Sabores da vida

Silas Klein
Gotas de Edificação
2 min readSep 23, 2018

“A barriga cheia desdenha até o mel, mas à barriga vazia todo amargo é doce.” (Pv 27:7)

Há um paradoxo moderno que me intriga: nunca estivemos tão conectados como sociedade mas, ao mesmo tempo, jamais estivemos tão distantes uns dos outros. Perdemos, nos últimos anos, a capacidade de diálogo. Falamos hoje apenas para “lacrar/matar” discussões. Em minha opinião, isso ocorre pela falta de um ingrediente importante em nossos relações: “empatia”.

“Empatia” (gr. empathēs) é “estar na emoção” do outro. É aquela capacidade de experimentar a vida ou, melhor, de sentir o gosto da vida como o outro sente. Mas, para ser capaz de fazê-lo, a primeira coisa que precisamos entender é que nem todos sentem da mesma forma. Isso porque a vida não é medida por gostos ou caprichos pessoais, mas principalmente pelas suas condições.

Esse ditado ensina que nossa condição modifica nossos gostos. Para quem tem muito, está de “barriga cheia” (heb. nepeš śĕbēʿâ, lit. “garganta farta”), até o mel é descartável. E para quem tem pouco, está de “barriga vazia”(heb. nepeš rĕʿēbâ, lit. “garganta faminta”) todo amargo é doce. Isso significa que não é sábio julgar ou condenar o outro sem considerar seu contexto e dificuldades.

Sua vida não tem o mesmo sabor que a minha. Ela pode ser mais doce ou, em outros momentos, mais amarga. Isso não é problema. O problema é quando eu uso o sabor da minha vida para julgar a sua, me esquecendo que os dissabores da sua vida influenciam suas ações. Que Deus nos ensine a degustar a vida como os outros, que nos ensine empatia, criando paz.

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Silas Klein
Gotas de Edificação

Um biblista/diretor de arte entre textos ancestrais, religião, arte e novas tecnologias.