Dados secundários para complementar projetos de Ux Design

Julia Moimas
grupodeestudos
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4 min readJun 5, 2024

Uma memória me lembrou de metodologias pouco exploradas em UX Design, mas que elevam a qualidade da entrega fina.

Prateleira cheia de livros coloridos, em uma biblioteca.
Photo by Zaini Izzuddin on Unsplash

Minha jornada profissional começou em uma agência de design de embalagens fazendo pesquisa de mercado e, lá, todo projeto começava com um estudo de concorrentes e tendências para explorar as oportunidades do mercado e oferecer aprendizados poderosos para a criação das artes das embalagens. Quatro anos depois, em uma equipe de pesquisa UX, notei uma lacuna, pelo menos aqui no Brasil, em que é um hábito começar a pesquisa diretamente com entrevistas, questionários ou outras metodologias.

No ano passado, um flash de memória me trouxe a lembrança desse processo de começar projetos e tentei aplicar essas metodologias no contexto de ux design. O resultado, como no contexto passado, foram aprendizados que enriqueceram o planejamento de pesquisa, porque aprofundaram o escopo da investigação ao sugerir hipóteses mais completas. Além disso, depois da execução dos métodos "habituais", consegui maior representatividade dos comportamentos descobertos ao relacioná-los com dados de mercado.

A pesquisa de dados secundários consiste em uma abordagem que consolida informações já existentes em aprendizados em uma nova pesquisa.

Dados secundários são dados previamente coletados por outras fontes, como estudos acadêmicos, relatórios de mercado, artigos, bases de dados públicas, pesquisas anteriores e dados de concorrentes. Nesse artigo, vou explorar duas metodologias dessa abordagem: Desk Research e Benchmark, e como eu as uso em projetos de UX Design.

Na minha experiência, costumo usar os dados secundários em dois momentos dos projetos de pesquisa. Primeiro para entender e enriquecer o contexto do objetivo da pesquisa, e ao final da metodologia principal para escalar os resultados e aumentar a representatividade dos aprendizados.

Desk Research

Desk Research é o processo de conhecer o contexto em que o projeto está inserido a partir de dados de mercado, pesquisas passadas e tendências. O objetivo dessa metodologia é levantar mais hipóteses sobre o problema e, em um segundo momento, embasar os resultados da pesquisa.

Na prática, é pesquisar na internet o que o mercado, grandes institutos de pesquisa, empresas de mídia, institutos ou comunidades de referência já divulgaram de informações sobre o assunto. Sabe aquele dado que o IBGE divulgou? Ou um comportamento consolidado sobre os Millennials? Podem ser dados que você pode aproveitar na sua pesquisa.

Um exemplo, se de alguma forma você identificou que a maioria da amostra da pesquisa tem entre 28 e 43 anos, podemos afirmar que fazem parte da geração Millennial, pois nasceram entre 1981 e 1996. A partir dessa informação, você pode pesquisar comportamentos dessa geração e criar hipóteses de como essas características afetam o seu contexto.

Benchmark

A melhor definição de Benchmark que já conheci é da minha amiga Renata Bastos, que Benchmark é olhar a grama do vizinho! E é literalmente isso, é o processo de comparar práticas, produtos e serviços da sua empresa com concorrentes diretos, indiretos e cenários análogos. O objetivo é identificar padrões, melhores práticas e áreas de melhoria.

Aqui vale o "cliente oculto", em que você usa o produto do concorrente, analisando o seu objetivo de pesquisa. Para o estudo ser assertivo, você precisa de uma lista dos concorrentes e a definição do que você quer analisar, para parametrizar a análise e ter um padrão comparativo.

O Benchmark pode ser uma ótima fonte de inovação porque você pode ampliar o campo de análise para cenários análogos ao seu produto ou empresa. Cenários análogos são soluções fora do contexto, mas com algum processo ou detalhe semelhante. Por exemplo, se estamos analisando a experiência de avaliar um atendimento de um banco, podemos incluir experiência de avaliação de delivery no benchmark, para aumentar a referência.

Considerações importantes

Saber o que buscar

A internet é um mundo sem fim e uma vez que você pesquisa por um tema é bem fácil se emaranhar em outros temas relacionados e perder o controle da pesquisa. Por isso, eu gosto de me atentar ao planejamento de pesquisa e ter clareza do que eu vou pesquisar e ter ciência do momento de parar de pesquisar.

Saber onde buscar

De novo, a internet é um mundo sem fim e as fake news não têm limites. Então, para manter a qualidade da sua pesquisa é imprescindível usar informações de fontes confiáveis e renomadas.

Uma fonte confiável é um instituto de pesquisa, veículos conhecidos de mídia, consultorias e sites do governo ou suas instituições.

Há um tempo, eu organizei essa biblioteca para facilitar minha vida e pode ser útil ter como apoio: https://juliamoimas.notion.site/Biblioteca-para-Desk-Research-e7848ca972f142acad784d35c8ac38db?pvs=4

Saber como buscar

Não tem muito segredo, é pesquisar no Google.

Quanto mais específico for o tema de busca, mais assertiva serão as referências. Em uma busca você pode encontrar um tema relacionado ao objetivo e evoluir a pesquisa a partir dele.

Pesquisar em outros idiomas e países é interessante para contextos macro e para descobrir concorrentes indiretos como fonte de inspiração. Mas com cuidado para adaptar informações comportamentais para o contexto ao Brasil.

A pesquisa de dados secundários, especificamente Desk Research e Benchmark, é uma ferramenta que enriquece os projetos de UX Design. Ao aproveitar informações existentes, podemos acelerar o processo de descoberta de aprendizados, economizar recursos e obter uma visão rica e detalhada do ambiente competitivo. Incorporar essas práticas no processo UX Design eleva a qualidade das análises, e também fortalece a base para decisões estratégicas mais informadas e eficazes.

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Julia Moimas
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