CRÔNICA

O dia que The Ranch perdeu a graça

Ou o dia que eu perdi você.

Giovana Silvestri
Giovana Silvestri

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Eu não quero aceitar. Fiquei negando até agora, mas não da mais, você se foi e é isso que me resta agora: a sua falta.

Hoje assisti The Ranch como todos os outros dias desde que comecei e não esperava, mesmo, que um personagem tão querido fosse embora assim: sem rastros.

Saiu de uma cena como quem sai de casa para comprar cerveja só que, dessa vez, não voltou.

Esse texto tem sérios spoilers. Sobre The Ranch e sobre a minha vida. Então, se você não quer receber nenhum dos dois: pare por aqui. Se poupe da dor que eu estou sentido.

Hoje o texto poderia ter varias referência e piadas como os dois anteriores só que, se até a série conteve o riso por dois episódios, quem sou eu para fazer piadas em um momento como esse.

A questão não foi só a série. Eu perdi alguém também. Ele deve estar bem, mas hoje senti que o perdi de vez. A metáfora que vou fazer não me conforta, piora meu estado de tristeza.

Rooster -ou Galo- morreu em The Ranch. Sim, não tem mais graça, não porque o personagem comportava todo o humor da série -longe disso- mas sim porque toda vez que vejo aquele cenário, Rooster não estar lá, me deixa triste.

A metáfora que vou fazer é que hoje perdi o Rooster da minha vida. Sim, eu tinha uma pessoa que era muito parecida com ele e me fazia muito bem.

Paramos de nos falar faz uns meses e hoje, infelizmente, ele se foi da minha vida. Ele se foi de tudo que ele tocava. Ele se foi como Rooster se foi: saiu de uma cena como quem voltaria minutos depois e nunca mais vou vê-lo.

A morte é um prato pesado de domingo que me faz querer dormir.

Enfim…

Desculpa se não te amei o suficiente. Desculpa se não te ouvi o suficiente. Desculpa se tudo que fiz as vezes foi perde a cabeça contigo. Desculpa se minhas últimas palavras foram as piores. Desculpa por não te valorizar. Desculpa por ter menosprezar e as vezes ignorar.

Me desculpa.

Nada faz meu coração doer mais do que te perder da vida, essa sacana que hora ou outra rouba pessoas de nos. Nada me deixa chorando mais -e eu não chorava por dois anos- do que aceitar que você se foi.

Nunca mais te ver. Nunca mais rir das suas piadas. Nunca mais te sentir. Nunca mais. Nunca e nunca mais.

Eu sei que tudo tem um propósito, sentido ou direção, só que agora tudo que sinto é que nada vai me ajudar, nada vai me tirar desse buraco que foi te perder assim: sem a menor cerimônia.

O meu Rooster deve estar bem, agora, descansando, sorrindo em algum canto do cosmo. Mesmo sempre desejando a felicidade dele queria independente de mim, hoje eu queria que ele estivesse sorrindo aqui, do meu lado, fazendo suas piadas idiotas.

Colt demorou muito para aceitar a morte do irmão, ficou procurando e procurando um fantasma. Confesso que vou fazer o mesmo, do meu jeito, te caçar em todos os cantos do meu cotidiano, relembrar todas as memórias, reviver todos os risos.

Infelizmente, isso vai me corroer por dentro, mas não há nada melhor para o luto do que uma piada mórbida. Você sempre dizia isso. A minha piada mórbida é essa: a brincadeira sem graça que a vida fez de tirar você de mim sem a menor prévia.

Assim como Rooster saiu por aquela porta você se foi: quando te vi voltar e entrar na faculdade sentia que te veria de novo em pouco tempo… sabia que te veria de novo, em breve, só não esperava que seria em uma metáfora e piada mórbida.

Eu te amo, obrigado por tudo e sinto muito por tudo também.

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