Já não mais uma solução temporária

Lukas
gigante-da-baviera
Published in
4 min readApr 6, 2020

Na última sexta-feira (3) o Bayern anunciou, através das redes sociais e site oficial do clube, a efetivação de Hansi Flick no comando do clube, com contrato válido até 2023. Talvez alguns meses atrás isso pudesse parecer uma decisão precipitada, mas nas condições atuais reflete a satisfação por parte da torcida e direção do clube.

Foto: Reprodução/Twitter @ FCBayern | “O FC Bayern está muito satisfeito com o trabalho de Hansi Flick. A equipe se desenvolveu muito bem sob ele e está jogando um futebol atraente, o que também se reflete nos resultados”, disse Karl-Heinz Rummenigge.

A decisão já era um tanto esperada, principalmente devido ao fato do próprio Rummenigge, em cerimônia festiva oficial do clube, direcionar à Flick a seguinte expressão, logo após parabenizá-lo: “Para quem não sabe o que tem no pacote vermelho: é uma caneta. E, ocasionalmente, canetas são usadas para assinar documentos no FC Bayern”.

As dúvidas e o estabelecimento de um trabalho sólido

Após a saída de Heynckes em 2013 e passagem de sucesso de Guardiola — embora sem a conquista da Champions — , Carlo Ancelotti e Niko Kovač passaram pelo clube com momentos conturbados durante a trajetória, e ambos não cumpriram a duração total do contrato, enfrentando problemas em campo e, principalmente, de vestiário.

Logo então levantaram-se múltiplas especulações a respeito do futuro, com nomes como Mauricio Pochettino e Erik ten Hag circulando nas notícias e entre a torcida, ao passo que desconfiança também existia, devido ao receio de haver uma nova contratação precipitada.

Com o passar do tempo e o desenvolvimento das ideias de Flick tornando-se elemento sólido em campo, uma nova alternativa surgiu. Porém, ainda parecia cedo. Para muitos, inclusive para este que vos escreve, era fator contrário o peso de não ter tido uma grande sequência nos últimos anos como treinador principal (último cargo havia sido em 2005), e seria necessário um pouco mais de tempo antes de tomar uma decisão permanente.

Porém, ao decorrer dos meses, apenas a certeza de que seria o correto efetivá-lo cresceu. A quantidade de conhecimento adquirido em todos esses anos, não somente como treinador, mas também como auxiliar — 111 jogos ao lado de Joachim Löw na Seleção Alemã — o deu bagagem para conseguir sucesso em tão pouco tempo. O que vimos em campo sustenta a escolha da diretoria. Um time sólido e variável taticamente; capaz de pressionar alto sem a bola (embora em alguns jogos soframos excessivamente com contragolpes perigosos devido à linha alta) mas também proteger bem a área em ataques trabalhados dos adversários; capacidade de gerar volume ofensivo e criar oportunidades; movimentações diversas; utilização do elenco jovem; recuperação de jogadores que sofreram declínio nos últimos anos; boa relação com o grupo de jogadores; criatividade em meio a falta de material humano; entre outras coisas. Como o próprio Rummenigge disse, é um futebol atraente.

Três tópicos importantes do último parágrafo que eu gostaria de destacar:

  • Utilização do elenco jovem: nos últimos anos, um dos grandes desafios dos comandos técnicos do Bayern tem sido o desenvolvimento de jogadores muito jovens; alguns sofreram com falta de espaço, outros com falta de confiança, mas Flick tem conseguido unir o útil ao agradável. Na atual temporada, nomes como Alphonso Davies e Joshua Zirkzee ganharam seus lugares no elenco. Vale ressaltar o desenvolvimento fantástico de Phonzie — que tem atuado como lateral-esquerdo — , que cresceu defensivamente e passa segurança e versatilidade na parte ofensiva e é, sem exagero algum, um dos três melhores laterais-esquerdos da temporada 2019/20.
  • Recuperação de veteranos em declínio: Jérôme Boateng e Thomas Müller passaram por fases complicadas nos últimos anos. Muitas foram as críticas. Porém, bastante coisa mudou desde a chegada de Hansi ao cargo de treinador. Boateng demonstra segurança na defesa novamente e Thomas está em um nível excepcional, um dos melhores da temporada em sua posição; são 16 assistências (lidera a Europa empatado com De Bruyne).
  • Criatividade em meio a falta de material humano: um velho filme passou novamente na temporada do Bayern: lesões. Mesmo quando pareciam escassas as soluções, Flick mostrou visão. Alaba atua como zagueiro e Alphonso Davies como lateral. Mudanças que mostraram-se capacitadas e trouxeram consistência ao time.

O Bayern lidera a Bundesliga, está indo muito bem na Champions League, é o segundo melhor ataque da Europa (atrás do City) e terceiro que mais finaliza (atrás de Atalanta e City); sob Flick, são 21 jogos, com 18 vitórias (85.71% de aproveitamento), 1 empate e 2 derrotas, com 67 gols marcados (3.19/jogo) e 14 sofridos (0.67/jogo); um rolo compressor.

Foto: Reprodução/Twitter @ FCBayern

No momento, são tempos de incertezas em meio à pandemia de coronavírus. Não sabemos quando a temporada irá voltar, nem como voltará. Muita coisa pode mudar até lá.

Sobre Flick, estou otimista. Acredito ser um passo corajoso da diretoria, porém seguro e acertado. Muito sucesso ao Flick e muito sucesso ao Bayern! #MiaSanMia

Obrigado à todos que chegaram até aqui! Sigam o @ bayerntatico no Twitter :)

Nota: os dados e estatísticas foram colhidos do WhoScored e Tranfermarkt.

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