Resultado confortável para um jogo confortável

Lukas
gigante-da-baviera
Published in
6 min readNov 11, 2019

Outro Der Klassiker na Allianz Arena, outra goleada. Em meio à turbulências recentes o Bayern encontrou o caminho para a vitória e muito tem origem na forma como a equipe conseguiu anular o adversário.

Foto: Reprodução/Twitter @ FCBayern

As escalações

Pelo lado mandante, Flick optou por manter a base da equipe que venceu o Olympiacos no meio de semana. Seu principal objetivo seria enfrentar um time de nível superior em relação ao último adversário para ter uma real ideia da capacidade da equipe escolhida sob seus treinamentos, inclusive descobrir os limites de uma dupla de zaga formada por Alaba e Martínez, que não são zagueiros de origem e seriam testados contra um ataque mais perigoso.

Para os aurinegros, uma grande oportunidade de crescer na Bundesliga — já que não fazem grande campanha — aproveitando-se do momento adversário. Favre não inventou e procurou manter a base com a qual tem trabalhado. A formação é semelhante a que aplicou grande virada sobre a Inter na última rodada de Champions League.

Foto: Reprodução/SofaScore (link)

As dificuldades impostas pelo Dortmund

A principal estratégia funcional do Dortmund, principalmente no primeiro tempo, foi sua fase defensiva organizada.

Com o uso de um 4–4–2 sem a bola, Hazard e Sancho (quando foi substituído, Guerreiro passou a fazer a função) voltavam para fechar a segunda linha, enquanto Götze e Brandt flutuavam na frente, com liberdade para pressionar as zonas de passe e incomodar a saída de bola.

Duas linhas do BVB pressionando moderadamente.

É uma forma de jogar bem comum à essa equipe comandada pelo Favre. Outro fator importante foi a compactação horizontal dessas linhas, o que dificultou a criatividade central do Bayern, já que este estava escalado com Müller e Goretzka, dois jogadores que encontram o seu melhor atacando os espaços, realizando projeções (lançar-se a frente para receber) e atuando na entrelinha (espaço entre as linhas).

Compactação do BVB dificulta jogo pelo meio. Bayern ou joga pelos lados ou é obrigado a recomeçar. Também é possível ver Goretzka e Müller presos na estrutura defensiva.

Essa estrutura forçou os mandantes a buscarem bastante (até de forma exagerada) as alas, pois Kimmich não achava os passes curtos na entrelinha e era forçado a buscar os lados do campo. E, embora Müller e Goretzka por vezes o ajudem a fazer esses passes (realizando aproximações), não são grandes distribuidores e, portanto, uma dependência dos pontas é criada.

Linhas de passe do Kimmich pelo meio congestionadas.

Ofensivamente, o Borussia teve dificuldade em criar oportunidades. Apesar de Sancho, Brandt e Hazard serem velozes e darem bastante mobilidade aos ataques, não funcionaram tão bem na partida de sábado. O trio ainda contava com Götze que, apesar de não ser um velocista, é criativo e buscava funcionar como um falso 9. Mesmo após as entradas de Reus e Alcácer, o time não foi agressivo o suficiente, e somou apenas duas finalizações ao longo de todo o jogo.

Ao realizar a entrada desses dois jogadores, Favre abriu mão da sua estrutura padrão, tornou a equipe mais ofensiva mas perdeu em saída de bola e foi ainda mais punido pelo Bayern. Embora o time tenha procurado explorar o lado defendido pelo Davies (47% dos ataques foram feitos por lá), ainda assim obteve pouca efetividade. Vale lembrar que Sancho jogou apenas 36 minutos e Hazard passou a jogar por lá depois.

Muito dessa pouca produtividade ofensiva do BVB passa pelo próximo assunto.

O comprometimento defensivo do Bayern

A defesa do Bayern vive uma temporada de instabilidade. Apesar do processo de renovação, a equipe acumula partidas sofridas devido ao desempenho defensivo. Até a rodada passada, eram 16 gols sofridos em apenas 10 jogos, média superior a um gol sofrido por jogo. Uma verdadeira peneira, com erros de estrutura e, principalmente, individuais.

Porém, sábado, foi possível ver uma entrega e maior organização. Kimmich, o homem à frente dos zagueiros esteve atento em cuidar dessa zona.

