Goleada sobre o Mainz: os caminhos encontrados em meio a uma defesa compacta

Lukas
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5 min readSep 1, 2019

Ontem (31), o Bayern goleou o Mainz 05 por 6x1, dentro da Allianz Arena, e venceu a segunda consecutiva nesta Bundesliga. Boëtius abriu placar para os visitantes, enquanto Pavard, Alaba, Perišić, Coman, Lewandowski e Davies marcaram para o time da casa.

Foto: Reprodução/Twitter @ FCBayern

Confira os gols da partida:

Vídeo: Reprodução/YouTube FoxSoccer

Agora vamos aos principais pontos de análise.

As escalações

Foto: Reprodução/SofaScore

Primeiro tempo

Niko Kovač novamente optou por utilizar Kimmich no meio-campo, mesmo com a volta de Goretzka e Tolisso também disponível. Com a presença de Coutinho no XI inicial, o time funcionou em um 4–2–3–1, embora sujeito a variações. A liberdade de movimentação para o brasileiro possibilitou alternativas diferentes, seja com ele caindo pelo lado esquerdo do meio, enquanto Thiago ocupava a faixa semelhante do outro lado, ou movimentando-se a frente da dupla Thiago-Kimmich, para já receber em posição mais avançada.

As movimentações de Coutinho tornaram o esquema do Bayern flexível.

Porém, um fator foi crucial para dificultar a criatividade do Bayern durante os primeiros vinte minutos (principalmente): o comprometimento e compactação do Mainz no momento defensivo.

Cenário comum durante a primeira meia-hora de jogo: Coutinho preso nas linhas compactas do Mainz, sem que Thiago e Kimmich conseguissem acioná-lo com facilidade. Isso travou muitos ataques.

Na maior tempo em que esteve na defesa, usando o 4–4–2, o time de Sandro Schwarz procurou incomodar ao máximo a saída de bola do Bayern — este, por sua vez, utilizou na maior parte do tempo uma linha de quatro atrás, optando menos pela linha de três vista no jogo vs. Schalke.

Situação comum durante a maior parte do jogo: jogadores do Mainz extremamente dedicados em dificultar a saída de bola do Bayern. Com um bloco em altura média dentro de campo, procurou dar menos liberdade para os zagueiros acharem linhas de passe fáceis.

Essa compactação já citada, feita pelo adversário, tornou a posse de bola do Bayern inútil. Com Coutinho preso na entrelinha pela proximidade e densidade das linhas oponentes, sem que Thiago e Kimmich conseguissem achá-lo, além da fraca contribuição inicial de Perišić e Coman, a equipe do Kovač foi previsível.

Já na parte defensiva, utilizando bastante o 4–1–4–1, o Bayern foi sólido e seguro na maior parte da primeira etapa, com pressões na saída de bola do Mainz. Entretanto, o lado esquerdo da defesa sofreu com a falta de proteção necessária em mais de uma oportunidade durante o jogo inteiro e por ali foram criados os principais ataques do Mainz, inclusive o gol. Seja por Alaba distante, ou Perišić atrasado na recomposição, esse setor foi nosso calcanhar de Aquiles na partida.

O lance do gol: lado esquerdo desprotegido. Recomposição atrasada e Alaba centralizado permitiram um corredor livre.
Falha da defesa do Bayern no lance do gol: além do lado esquerdo (por onde vem a assistência) estar desprotegido no início da jogada, dentro da área o sistema falhou. Lucas e Süle estavam com um jogador e não alcançaram a bola, mas principalmente Pavard, que realizava a marcação individual, foi facilmente antecipado.
Algo muito comum também visto nas partidas anteriores: Bayern se posiciona muito próximo, com alta densidade, em ataques já próximos da sua área. Praticamente forma um muro defensivo e diminui os espaços nas entrelinhas, apesar disso proporcionar espaços laterais.

