O que rolou no Interaction Latin America 2018!
Meus dois centavos sobre como foi um dos maiores eventos de UX do mundo…
Depois de 3 dias rodeado por mais de 1700 pessoas de diversos lugares do brasil e do mundo, é hora de refletir o que levo de aprendizado e insights de um dos maiores eventos de UX Design do Planeta!
O Interaction Latin America (ou ILA para os íntimos) é um evento, realizado desde 2009 pela IxDA, que reune designers de várias partes do globo para trocarem experiências e debaterem assuntos relacionados à Design de Interação.
A edição de 2018 foi sediada no Rio de Janeiro nos dias 15, 16 e 17 de Novembro. Três dias de intensa troca de experiências e reflexões através de workshops, talks rápidas e keynotes!
#Fazendo o evento juntos…
O primeiro dia tivemos as Talks da Comunidade! Nesse dia, designers de várias empresas e com experiências diversas apresentavam, em 15 minutos, talks sobre os mais diversos temas.
Muito parecido com a edição do ano passado, 4 talks aconteciam de forma simultanea, no mesmo local. Para assistir uma palestra bastava sintonizar o rádio na estação correta!
Design também é sobre criar relações, experiências mais profundas e engajadoras. Com o seu time, não é diferente. — Talk Design Leadership in Design-led companies
Apesar de termos assuntos que já são velhos conhecidos em eventos de Design, tivemos discussões importantes que vem tomando protagonismo nos últimos tempos como questões relacionadas à responsabilidade social do Design e a necessidade de se pensar em acessibilidade ao realizar nossos projetos.
#Processos e Prática!
Os dois dias seguintes aconteceram as Keynotes, palestras de 1 hora onde designers de partes diferentes do planeta compartilharam suas experiências e visão de mundo!
A primeira keynote foi feita pelo Felipe Memória, da Work&Co, que expos sua visão sobre como o movimento modernista é a melhor referência para a evolução da disciplina através do minimalismo, simplicidade e atemporalidade (algo que podemos discutir em um post futuro).
Diversas outras palestras se seguiram, sempre feitas por grandes profissionais da área. Alguns temas foram bastante abordados como os relacionados à processos e à prática do Design.
Um desses palestrantes foi Marc Stickdorn, autor de um dos livros referências quando o assunto é Design de Serviço, This is Service Design Thinking.
Em sua fala ele mostrou como quase nunca abordamos a difícil tarefa de colocar em execução os serviços que desenhamos e por quê não existe processos padrões que se encaixam em todos os cenários possíveis para projetar serviços. É necessários avaliar caso a caso.
Um dos momentos altos do evento foi a participação de Tom Kelley, da IDEO que nos trouxe a importância, e como todos tem a capacidade, de ser criativos. Como a criatividade é algo que deve ser exercitada e, mais importante ainda, ser colocada em prática.
"Geniuses don't necessarily have a higher success rate than the rest of us" — Dean Keith Simonton
#Design para pessoas, por pessoas, com pessoas…
Um dos temas mais importantes do evento, na minha opinião, não foram necessariamente as discussões relacionadas aos processos e metodologias mas os temas que abordaram a empatia e a importância de entender as pessoas.
Apesar de parecer um lugar comum dentro da área de Design, muitas vezes esses conceitos e ideias se perdem e são esquecidas durante os projetos.
Em um dos momentos mais inspiradores e emocionantes do evento, Rama Gheerawo da Royal College of Art mostrou, através de projetos em que participou, como o Design Inclusivo pode fazer a diferença e melhorar a vida de muitas pessoas. A importância de projetar experiências e não simplesmente produtos, espaços, serviços ou sistemas.
"Nos desenhamos para ter sorrisos e não apenas funcionalidades"
Nunca foi tão importante quanto nos dias atuais ponderar sobre a nossa responsabilidade e o impacto de nossas decisões. Em um mundo onde pessoas são levadas à depressão e manipuladas por truques psicológicos, Kim Goodwin encerrou o evento nos alertando do nosso papel ao projetar para pessoas e tirar o "centrado no humano" apenas do discurso e leva-lo à prática.
Argumentando que o Design centrado no humano é difícil, até mesmo para designers, Goodwin finaliza mostrando sua visão de como devemos lidar com projetos e tomar decisões, não apenas focado em métricas, mas nas necessidades humanas.
#Um evento que não acaba em si…
Foram 3 dias intensos, dias para refletirmos nosso papel como designers dentro de nossas equipes, empresas e, mais importante, dentro da sociedade que nos cerca. Lembrar-nos de não abrirmos mão das experiências humanas em detrimento dos dados e métricas colhidos.
O Design nasceu como uma necessidade social e deve sempre ter como fio condutor a solução de problemas reais de pessoas reais. Métricas, processos e ferramentas perdem sua importância quando esvaziamos do centro de nossas decisões o que torna o Design valoroso: as pessoas para as quais desenhamos.
Que as ideias discutidas no evento relacionadas à melhorias de processos, metodologias e principalmente pessoas e o papel do design continuem ecoando e movimentando ideias que transformem, não apenas nós, mas o outro!
Ano que vem nos encontramos na Colômbia, em Medellin, para o Interaction Latin America 2019!