As camadas do design

Gabriela Cavagliero
Grupo OLX Tech
Published in
5 min readSep 20, 2021
Dribble

Nos últimos anos o design vem se destacando e desempenhando um papel importantíssimo na estratégia de uma companhia. As empresas estão começando a entender como o design pode ajudar e mudar o rumo das coisas dentro do negócio, pensando de forma inovadora e competitiva.

O design proporciona novas oportunidades e garante que a experiência dos stakeholders envolvidos seja a melhor possível, ou até mesmo aquela experiência inesquecível que impacta em todos os níveis.

Quem se preocupa com o crescimento do seu negócio precisa inovar sempre, buscando oferecer vantagens competitivas quando comparado aos seus concorrentes. O design entra de forma estratégica, como uma das melhores ferramentas para ajudar as empresas a obter esse diferencial.

Afinal, além de construir produtos e serviços fascinantes, o design precisa fazer com que o que está sendo ofertado seja percebido pelos clientes de forma positiva para tornar um relacionamento duradouro, garantindo um ganho para todo o ecossistema.

O mercado percebeu essa necessidade e a Invision trouxe insights importantes para todos nós. Em 2018, realizou uma pesquisa com base em 2.229 entrevistados, onde posicionaram as empresas em um dos seguintes níveis de maturidade de design.

https://www.invisionapp.com/design-better/design-maturity-model/

Explicação sobre o gráfico acima:

Artefato visual (41% das empresas): Quando o design é visto somente como “coisas bonitas”, como deixar as telas bonitas para os clientes. O design gráfico.

Conector através de metodologias (21% das empresas): As equipes de design nessas organizações desenvolveram processos mais colaborativos, como sessões de trabalho conjuntas e ferramentas integradas com colegas que não trabalham com design.

Operação estruturada e escalável (21% das empresas): Essas empresas foram além dos processos básicos de design participativo e têm propriedade compartilhada, clareza de funções, responsabilidade conjunta com os principais parceiros e mais documentação de suas práticas de design agora mais substanciais.

Visto como ciência pela corporação (12% das empresas): As organizações neste nível são mestras em design orientado por dados com práticas sofisticadas para análise, pesquisa de usuário e monitoramento e medição do sucesso de esforços específicos.

Direciona a estratégia do negócio (5% das empresas): Essas empresas são robustas em todas as dimensões de maturidade, mas o que realmente as separa das outras é o envolvimento do design na estratégia.

A alta maturidade do design significa redução de custo, melhoria da marca, ganho de receita e melhora o posicionamento no mercado, ou seja, investimento em design se relaciona com os resultados financeiros. E é muito legal ver como o design entrega um valor além do “sentimental” ou estético no relacionamento com clientes, afinal estamos falando de custo monetário.

E você consegue identificar em que nível sua empresa está?

O design na estratégia do negócio

Primeiro de tudo, vamos entender como definir a estratégia.

A estratégia é definida por um grupo de atividades que o objetivo é entregar valor para o negócio. Não é só entender quanto custa, quanto gera de receita, embora isso também seja importante. A construção de uma estratégia visa interligar atividades entre tempo e dinheiro.

Quando estamos falando de estratégia, estamos falando de uma construção de experiência, onde precisa ser sustentável e justificável para os que pagam a conta.

O livro design para negócios na prática de Tim Brown deixa um exemplo de um sistema de atividades para que tenhamos uma visão estratégica:

  • Eixos centrais: atividades principais que, juntas, definem como a empresa cria valor de forma única.
  • Atividade de suporte: atividades específicas que fortalecem os eixos centrais.
  • Ligações: a forma como os eixos centrais e as atividades de suporte se relacionam e se reforçam mutuamente para criar valor.

A ideia aqui é mostrar que existe uma sinergia entre as atividades e que isso no final gera o grande diferencial do seu produto ou serviço. E maturidade tem a ver com isso, não é apenas o produto, a melhor usabilidade, mas sim todo o sistema de atividade que compõe o seu produto e/ou serviço.

Eu costumo dizer que são as camadas do design que atuam na construção da experiência incrível.

Você já parou pra pensar qual é o grande diferencial do seu produto? O que torna seu produto competitivo?

Geralmente, acreditamos que o diferencial do nosso produto é ter uma boa usabilidade, este é um dos caminhos de uma boa experiência. Mas há várias outras coisas em jogo que determinam ser diferente e competitivo.

Entenda, só ter a melhor usabilidade não te faz competitivo no mercado.

Ao olhar para a experiência, precisamos cultivar a nossa visão sistêmica e pensar no todo — desde a concepção da venda até mesmo a decisão de qual tecnologia será usada para desenvolver o produto. Tudo isso faz parte da experiência.

A usabilidade é o meio desta construção. Para sermos competitivos precisamos pensar no ecossistema, criar valor para o usuário final e, também, para todos os stakeholders envolvidos. Precisa existir uma troca de valores.

E é por isso que o design é tão estratégico e importante para a empresa.

O livro design para negócios na prática ilustra uma tabela muito legal falando sobre o valor do design para o mercado e para a empresa:

Livro design para negócio na prática

Estamos falando que design não pode ser apenas uma ação tática, precisamos torná-lo parte da estratégia organizacional.

Seu cliente quer o seu produto e para chegar até ele passará por algumas camadas, que podemos chamar de experiência. Traduzindo: ele terá várias oportunidades de viver experiências fantásticas. É um conjunto de fatores que conspira para que possamos garantir um cliente satisfeito e um produto incrível, e é por isso o design para o negócio é muito importante. Precisamos entender nosso cliente e a sua experiência com o serviço e falar mais sobre negócios e menos sobre features.

Como diz no livro isto é design de serviço na prática: "A experiência da nossa oferta é filtrada pela percepção que o cliente tem sobre nosso comportamento, nossa expertise, nossos processos, nossos sistemas e ferramentas. O cliente só percebe as soluções através dos véus e de todas as camadas, começando pela camada mais externa".

E pra você, o que compõe a camada do design?

Livros e links que utilizei para este texto:

  • Design para negócios na prática — Tim Brown;
  • Isto é design de serviço na prática — Stickdorn / Hormess / Lawrence / Schneider;
  • Ivisionapp.com.

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