vou me sentir frustrado com isso. Ninguém deve.

Talvez eu seja cético demais mesmo.

As pessoas sonham em voar, eu prefiro ir de avião.

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