Movimentação defensiva comum do Kimmich; espaços entre a zaga e espaços em frente à ela ocupados foram cruciais para anular alguns ataques.

A defesa do Bayern impôs um 4–1–4–1, bastante propenso a realizar pressões altas, as quais se caracterizavam por diminuir as opções de passes fáceis. Quando a pressão era quebrada, o time de Flick buscava pressionar e cercar o adversário o máximo possível, com superioridade numérica (em pressões pós-perda também) e proximidade de várias direções, além de por vezes utilizar um bloco defensivo bastante baixo, com proteções à área.

Defesa do Bayern posicionada bem atrás.
Quantidade elevada de atletas do Bayern decidida a diminuir as opções do possuidor
Jogadores do Bayern pressionando alto enquanto Witzel disputa com Müller; as opções de passe curto praticamente nulas (embora nesse lance ele tenha conseguido um bom giro e achado um passe rasteiro para o lado esquerdo).

Soma-se isso à extrema preocupação em impedir que Weigl e Witzel recebessem com tranquilidade. Esse acumulado de estratégias levou o Dortmund a cometer muitos erros, perdas de bola excessivas e também em locais perigosos, ou seja, os atacantes do Borussia tiveram quantidade baixa de bolas limpas chegando aos seus domínios. E, conforme o passar do tempo, o Bayern encontrou as respostas para aumentar ainda mais o controle da partida.

As respostas do Bayern

Já foi falado parágrafos acima sobre a estrutura defensiva do Dortmund e o quanto isso levou o Bayern a jogar pelos lados.

Embora o Bayern acumule partidas com excessos de cruzamento, pelo menos dessa vez o time conseguiu obter um bom percentual de acertos, com 46% em 13 tentativas, enquanto que na partida contra o Olympiacos registrou 24% em 38 (TRINTA E OITO!!!!!!!!) cruzamentos.

A presença ofensiva do Bayern resultou em 13 finalizações de dentro da área. Uma estatística que também contribui para o controle do Bayern é o número de duelos vencidos: 60 para o Bayern contra 35 do Dortmund.

As características do Bayern de atacar pelos lados ativou não apenas Coman e Gnabry, mas também Thomas Müller. Com o meio congestionado, o alemão usou bem os espaços que surgiram dos lados, ajudando a criar superioridade numérica e perigo para os adversários. Registrou 3 passes decisivos e 2 assistências ao fim dos 90 minutos. Faltou o Goretzka realizar também um pouco desta leitura, principalmente enquanto o meio esteve congestionado.

Foto: Reprodução/Captura de tela/SofaScore (link) | Mapa de calor de Thomas mostra o quanto ele se posicionou e participou de ações laterais.

Muitas dessas jogadas bávaras surgiram dos espaços verticais, principalmente no lado defendido por Hakimi, onde Coman pintou e bordou. Por vezes, o Bayern optou por inversões de bola para achar essas oportunidades. A partir dessas características de imposição, o Bayern construiu o placar, administrou as vantagens com tranquilidade e soube vencer a partida com sobras.

Espaço horizontal gera espaço para Gnabry tentar abrir a defesa adversária.

Pontos finais

  • Nem tudo é positivo, entretanto. Existem adversários capazes de dificultar esse jogo lateral com os pontas, e que é de certa forma previsível. Para o Bayern é necessário ter alternativas. Mais triangulações? Usar um melhor passador para ajudar Kimmich no meio? São caminhos e devemos observar nos próximos jogos.
  • A atitude dos jogadores demonstra o quanto estão determinados agora, e isso só evidencia o quanto o clima esteve turbulento nas últimas semanas.
  • Alphonso Davies. O que falar desse rapaz? Parece crescer a cada partida e assumir a responsabilidade que lhe é dada, mesmo quando surgem as dificuldades. Tinha confiança da última equipe técnica e parece ter dessa também. O potencial é visível e, conforme sua leitura de posicionamento melhorar ao longo do tempo, poderá vir a ser a melhor escolha para a lateral esquerda do Bayern no futuro.
Foto: Reprodução/Captura de tela/SofaScore (link)

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Notas: os dados estatísticos foram colhidos de SofaScore e WhoScored.

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