A maturidade do Bayern dentro do próprio jogo abriu caminho para a goleada

Lukas
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5 min readOct 2, 2019

Ontem (01), o Bayern registrou um histórico 7x2 dentro do Tottenham Hotspur Stadium. Um jogo cheio de momentos diferentes para ambas as partes, com boa quantidade de minutos de equilíbrio, mas a forma como o Bayern lidou com seus próprios erros permitiu ao time crescer e então atropelar.

Foto: Reprodução/Twitter @ FCBayern . O HOMEM DO JOGO.

As escalações

Foto: Reprodução/SofaScore (link)

Kovač certamente surpreendeu muitos com a escalação. No XI inicial, Thiago deu vaga à Tolisso e, sem Lucas Hernández, Boateng recebeu a confiança de iniciar a partida. E ambas as escolhas tiveram enorme peso, principalmente na primeira etapa. Do outro lado, Eriksen iniciou como substituto e é até justificável devido às suas últimas atuações.

Primeiro tempo

Não há melhor palavra para descrever a primeira etapa do que alucinante. O termo é preciso em descrever o que foi Tottenham x Bayern em seus 45 minutos iniciais.

Ambas propostas para levar ao erro tinham como base a marcação pressão, sendo a do Spurs um pouco mais agressiva. E, enquanto o Tottenham teve fôlego (mais de 30 minutos até) para manter esse tipo de estratégia, o Bayern suou para realizar a saída de bola. Por vezes, bem sucedida, já em outras ocasiões, a posse voltou ao time londrino.

Zonas de pressão do Tottenham. E não foram poucas, sempre procurando diminuir as linhas de passe e força o erro adversário. Na parte de baixo da imagem, vemos um jogador do Bayern aberto, que buscava gerar possibilidades de inversão de jogo. Acelerar a saída de bola também foi alternativa para o Bayern.

Três fatores foram cruciais para causar problemas ao Bayern: recomposição no lado esquerdo da defesa; Harry Kane muito ativo e inteligente para retirar os zagueiros do Bayern da área, gerando assim espaço; e, por fim, a velocidade e capacidade de ser agudo do sul-coreano Son.

Um detalhe sobre a recomposição no lado esquerdo da defesa do Bayern é que esse tem sido um problema recorrente do nosso time até o momento. Por ali já jogaram Alaba, Davies, Perišić, Coman, Gnabry e Lucas Hernández. Logicamente, cada um em suas respectivas posições (ponta-esquerda e lateral-esquerdo). Além de contarem com o auxílio dos meio-campistas e zagueiros que cobrem a faixa esquerda também. E, mesmo assim, foram poucos os jogos que não fomos explorados por essa ala. No jogo de ontem, tudo voltou a acontecer. Alaba, Tolisso (que fez um péssimo primeiro tempo na defesa), Boateng e Gnabry sofreram na primeira metade.

Acima, três situações. Lançamento para Kane nas costas da defesa mal-posicionada, Boateng fora da linha defensiva e recomposição ao lado esquerdo inexistente. Vale ressaltar que nesse lance Kane tirou Neuer do lance e Alaba salvou a finalização.

As movimentações de Kane e Son, além de alguns raros lances de um Dele Alli novamente discreto, formaram combinações suficientes para gerar volume e ataques perigosos. A linha defensiva do Bayern, muitas vezes alta, foi alvo de lançamentos, principalmente para Son, que rapidamente usava o espaço livre para tentar o gol.

Nesse lance, o sul-coreano escorregou antes do domínio. Mas, ainda assim, essa foi uma situação que ilustrou bem essa estratégia do Tottenham.

Em resposta, os comandados de Niko buscavam encontrar a saída de bola ideal. Acelerando quando necessário e trocando passes para encontrar campo aberto. E boa parte dos ataques bávaros partiram dessa origem, inclusive o gol de empate.

Acima, lances em sequência (origem do gol de empate). Na primeira, vemos que o Tottenham, mesmo quando o Bayern saía da pressão mais alta, buscava morder e incomodar para não deixar o Bayern ganhar terreno. Na segunda, vemos duas coisas: exploração das costas do lateral do Spurs (fator ainda mais determinante na segunda etapa) e movimentações centrais de Gnabry, muito comuns nas partidas do Bayern.

Conforme o tempo passou, já depois dos 30 minutos, o Bayern finalmente conseguiu aplicar sua forma de jogar: posse no campo ofensivo em busca de volume de jogo. E partiu desse princípio para virar a partida.

Segundo tempo

O vestiário fez bem ao Bayern. Embora o Tottenham tenha tentado impor nos minutos iniciais o mesmo ritmo que ditou boa parte da primeira etapa, dessa vez o Gigante Alemão soube executar melhor as respostas. As substituições do Kovač e maturidade do Bayern em corrigir os erros do 1ºt no 2ºt foram essenciais para a volta do rolo compressor bávaro.

A equipe de Munique voltou a se equilibrar na saída de bola após a entrada de Thiago, Tolisso foi outro jogador no segundo tempo, ativo na defesa e no ataque, antecipando e criando com mais eficiência.

O meio-campo do Tottenham não conseguiu se impor, além do Son não ter tido o mesmo rendimento, principalmente por sua mudança de posicionamento, que tirou sua grande liberdade de movimentação. Nenhum dos três meias titulares (Sissoko, Winks e Ndombélé) fez grande segundo tempo. Não foram efetivos no ataque, em pressionar e ocupar espaços (como fizeram bem no primeiro tempo, principalmente Sissoko e Ndombélé), tampouco fizeram grande papel de recomposição. Coutinho conseguiu encontrar nessas falhas os espaços para acelerar e achar passes; Lewandowski movimentou-se bastante, conseguiu dialogar com os companheiros de time e tudo isso gerou volume; Gnabry flutuou desde as costas do lateral até o meio (ele tem conseguido ocupar bem a faixa central conforme ocorrem as movimentações de Lewy), contando com zonas falhas de proteção e soube puni-los por isso. Decisivo em situações de mano a mano, em explorar espaços e atacar. Serge Gnabry foi ativo e certeiro. Partida fantástica, atuação histórica e QUATRO gols em uma noite memorável em Londres. Por outro lado, Coman não fez um bom jogo.

Aqui, Pavard tem a posse. O Tottenham tenta encurralar, mas o Bayern é preciso em aproximar e acelerar os passes. Tabelas feitas e Gnabry recebe nas costas do lateral com toda a zona laranja livre (lance do 3º gol).
Foto: Reprodução/SofaScore (link) | Aqui, mapas de calor de Gnabry e Lewandowski. Muitas movimentações para fora de suas posições principais, o que ajudou a gerar novos passes e pontos de fuga das pressões do Tottenham.

O jogo voltou a ganhar outra tônica quando o Tottenham diminuiu para 4x2. Neuer (que salvou o Bayern várias vezes) apareceu novamente. Os comandados de Pochettino tentavam acelerar e atacar, enquanto o Bayern procurava impor a posse no campo de ataque. Praticamente um jogo de xadrez. Até que os erros do Tottenham ficaram escancarados novamente e o Bayern liquidou o duelo. 7x2! Partida memorável e que trás confiança para toda a equipe.

Infelizmente lesões voltaram a acontecer e por isso Alaba e Boateng foram substituídos ao longo do jogo.

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