Para reverter o placar, o Bayern se reencontrou dentro do que tinha em campo. Coutinho passou a atuar mais tempo fora das entrelinhas baixas do Mainz, procurou movimentar-se para receber um pouco mais atrás e isso deu mais velocidade e oportunidades de ataque.

Fator crucial para a mudança no jogo do Bayern: Coutinho passou a sair mais das entrelinhas do Mainz; isso permitiu um maior diálogo ente ele, Kimmich e Thiago; os ataques passaram a fluir melhor e trouxe mais velocidade.

A melhora de Perišić (bem posicionado para atacar espaços) e Coman começou a aumentar o volume ofensivo. E, com o uso da amplitude, o Bayern achou espaços laterais fora do bloco defensivo adversário, corredores livres para aprofundar e atacar. Assim veio o gol de empate.

Em meio a entrelinhas adversárias sem espaço utilizável, a alta amplitude encontrada ao abrir jogadores tornou possível achar corredores livres para criar. Perišić, inclusive, nem aprece na imagem, por já ter aprofundado e aberto o suficiente para gerar a oportunidade. Ter jogadores de defesa com capacidade de lançamento ajuda muito.

Ao fim do 1º tempo, o Bayern já vencia por 2x1. Um primeiro tempo que precisou de paciência e estudo para os caminhos serem encontrados. Vale salientar que Perišić e Pavard deixaram muito a desejar.

Segundo tempo

A parte final começou no mesmo ritmo do fim da etapa anterior; com os caminhos já descobertos e o placar favorável, o time de Niko somente explorou pouco a pouco as fragilidades encontradas e conseguiu ser mais criativo.

Um fator tem sido de extrema importância nesse início de temporada, por estar sendo bem executado, e poderá ser crucial para o que enfrentaremos: capacidade de rápida recuperação pós-perda. A noção de cobrir os espaços e evitar contra-ataques ainda no campo ofensivo tem possibilidade ao Bayern responder com o adversário “desprotegido”.

Niko usou em alguns momentos a linha de três para saída de bola, chegou a inverter Perišić e Coman, mas a estrutura padrão seguiu a mesma. Os dois últimos citados, juntos a Pavard, melhoraram consideravelmente ao longo do duelo. As entradas de Müller e Davies trouxeram novo fôlego a um time que ainda queria mais. Atuando na posição em que sempre rendeu mais, como um meia bastante avançado, que recebe já no terço final, Müller foi fatal. Atacando os espaços, levou bastante perigo ao Mainz e assim distribuiu duas assistências em 14 minutos, uma delas para o gol de Davies.

Atacar espaços vazios e muita movimentação: essa sempre foi a melhor versão do Müller. E, mesmo não sendo mais aquele Thomas de antes, certamente terá enorme contribuição ao longo da temporada se atuar nesse posicionamento sempre que estiver em campo.

No final, Cuisance entrou no lugar de Thiago, para tentar desempenhar um papel semelhante. Jogou apenas 12 minutos e não comprometeu.

No geral, uma boa partida ao meu ver. O time conseguiu superar as dificuldades impostas pelo adversário e soube explorar bem a partir disso. Entretanto, não podemos tirar muitas conclusões sólidas ainda; o tempo e os adversários enfrentados dirão quando. As boas partidas de Hernández e Kimmich merecem destaque. Este último, apesar de já ter provado seu potencial para desempenhar diferentes funções (e bem!!!!), faz falta ao time na lateral, não só por ser o melhor lateral do mundo (para muitos), mas também por Pavard não ser um lateral tão agudo e pela contribuição ofensiva que Joshua faz pela direita, longe das responsabilidades de um meio-campista. A janela está prestes a fechar e um “6” dificilmente virá. Espero que Tolisso, Martínez e Goretzka sejam as escolhas do Niko para jogar ao lado do Thiago.

Foto: Reprodução/SofaScore
Foto: Reprodução/SofaScore

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