Uma pequena amostra das govtechs nas Eleições Municipais 2020
Fizemos uma pesquisa para saber o que as candidatas e candidatos de todo o país estavam propondo sobre govtechs e quais suas visões para o futuro da gestão pública.
Mais de 500mil candidatos e candidatas pleitearam um cargo como agentes políticos nas Eleições Municipais de 2020. Mesmo em meio à grave pandemia da COVID19, milhares de eleitores se mobilizaram para escolher seus representantes democraticamente através do voto eletrônico, que é um marco da transformação digital em nosso país.
O Govtech Connection realizou um mapeamento inédito para saber sobre as propostas relacionadas à tecnologia e inovação no setor público. A pesquisa contou com o apoio de diversos colaboradores do ecossistema de govtechs e foi amplamente divulgada em nossas redes sociais. Apesar do esforço, conseguimos coletar apenas 11 respostas em todo o país, como mostra o mapa abaixo:
O estudo conseguiu abranger todas as regiões e demonstrou que 36,4% das pessoas que participaram eram do gênero feminino, em sintonia com o aumento da participação de mulheres neste ano que atingiu 33,6% do total de candidaturas. A pesquisa não atingiu o público mais jovem de pessoas com menos de 31 anos, estando a maior parte dos participantes (36.4%) concentrada na faixa etária de 31 a 42 anos de idade.
No que diz respeito à filiação partidária, houve bastante diversidade: MDB (18.2%), PODEMOS (18.2%), CIDADANIA (9.1%), DEM (9.1%), PL (9.1%), PMN (9.1%), PSB (9.1%), PSDB (9.1%) e PT (9.1%). Este é um bom sinal, indicando que aparentemente a pauta das govtechs não está sob influência de viés ideológico, tendo capilaridade em diferentes tendências políticas. Vale destacar que a pesquisa foi enviada para os e-mails oficiais de todos os partidos cadastrados no TSE.
Questionados sobre em quais áreas as govtechs terão um papel mais relevante nos próximos 4 anos, as principais respostas foram: educação (54.5%), saúde (45.5%), redução da burocracia (36.4%) e transparência (36.4%).
Em relação às principais tendências de tecnologia para o setor público houve um destaque para a inteligência artificial (54.5%), seguida da internet 5G (45.5%), computação em nuvem (45.5%), internet das coisas (27.3%), nanotecnologia (27.3%), geolocalização (18.2%) e blockchain (9.1%). Chama a atenção a baixa relevância da tecnologia blockchain entre os entrevistados, tendo em vista os impactos positivos que ela pode ter na gestão pública, a exemplo de países como a Estônia e a Holanda. No Brasil, vale destacar o case de sucesso do aplicativo Mudamos que utiliza a blockchain para a assinatura de projetos de lei de iniciativa popular.
Para complementar a pesquisa e traçar um panorama das govtechs na gestão municipal nos próximos 4 anos, foram analisados os planos de governos dos candidatos eleitos nas 26 capitais do país. Nas mais de mil páginas de propostas, o termo govtech não foi mencionado uma única vez. Porém, interpretando esta expressão num sentido mais amplo, observamos a ocorrência das palavras “tecnologia” (260 vezes), “inovação” (241 vezes), “digital” (163 vezes) e “ startup” (35 vezes). De todas as capitais analisadas, apenas 15 candidatos eleitos mencionaram a palavra “ startup” em seus planejamentos, com destaque para as prefeituras de Salvador, Aracaju e Belo Horizonte.
Embora com uma amostra reduzida, a pesquisa realizada revela alguns insights de como as govtechs foram pautadas nessas últimas eleições e quais seus horizontes para os próximos 4 anos. Apesar de ter imposto grandes desafios aos gestores públicos, a pandemia acelerou o processo de transformação digital e mobilizou a sociedade em busca de soluções inovadoras para os problemas do governo, colocando as govtechs em destaque através de diversos eventos e ações como o Pandemic Hackfest, organizados pelo Ministério Público do Estado do Amazonas, o IdeiaGov, idealizado pelo Governo de São Paulo, e a Força Tarefa COVID19, realizada pelo BrazilLab.
Em um cenário de déficit fiscal e demandas sociais crescentes por serviços públicos de maior qualidade, as govtechs podem ser grandes aliadas para inovar na gestão pública e torná-la mais eficiente, fazendo mais com menos!
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