Ahsoka: O Retorno de Anakin Skywalker é o grande chamativo da série

Giovanna Oriani (Gio)
Giovanna Oriani
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7 min readOct 6, 2023

A série ‘Ahsoka’ de Star Wars é marcada pelo retorno de Anakin Skywalker, mas oferece mais do que apenas nostalgia

Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante, surgiu um personagem que se tornaria o mais icônico vilão de todos os tempos: Darth Vader. Em ‘Ahsoka’, somos presenteados com o retorno de Anakin Skywalker para a saga, talvez ainda não definitivamente. Interpretado por Hayden Christensen a volta de Anakin é, na minha opinião, um dos pontos altos da obra, com uma participação especial e rápida de um dos personagens mais icônicos do universo de Star Wars, fez seus 20 minutos de tela valerem mais do que seis horas da série original. Seu retorno, talvez foi o que fez muitos fãs considerarem assistir à minissérie.

Episódio cinco de “Ahsoka”. Fonte: Divulgação/Star Wars via Twitter.

A história se passa cinco anos após os eventos de Star Wars VI: O Retorno de Jedi, ou seja, o fim do Império e também a morte do vilão Darth Vader. Isso nos leva à pergunta: por que, então, Anakin estaria presente em Ahsoka? Essa foi a razão para a grande surpresa dos fãs ao final do quarto episódio da minissérie.

E devo alertar que, a partir deste ponto, pode conter alguns spoilers, portanto, continue lendo por sua própria conta e risco.

O fato que nos leva a essa questão sobre sua aparição de Anakin na série envolve alguns acontecimentos bastante peculiares. Primeiramente, Ahsoka sofre uma derrota em uma batalha e cai no mar, sendo levada diretamente para uma espécie de “plano espiritual” dos Jedi. Assim que retoma a consciência, ela fica surpresa ao encontrar seu antigo mestre na forma “original”, por assim dizer, antes de se tornar o temido Darth Vader.

Provavelmente, foi nesse episódio que muitas pessoas que haviam desistido ou não se interessaram muito pela série consideraram assistir. Até pelo fato do marketing excessivo e os spoilers nas redes sociais. Eu mesmo me incluo nesse grupo, afinal, não é todo dia que você vê um personagem clássico retornar à vida, literalmente. Embora isso tenha se tornado um pouco comum nos últimos filmes da saga.

Ahsoka é transportada para esse chamado “plano espiritual” porque, de acordo com seu antigo mestre, ela precisa aprender uma lição, e nunca é tarde demais para isso. Eles então travam um combate e, em seguida, Ahsoka embarca em uma jornada pelo seu passado, revivendo momentos importantes de seu treinamento como Jedi. Isso permite que os espectadores compreendam melhor a história da personagem e explorem um período pouco mostrado cinematograficamente no universo de Star Wars, as Guerras Clônicas, que até então haviam sido apenas mencionadas, nunca mostradas.

Ao longo dessa jornada, podemos ver a transição gradual de Anakin para o próprio Darth Vader, à medida que a influência do lado negro da Força o consome. Isso culmina na cena final, quando os dois personagens retornam ao ponto de partida. Ahsoka ainda está um pouco confusa, e é nesse momento que Anakin aparece com um sabre de luz vermelho e olhos amarelados, exatamente como vemos quando ele começa a ser tomado pelo lado sombrio da Força, especificamente na cena em que ele lidera a Ordem 66. Essa sequência tem uma duração de cerca de 20 a 25 minutos, exagerando um pouco, e, de fato, esse é o único momento em que Hayden Christensen tem uma participação mais significativa na história.

De certa forma, considero genial trazê-lo de volta à saga, mesmo que seja em uma participação especial e rápida. Talvez isso possa parecer apelativo para alguns, com o objetivo de atrair espectadores para a série, uma vez que ela é mais voltada ao público jovem, já que traz à vida personagens de uma série animada. Dessa forma, reintroduzir um personagem clássico pode chamar a atenção desses fãs mais “raiz”.

Entretanto, a série em si merece uma análise minuciosa, indo além do retorno de Hayden Christensen, para explorar a fundo sua narrativa, direção, trilha sonora e outros aspectos cruciais. É hora de mergulhar de cabeça no universo de Ahsoka e avaliar como ela se encaixa na expansão contínua do vasto Universo Expandido de Star Wars.

