Pontos Cegos — Márcia

Outubro de 2008

Robson Felix
Gotas de Prazer
3 min readJul 29, 2016

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“Sabe o que me corrói a alma? A indiferença…o não saber o porquê…o mal resolvido. Sei que não temos mais nada, acho até que você já voltou para sua ex-mulher e mesmo se não tiver voltado, o encanto entre nós acabou.
Não quer mais contato comigo? É só desaparecer, e pronto?!
Juro que achei que era algo especial. E achei que continuaria sendo, mesmo sem envolvimento, sem sexo, não sei bem. O que me preocupa é se te fiz algum mal. Não foi essa minha intenção! Acima de tudo te desejo o bem, como uma pessoa da família, sei lá! Você me conhece o suficiente para saber disso. Eu te contei meus pontos fracos e isso acaba comigo. Não consigo enxergar o mal que eu te fiz. Preferia nunca ter me envolvido do que não falar mais com você. Preferia a sua ausência na saudade, a sua lembrança no passado. Acho que era isso que aconteceria lá atrás, nos perderíamos antes. Se é isso o que quer, e percebo que sim, vou desconectar. Não tento mais te entender. Não tento mais nenhuma forma de contato. Não esperava isso de você. Não via esse mal, esse risco. Eu não gostaria de ter me arriscado perder você de vista Achei que éramos mais… na verdade, ainda acho. Mas, isso agora é segredo.
Assustado? Este não é um personagem do seu repertório. Acho que foi só um ponto final mal dado. E deixo agora de achar para sentir, viver. Continuo te sentindo, mas isso passa… às vezes dói, às vezes me dá forças saber que eu ainda sei rir. Rir de tudo, rir para tudo, rir de mim e de você, as pessoas me tiram sorrisos de felicidade, de ironia, de gracejo. Desaprendi a chorar, não sei bem o porquê, mas até que estou gostando. Me sinto um pouco mais firme, egoísta, no bom sentido (será possível?). Te amo, mas agora sei o que isso significa, então te amo mais. Mas, também sei continuar a andar. Se você não vier comigo… sentirei sua falta (e isso é sincero!). Novos horizontes despontam e eu sei agora o que espera por mim: as asas que você me deu. Obrigada. Já sei usá-las. Não entendi a sua partida, porque a covardia não é seu dom, mas talvez esconderijo. Eu também quis o conforto, o caminho mais fácil, o menos dolorido, pra que eu pudesse ter a paz para desconstruir e reconstruir, mas já foi. Passou. E fiz tudo como deveria ter feito e não me arrependo. Agora é tempo de (apenas) ser, obrigada por isso! Você me ensinou a ser só o que sou. A aceitar, a entender que eu te amo, mas que eu não pertenço a você. Acho que você não sabe se doar, se basta em si mesmo. Entender que este amor é bem maior do que eu pensei, do que eu sei. Você me ensinou a gostar de você mesmo quando te odeio e a me separar de você, ainda, te amando. E eu aprendi a te ter só aqui dentro de mim, sem que esse amor possa me fazer mais nenhum mal. Hoje quero afinidades e cuidados, não só companhia. Aprendi a gostar de mim mesma, porque hoje sou quem eu queria ser, e não conseguia. Graças a você. Ainda desejo a troca, mas gosto de estar comigo, sozinha (tá vendo como aprendi?). Eu queria colocar pra fora as minhas verdades e você me deu forças. Arrancou de mim minhas meias-verdades, eu ainda estou só na metade do caminho. Só que estou mais corajosa e na direção certa. Não volto mais atrás. Obrigado por me ensinar a ser.

Te amo.

Márcia

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