CONFISSÃO

A minha nova postura

Ou resquícios da fobia social

Giovana Silvestri
Giovana Silvestri

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Ps. Escrito em 2018

Quem me conhece sabe que nos últimos meses algumas coisas desandaram na minha cabeça.

Comecei a fumar o dobro do que costumava e isso, e tantas outras coisas, me desgastaram.

Parecia que eu tinha submergido para uma sensação de ansiedade constante.

Desenvolvi fobia social e estresse pós-traumático que judiaram de mim por um mês intenso.

Como sempre: a terapia está me ajudando e hoje: estou mais em paz.

Depois de sentir umas facadas nas costas, comecei a me afastar de pessoas que sempre quis por perto.

Eu sentia tanta ansiedade, medo e angústia que não sabia lidar.

Se você me conheceu do meio do ano até agora sabe que eu sumo, te deixo falando sozinho ou simplesmente te bloqueio se ficar me chamando várias vezes por mensagem ou me ligar.

Eu peço perdão, mas eu estava doente e agora sinto mudanças.

E isso não significa que melhorei completamente e não te dou liberdade para me cobrar nada, nem mensagem, nem presença, nem forma de agir e nem nada.

A giovana de 2016/2017 era muito diferente: sempre tinha amigos ao seu redor, manteve dois relacionamentos abertos ao mesmo tempo, gostava e vivia saindo para conhecer pessoas, ouvir pessoas, sentir pessoas.

A fobia social me transformou no que eu mais julgava a pessoa que ignora, não corre atrás, não sai, não mantém contato e nem toma iniciativas.

A fobia social destruiu um pouco de mim, e claro: a ansiedade também.

Mas, agora, após sair (coisa que neguei muito fazer) e conversar de forma leve, gostava e espontânea, após quatro meses recusando, a todo custo, criar vínculos, hoje, após um bom tempo, não senti que foi algo forçado. Foi espontâneo.

Ao chegar em casa não tive crise de ansiedade, durante a festa não senti necessidade de fumar constantemente, não tive medo de ninguém e nem recusei assuntos.

A giovana de 2018 é muito diferente, mas com certeza melhor que a de 2017: tão ingênua, tão certa de tudo e tão imatura.

A giovana de 2019 enfrentará as pessoas de uma maneira muito mais segura, madura e leve.

De um jeito diferente.

Eu sou mais eu após meus “revorteios” mentais, porque, por mais que eu me perca muito e demore para achar uma direção, quando eu acho me situo num caminho bem melhor que o anterior.

Eu não era assim, mas agora sou: as vezes distante, as vezes sumida, as vezes te ignorando, mas uma hora ou outra, presente. Cada coisa no seu tempo.

E, quanto mais você pedir minha presença, mais eu não vou entregá-la.

Eu tenho um tempo para manter contato, conversar e ver as pessoas.

Meu tempo é quando.

É difícil entender que nem todos se relacionam como você e mais difícil entender que as pessoas não são erradas por isso.

Consigo lidar com você me dizendo o que faço (ou deixo de fazer) e o que você entende disso, mas por favor não misture as coisas.

Quer confundir tudo? Junte o que eu faço com o que você entende numa coisa só.

Entendo que não gosta da minha postura, mas me chamar de mulher frívola não resolve as coisas.

Observe sem julgar e ficaremos bem.

Mas, se minha atitude não lhe convém: eu não te convenho também.

Portanto, aceite: não há relação entre nós, e tudo bem não sermos amigos.

As vezes não se relacionar é melhor do que se amarrar a alguém que não segue teu ritmo.

Eu não sou errada por ter meu tempo e jeito de ser, você não é errado por isso, tudo está bem.

Eu estou melhorando, saindo mais, conversando mais e sem medos, sem ansiedade e sem um cigarro todo tempo na minha mão.

Eu estou no meu tempo que não é mais o imediato, nem o de amanhã, ou semana que vem, nem mês que vem.

É quando sinto brevemente vontade, é quando lembro esporadicamente, é quando quero porque quero e não porque você pediu.

É quando me sinto livre do estresse, do medo, da ansiedade e de muitas outras coisas que só pioram quando você me diz que estou errada sendo quem eu sou.

Errado é me culpar pelo meu jeito, sendo que ele é os vestígios da minha maior virtude: minha reconstrução, minha luta e minha saúde mental.

Entenda, eu mudei e foi para melhor.

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