Na minha perspectiva, a série não traz muitas novidades em sua história. É importante entender que Ahsoka é uma minisérie spin-off do sucesso da Disney, The Mandalorian. A personagem principal que dá nome à série já havia aparecido na série anteriormente, ajudando o caçador de recompensas em uma missão.

Ahsoka em The Mandalorian. Fonte: Divulgação/Star Wars via Twitter.

No entanto, o que pode não ser tão conhecido é que essa não é a primeira aparição da personagem no universo de Star Wars. Ela é uma das protagonistas em uma série de desenhos animados chamada Star Wars Rebels, junto com outros personagens que também fazem parte da série Ahsoka. Em outras palavras, a trama de ‘Ahsoka’ não traz algo completamente inédito, mas sim uma adaptação da história que já foi explorada nos desenhos animados para o formato live-action.

Comparação entre os persoangens em Ahsoka e Star Wars: Rebels. Fonte: Dilvugação/ Disney.

A história começa bem e fica emocionante no meio, mas o final deixa a desejar. Sabe quando ficam muitas perguntas sem resposta e você se sente um pouco perdido? Pois é, é exatamente isso que acontece no final da série. Uma comparação interessante pode ser feita com o primeiro spin-off de The Mandalorian, o Livro de Boba Fett. Inicialmente, talvez ninguém esperasse que o desfecho dessa minissérie estivesse interligado com a próxima temporada de The Mandalorian, mas acabou se tornando um elemento-chave para compreender o que ocorreu na terceira temporada da série principal. Portanto, é plausível considerar que algo semelhante possa ocorrer com Ahsoka, não seria uma surpresa. A incerteza paira sobre até que ponto a série terá impacto no universo maior de Star Wars e como as peças se encaixaram nas futuras produções.

Do ponto de vista técnico, Ahsoka mantém os altos padrões de qualidade de Star Wars, com uma direção cinematográfica impressionante. Os efeitos especiais da série são de uma qualidade excepcional, mesmo sabendo que provavelmente a técnica de filmagem seja a mesma de The Mandalorian, usando painéis de LED para simular partes do universo. No entanto, algo que me incomodou bastante foi a utilização de efeitos especiais no rosto de Hayden Christensen para fazê-lo parecer mais jovem, ou pelo menos como se ele tivesse acabado de gravar os outros filmes da saga.

Cena da batalha entre Ahsoka e Anakin durante o episódio cinco. Fonte: divulgação/ Star Wars Twitter.

Não tem como falar de Star Wars e não comentar da trilha sonora, que seguem os padrões característicos de Star Wars. Além disso, a série é permeada por um forte elemento nostálgico, atingindo o ápice desse sentimento no quinto episódio. Durante a batalha entre Ahsoka e Anakin, em que traz esse sentimento de nostalgia ao incorporar as notas da icônica marcha imperial de Darth Vader.

A principal mensagem transmitida pela série é, de fato, a importância da relação entre mestre e padawan. Isso não se limita apenas a Ahsoka e Anakin, mas também se estende aos personagens secundários. Ahsoka emerge como uma personagem forte, uma grande personalidade, e talento em dominar a força. Porém a história de Ahsoka é marcada por sua incompleta formação como Jedi, devido à relutância de Anakin em aceitar um aprendiz. A série explora o contínuo desenvolvimento dessa relação complexa, principalmente pelas suas divergências, principalmente porque Ahsoka frequentemente discorda das crenças de Anakin, especialmente em relação à guerra, e carrega um fardo de culpa por suas ações. Mas ainda sim, mostra também o afeto de Anakin com sua aprendiz e como ele sempre se preocupou com ela, mesmo estando longe.

Anakin Skywallker e Ahsoka mais jovem. Fonte: Divugação Star Wars.

No entanto, embora a série tenha gerado altas expectativas, especialmente após a introdução do personagem em The Mandalorian, perde parte de seu apelo após os primeiros episódios, tornando-se mais difícil de seguir a partir do sexto episódio. Minha opinião sincera é que, talvez, se não fosse pela aparição do Anakin, eu nem teria assistido à série por completo. Encaro mais como um rito de passagem do que algo que realmente gostaria de rever repetidamente, como faço com muitos outros filmes da saga. Fica a expectativa de que eventos e personagens introduzidos em Ahsoka possam desempenhar um papel em futuras expansões do universo Star Wars, mantendo viva a saga para os fãs que continuam a explorar essa galáxia muito, muito distante.

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