O prazer sem pecado

Robson Felix
Gotas de Prazer
Published in
5 min readAug 20, 2016

Não pago por sexo.

Não, mesmo.

Sou contra isso.

Na verdade, eu não preciso disso.

Minhas mãos dão conta do meu prazer.

Eu não preciso nem de sexo, se você quer saber.

Mas, descobri uma nova modalidade de punheta.

A punheta terceirizada.

No mercado do sexo chamam isso de Terapia Tântrica.

Mas, pra mim, não passa de uma punheta terceirizada, mesmo.

Eu descobri essa parada na saída do metrô do Largo do Machado.

O anúncio dizia algo sobre massagem no “lingan”, entre parênteses estava escrito: “pênis”.

Eu lembro de ter pensado na hora: “genial”.

O folheto dizia que o objetivo da massagem tântrica era o orgasmo múltiplo masculino.

Aquele folheto me gerou uma curiosidade sem precedentes, acompanhada, é claro, de tesão.

O que é tesão senão curiosidade.

Eles atingiram em cheio a curiosidade do maior representante de seu público-alvo: eu mesmo.

O segmento trabalhado pelo departamento de marketing daquele novo negócio genial, era representado por mim: jovem, adulto e, até então, punheteiro compulsivo.

Um alvo fácil.

Em casa pesquisei na internet qual era daquela onda de orgasmo múltiplo masculino.

Seria realmente possível?

Como sou curioso, pesquisei em vários sites, inclusive o do folheto.

Gostei.

Passei semanas matutando sobre o assunto.

Como eu não tinha dinheiro disponível para tal extravagância, fantasiava a massagem tântrica para tocar exercitar-me no onanismo enquanto juntava algum.

Era gostoso imaginar a impossibilidade de sexo, o interdito.

Imagina a cena: eu e uma mulher totalmente nua, deitados em uma maca, ela massageado meu órgão sexual e eu gozando sem ejacular, enquanto aliso sua bunda; é uma bela imagem, não acham?

Ejaculei várias vezes apenas pensando nisso.

Gozei gostoso, mas ainda com sêmen.

Não era o caso de economizar prazer.

Uma experiência como aquela precisava ser vivida de véspera.

No pagamento seguinte, separei um dinheiro para a tal experiência transcendental, digo, sexual.

Antes de sair toquei uma punheta, só para garantir.

Eu queria fazer bonito em minha estreia no tantra.

Imagina se eu chego lá e já saio logo gozando de cara.

Nem pensar.

Eu precisava representar o cliente padrão.

Seguro, bem posicionado, civilizado a ponto de fazer do próprio prazer uma técnica.

Eu precisava parecer um ícone do target daquele negócio esquisito, mas prazeroso.

Não tive problemas de consciência diante do meu princípio de não pagar por sexo.

Afinal, se não havia penetração não havia pecado, certo?

Era o crime perfeito, o prazer sem pecado, como garantia o folheto.

Tipo punheta terceirizada mesmo.

Do tipo direta, (quase) limpa e relaxante.

Não seria nem ao menos necessário que eu fingisse envolvimento afetivo.

Crime perfeito!

Chegando à galeria São Luis do Largo do Machado, ainda no táxi, eu já estava de pau duro.

A ideia de uma mulher desconhecida tocando meu sexo, sem ser em uma situação sensual me excitava muito mais do que o próprio sexo.

Minha calça quase explodia de tanto tesão.

Liguei, reservei hora, escolhendo a “terapeuta” pelo nome na foto que eu havia visto previamente no site.

Pâmela.

Me pareceu um nome bom.

Não sei bem o porquê.

Hoje me soa mais como um nome de travesti, mas tudo bem.

Ela era loura, alta, esguia, do tipo que você jamais desconfiaria de sua profissão, se a encontrasse na padaria.

Os limites entre prostituição e terapia tântrica ainda não estavam muito claros em minha cabeça.

Sinceramente acho que até hoje não estão.

Tudo putaria, diria minha sombra jupiteriana.

Até que ponto aquilo era sexo e eu estava quebrando um de meus princípios éticos mais básicos?

Eu não sabia a resposta, mas o volume em minha calça queria pagar para ver.

E não era barato.

Duzentas pratas.

Foi Pâmela mesmo quem me atendeu à porta, já de babydoll.

E ela era bem gostosa, viu?!

Meu pau latejava e eu sentia gotas de prazer já melando minha cueca.

Ou será que eram resquícios das punhetas prévias?

Quem sabe no táxi eu havia gozado de novo?

Pâmela me ofereceu um banho e eu aceitei.

No banho toquei mais uma punheta, só para garantir o esvaziamento do estoque de sêmen.

Eu queria fazer bonito, já que teria orgasmo múltiplo de qualquer maneira com aquela técnica.

Pâmela me perguntou se eu conhecia os tipos de massagens, me explicando cada uma.

Falei do meu desejo de experimentar todas as massagens ao mesmo tempo e elam me ofereceu um pot-pourri de degustação.

Aceitei.

Já nua, Pâmela iniciou os trabalhos esfregando os seios em minhas costas e me explicando que se tratava da massagem tailandesa.

Depois, com as pontas dos dedos iniciou, segundo ela, a massagem tântrica.

Pediu que eu virasse de frente e continuou tocando meu corpo com a ponta dos dedos.

Meu pau parecia um mastro, em noventa graus de tanto tesão.

Uma bela ereção juvenil na meia idade.

Pâmela não se fez de rogada e massageou o meu saco de uma maneira que nem mesmo eu nunca pensei em fazer.

Gostosa a tal de Pâmela, viu?!

Ela começou a rodar meu pau entre o polegar e o indicador da mão direita, enquanto a esquerda puxava meu saco pra cima e pra baixo.

Doía (certamente pelas punhetas que bati) e eu segurava a vontade de urrar de dor.

Passei a mão na bunda da Pâmela.

Ela deixou, afinal no pacote mix, havia uma tal de massagem mútua.

Depois de dez minutos de massagem no meu pau e saco, senti um calor descendo do alto de minha cabeça, pela coluna.

Segundo Pâmela, era a energia kundaline em ação.

“Cu de quem, meu Deus?”, pensei alto.

Será que começaria um menage a trois com uma Aline na jogada?

Não sei se foi delírio meu, mas eu gozei, sem gozar, entende?

Tive um forte e profundo orgasmo mental.

Esperei pela porra para confirmar minha teoria e ela não veio.

Talvez por eu vir desidratado de casa, de tanta punheta.

O fato é que foi uma emoção nova, desconhecida para mim.

Eu havia, pela primeira vez, gozado em ondas, sem ejacular.

Ao mesmo tempo eu havia me apaixonado por Pâmela.

Neste dia eu tive uns três orgasmos seguidos antes de ejacular em suas mãos.

Eu juro.

Não resisti e quebrei todas as regras da elegância, pedindo o telefone da moça, enquanto ela limpava a minha porra de suas mãos.

Ela me deu e eu liguei duas semanas depois.

Não sei se posso chamar de namoro a relação que desenvolvi com Pâmela.

Prefiro acreditar que agora eu tenho uma terapeuta tântrica particular, ao custo de algumas cervejas, séries no NETFLIX e “Ifood”.

Ao menos assim, resolvi um conflito interno, sem ferir meu princípio básico.

Afinal, eu jamais pagaria por sexo, não é?

Ao mesmo tempo comecei a acreditar que todo sexo é pago.

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