Os melhores board games de entrada

Leonardo Limberger
goblingeek
Published in
5 min readMar 22, 2020

Apenas pense o que você gostaria de jogar quando estava iniciando (…)

Já vi várias listas de “Top 10 jogos de entrada”, “Top 8 jogos para apresentar o mundo dos board games”, “Top 5 jogos pra trazer a pessoa amada em dois dias”… enfim, já vi muito conteúdo que mostra uma série de jogos “ideais” para introduzir novas pessoas ao hobby.

Isso não tem nada de errado, a maioria desses jogos de fato são bons para apresentar àquele seu amigo iniciante, seja lá o critério usado pelo criador do top 10, mas a verdade é que não existe uma lista mágica.

Além disso, não adianta eu colocar 10 jogos ideais para iniciantes e você não ter nenhum deles na sua coleção, então vou tentar falar um pouco sobre o que você deve considerar na hora de escolher um “jogo de entrada”.

Se não tem uma lista, o que eu faço?

Imagine-se conhecendo hoje os jogos de tabuleiro e alguém resolve te apresentar um determinado jogo, Dixit, por exemplo, que é um jogo que vi em inúmeras listas para iniciantes. Mas aí Dixit não faz seu tipo, você não curte pensar em dicas pra sua carta, ou, sei lá, simplesmente não é sua praia. Isso pode te causar uma experiência negativa e você passa a achar que jogos não são para você e acaba por não experimentar outras coisas.

Dixit (2008) de Jean-Louis Roubira. Publicado no Brasil pela Galápagos Jogos.

O exemplo foi Dixit, mas poderia ser qualquer outro jogo. Então quer dizer que o segredo pra apresentar os boardgames é adivinhar o que aquela pessoa vai gostar? Não. Seria ótimo saber o que seu amigo gostaria, mas é impossível.

Sendo assim, a primeira coisa que eu destaco para alguém quando apresento o sensacional mundo dos jogos de tabuleiro é a variedade. Sim, a multiplicidade de estilos, temáticas e mecânicas presentes nos jogos. Assim, se aquele primeiro jogo não funcionar, tá tudo certo, porque ainda terá um universo inteiro para experimentar.

E o que colocar na mesa?

Já sabemos que o hobby é bastante heterogêneo e tem jogo pra todo mundo. Mas na prática, o que colocar na mesa?

De forma bastante resumida, pense o que você gostaria de ter jogado quando estava começando. A empatia funciona muito bem aqui, se coloque no lugar de quem está iniciando e escolha o jogo baseado nisso. Mas se você quer se aprofundar um pouco mais nas dicas para escolher um jogo dá uma olhada nas próximas sugestões:

Regras simples

Não precisa ser party game, não precisa ser raso em estratégia, não precisa ser simplista. Essa dica está aqui para chamar sua atenção para o fato que provavelmente a pessoa que está começando não vai querer parar 50 minutos para ouvir você explicando um negócio que ela mal sabe do que se trata.

Kingdomino (2016), de Bruno Cathala. Publicado no Brasil pela Paper Games.

Gosto de apresentar jogos que tenham ações bem definidas e poucas possibilidades (ou você compra uma carta, ou joga uma carta), ou então turnos bem demarcados (primeira fase todos escolhem tiles, segunda fase, posicionam em seu tabuleiro…).

Se você acredita que a criatura iniciante gostaria de um pouco de estratégia (porque você conhece a pessoa e acha isso) busque jogos com regras simples, mas com potencial estratégico. Quer exemplo? Carcassonne, Ticket to Ride, Splendor, Azul… Nem todo jogo estratégico precisa ter um manual de 40 páginas.

Apenas lembre-se que regras muito complexas necessitam de tempo para aprender e podem gerar uma experiência negativa durante a partida, já que aumenta muito a chance de o jogador não entender e ficar perdido.

Cuidado com o tempo

Aqui entra não só o tempo de jogo em si, mas também o downtime. Lembra de quando eu disse que a pessoa pode não gostar do jogo? Imagina se ela não gosta e ainda é demorado, vai parecer uma eternidade. E se gostar, fica com aquele gostinho de “quero mais”.

O downtime é outro problema, jogadas que demoram bastante e levam muito tempo para chegar novamente no turno do jogador podem tornar a experiência entediante para o novato, que irá se sentir um expectador da partida.

Quanto ao tempo dedicado para as jogadas dos iniciantes, é normal que haja um AP maior, talvez até um “CTRL+Z” em suas jogadas, e isso deve ser respeitado. Tenham paciência!

Jogos cooperativos

Jogos cooperativos podem ser excelentes para introduzir alguém aos board games, pois tornam o ato de pedir ajuda à outros jogadores muito menos complicado. Afinal, dúvidas irão surgir durante a partida, e em jogos competitivos pedir ajuda ao seu oponente pode ser desagradável.

Além disso, a disparidade no nível de “habilidade” dos jogadores pode ser intimidadora para os novatos em jogos competitivos. Isso pode ser eliminado com jogos cooperativos ou em equipe.

O problema dos jogos cooperativos, inerente em alguns e que pode ser ampliado na companhia de jogadores iniciantes, é o alpha player. Aquele jogador que domina a partida e joga basicamente sozinho, dando ordens aos outros jogadores. Portanto, busque jogos cooperativos que diminuem a margem para um jogador alpha, como Magic Maze, Só Uma e Hanabi.

Party Games

É difícil não falar dos party games quando se fala sobre novos jogadores. O ambiente de um party game é realmente muito bom para iniciantes: jogos com regras fáceis, partidas rápidas e todos se divertindo.

The Resistance (2009), Don Eskidridge. Publicado no Brasil pela Galápagos Jogos.

Muitas vezes a “iniciação” de um jogador acontece de forma muito natural com os party games. Ele chega em uma reunião de amigos e encontra todo mundo rindo e se divertindo com um jogo, automaticamente ele quer participar.
Mas nem todo mundo vai gostar de party games, então repito: variedade.

Jogos Temáticos

Muitas vezes a temática pode ser a grande responsável por atrair alguém para um jogo. Quando eu digo temática me refiro tanto ao sentido mais amplo, como jogos medievais ou jogos de zumbis, quanto à temas mais direcionados, como Star Wars ou Game of Thrones.

Muitos desses jogos temáticos ainda contam com componentes atrativos, como, por exemplo, miniaturas, que chamam atenção dos iniciantes e também dos veteranos.

Esses são fatores que podem ser grandes aliados na hora de apresentar os Board games aos novos jogadores, pois além de despertarem curiosidade, criam um ambiente agradável para alguém que agora não está em um universo completamente desconhecido.

Foque no que é importante

O que importa mesmo é um clima legal para jogar. Não force um ambiente, não exagere na hora de catequizar novos jogadores, apenas apresente o hobby e crie oportunidades para que, se a pessoas estiver interessada, ela possa jogar.

Não surte pensando sobre qual jogo apresentar. Essas dicas servem pra facilitar a escolha de um “jogo de entrada”, mas repito: não existe lista mágica, não tem receita. Apenas pense o que você gostaria de jogar quando estava iniciando, no fim, o que mais importa não é o jogo, e sim quem está jogando.

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