livros, amizades e escolhas

Camilla Daros
Graça
Published in
2 min readFeb 20, 2019

é tudo a mesma coisa, só depende de como você decide tratá-los

foto: Revista Estante

você já parou pra pensar no assunto amizade? às vezes eu fico refletindo sobre coisas aleatórias… e me ocorreu que todas as minhas amizades, as de verdade, são que nem livros. e merecem ser comparadas a livros.

amigos de verdade são que nem aqueles livros que você repara logo de cara, mas não pela beleza da capa. você repara porque estão no canto da estante. dá aquela olhadinha e continua seu curso normalmente, procurando um título chamativo. e encontra.

mas esse título chamativo, geralmente (pelo menos pra mim), é aquele de leitura rápida e única. aquele livro que você empresta sem medo, troca, dá ou vende. ou aquele de capa tão bonita que faz da leitura um saco, devido ao excesso de expectativas.

as minhas amizades são os livros que você julga pela capa. que julga pelo autor. que julga pela grossura, finura ou sinopse. ou porque não estão, nem de longe, na lista dos famosinhos.

e são justamente esses os títulos que surpreendem, que você lê até o fim, lê as orelhas e até a ficha técnica. pra ter certeza de que aproveitou cada letrinha. são esses que você lê rápido o suficiente pra suprir essa necessidade de saber o fim da história — e que história! -, mas que, ao mesmo tempo, lê devagar, com medo do fim, adiando o dia em que a história acaba.

são esses os livros que nos marcam. que indicamos, compramos edições especiais, presenteamos e deixamos em um lugar seguro da estante. e não emprestamos por nada, nem trocamos ou vendemos. são nossos, fazem parte de nós, e relemos sempre que podemos.

são esses livros que comparo aos meus amigos de verdade. são esses que compõem a trilogia da minha estante, que tiro pó com mais frequência do que os outros, que mostro pra todo mundo, me orgulho em ter e abro, volta e meia, só para sentir o cheirinho das páginas já lidas milhares de vezes.

toda amizade deveria ser tratada assim, com zelo, amor e carinho. mas elas não deviam ir embora. esses livros deveriam ser eternos e jamais se tornar e-books. não podíamos depender da internet para reler suas páginas e nem depender de datas específicas para visitar suas feiras.

nem sempre podemos escolher os rumos que a vida toma, mas sempre podemos escolher se queremos acompanhar, mudar ou melhorar.

e eu decidi gostar mais dos e-books do que buscar novas leituras em novas estantes. eu decidi ler, mais uma vez, essas histórias que me fizeram escrever novas páginas no meu próprio livro.

--

--

Camilla Daros
Graça
Editor for

tudo é sobre amor — e talvez eu tenha mudado um pouco. prazer, liberdade.