GRIFO NOSSO: “Falando em línguas”, de Gloria Anzaldúa

Isadora Attab
grifapodcast
Published in
3 min readAug 9, 2021

A série GRIFO NOSSO foi criada na intenção de fortalecer a luta e resistência em tempos de isolamento social: trechos de literatura, artigos, poesia, e o que mais for de bonito que torne mais fácil a missão de não perder ternura. Esta é a leitura da parte inicial de Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo, de Gloria Anzaldúa.

Gloria Anzaldúa se definiu como “chicana sapatão-feminista, poeta tejana patlache, escritora e teórica cultural”. Nascida sul do Texas, nos Estados Unidos, escreveu poesia, ficção, ensaios, entrevistas, antologias e livros infantis. Seu trabalho tem um peso fundamental por ser uma das primeiras escritoras chicanas abertamente lésbicas, e ela desempenhou um papel importante na redefinição das identidades queer, feminista, estadunidense e na articulação de movimentos inclusivos por justiça social.

Entre seus principais trabalhos, Borderlands/La Frontera: The New Mestiza é um livro autobiográfico que articula sua teoria, uma obra que também mistura prosa e poesia, na qual conta sua trajetória como acadêmica e mulher chicana. Suas teorias sobre a mestiçagem e as fronteiras tiveram um impacto muito além do campo dos estudos chicanos. Anzaldúa também desempenhou um papel formativo no desenvolvimento da teoria queer.

Em 2021, pela Bolha Editora, teremos A vulva é uma ferida aberta & Outros Ensaios da autora publicado no Brasil.

Por que sou levada a escrever? Porque a escrita me salva da complacência que me amedronta. Porque não tenho escolha. Porque devo manter vivo o espírito de minha revolta e a mim mesma também. Porque o mundo que crio na escrita compensa o que o mundo real não me dá. No escrever coloco ordem no mundo, coloco nele uma alça para poder segurá-lo. Escrevo porque a vida não aplaca meus apetites e minha fome. Escrevo para registrar o que os outros apagam quando falo, para reescrever as histórias mal escritas sobre mim, sobre você. Para me tornar mais íntima comigo mesma e consigo. Para me descobrir, preservar-me, construir-me, alcançar autonomia. Para desfazer os mitos de que sou uma profetisa louca ou uma pobre alma sofredora. Para me convencer de que tenho valor e que o que tenho para dizer não é um monte de merda. Para mostrar que eu posso e que eu escreverei, sem me importar com as advertências contrárias. Escreverei sobre o não dito, sem me importar com o suspiro de ultraje do censor e da audiência. Finalmente, escrevo porque tenho medo de escrever, mas tenho um medo maior de não escrever.

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