O acumulador de imagens

Eu cato imagens pela internet para ilustrar o meu prazer solitário. Não imagens sensuais ou eróticas. Não. Ou melhor, também. Mas, prefiro as menos óbvias, imagens nada a ver com sexo. Gosto de roubar fotos de conhecidos em posições, digamos, diferente da usual, esperada, por mim, ou conhecida. Minha internet é limitada, então via de regra, um screenshot da tela do celular cumpre bem esse papel. Depois eu descarrego tudo e separo numa pasta de imagens nada a ver. Não há nada mais excitante do que ver aquele monte de gente conhecida em imagens nada a ver rodando aleatoriamente em minha tela de computador em um dia com cara de nada a ver. As pessoas perderam a mão do que é privacidade e volta e meia sou brindado com uma foto sensual de biquíni ou, em alguma posição estranhamente erótica, na academia. Mas, eu prefiro as fotos nada a ver, mesmo. Aquelas fotos que não mostram nada além daquela pessoa conhecida num ângulo que valorize algo só dela (pode ser um colo, um sorriso, ou um olhar). Só preciso disso para sequestrar a imagem daquela pessoa para os porões da minha torpe imaginação. Nem sempre é algo consciente. Nem sempre sei porque roubei aquela foto, mas lá na frente, na hora da punheta (tântrica), minhas dúvidas caem (literalmente) por terra.