Virei estagiária de UX Research, e agora?

Nicole Cruz
Grupo OLX Tech
Published in
5 min readNov 1, 2023

Esse artigo é para você que está pensando em se candidatar a uma vaga de estágio de UX Research ou foi chamado para um e está perdido sem saber por onde começar, espero te ajudar :D

Entrei recentemente no meu primeiro estágio de UX Research, quando recebi a proposta de entrar na vaga, procurei sobre o que um pesquisador fazia na prática e, me senti bem desamparada por não encontrar materiais falando sobre a experiência de estagiar nessa área. Por este motivo, decidi falar sobre como tem sido minha experiência até aqui, queria muito ter encontrado um material sobre isso quando iniciei e espero poder te ajudar.

Antes de entrar no estágio de Research, trabalhava na área da Comunicação, e para mim existia apenas pesquisa de campo, aquela em que o profissional sai na rua entrevistando as pessoas. Tinha essa ideia formada na minha cabeça sobre pesquisadores. Acreditava que o pesquisador teria uma rotina bem operacional, que as demandas viriam prontas que eu só executaria a pesquisa e entregaria os resultados brutos. Mas me deparei com um cenário diferente, a pesquisa é extremamente estratégica. E o papel de nós, pessoas pesquisadoras, é direcionar e apoiar os times de produto nas tomadas de decisões, conectando as necessidades do usuário ao objetivo do negócio.

Aprendizados, ‘receita de bolo’ e etapas

Talvez, o maior aprendizado de todos, foi entender que pesquisa não tem uma única forma de ser feita e nem uma ‘receita de bolo’. Existem inúmeros métodos, e várias formas de chegar no resultado que precisa. O processo de discovery de produto não é linear, mas existem etapas que nos orientam nas definições de projetos, como por exemplo, a definição do problema, o que queremos descobrir, tudo isso muito baseado em objetivos da empresa e dos times e pasmem, pesquisa está presente em toda essa jornada, desde a definição, até a validação de nossos soluções.

Depois de termos definido nossos objetivos, que podem emergir de diversas fontes de informações. É hora de desenhar nosso estudo, as research questions, nos auxiliam nesse direcionamento, elas nada mais são que as perguntas que queremos responder com aquele objetivo de pesquisa. com a clareza do que queremos descobrir é hora de definir com quem falar e como fazer.

A definição da amostra nos ajuda a entender quem são as pessoas capazes de nos darem insumos efetivos, a fim de responder nossos objetivos de pesquisa.

Para ficar mais claro, imagine que queremos entender o processo de compra de um imóvel, quem seriam as pessoas capazes de nos darem essas informações? Justamente, pessoas que já tenham passado por essa experiência, então, não faz sentido conversarmos com quem nunca passou por esse processo.

Já a definição do método, nos ajuda a entender a melhor forma de alcançarmos nossos objetivos de pesquisa. Por exemplo, se queremos ter resultados numéricos, optamos por métodos quantitativos, já quando queremos entender em profundidade as necessidades, dores, optamos pelo qualitativo. Se queremos testar uma solução, podemos partir para o teste de usabilidade, mas se essa solução já foi validada pelos usuários e estamos em uma etapa de experimentação, podemos partir para um teste A/B. Enfim, uma variedade imensa de formas de coletarmos esses resultados.

Método e experiência

Na minha vivência como pesquisadora, um dos pontos mais críticos que gostaria de dividir com vocês, é a questão de recrutamento — o contato e convite ao usuário para agendamento das atividades — que pode ou não acontecer dependendo do método escolhido. É dificultoso o contato com essas pessoas e pode acontecer do usuário não comparecer a entrevista, tornando moroso essa etapa. Com isso, aprendi a importância de lidarmos com as adversidades e sobre a resiliência do pesquisador.

O método que mais tive contato até agora, foi a pesquisa qualitativa, onde nos comunicamos diretamente com o usuário. No começo me senti mais apreensiva e tensa, e isso pode acontecer com você também, pois não é um ambiente que temos total controle, não sabemos o que o usuário irá falar, se vai te entender ou até mesmo se ele usará esse momento para expressar seus desapontamentos com a empresa, o que torna o momento bem mais delicado. Inclusive, esse é um dos pontos de desenvolvimento que mais quero atacar e estou me preparando para isso.

O que descobri e que pode te inspirar

Iniciei falando que achei que o pesquisador só fazia as entrevistas, mas aprendi que participamos do processo como um todo, inclusive da análise e síntese dos dados brutos. Para mim, essa etapa tem sido uma das mais desafiadoras, principalmente, por não existir um passo a passo a ser seguido. Percebi que cada pessoa tem a forma de analisar, e ainda estou encontrando a minha, mas posso dizer, que análise nada mais é do que encontrar um caminho que faça sentido em meio à grande quantidade de informações. Ela tem o objetivo final de gerar insights de qualidade para o direcionamento dos times, seja elencando padrões de comportamento, sinalizando o bom ou mau funcionamento de nossas soluções, trazendo foco a pontos importantes, entre outros.

E no final de todo esse processo, temos a documentação e a apresentação de todos esses resultados. A documentação dos resultados de pesquisa é extremamente importante para não perdermos esses insumos e podermos passá-lo entre as pessoas, tornando ele acessível e democrático entre todos. E na apresentação, precisamos passar esse conhecimento que adquirimos durante a pesquisa para o restante do time.

Mas, ter essas inseguranças e medos no começo é normal e totalmente compreensível, mas elas podem ser amortecidas se o ambiente em que você estiver seja propício para o seu desenvolvimento, como é aqui no Grupo OLX. Aqui temos mentoria, onde temos uma pessoa da área ao nosso lado durante o estágio dando todo o suporte necessário para esse desafio, nos ensinando e nos desafiando a entregar nosso melhor. Entrei em um time super solícito e acessível, onde todos se fazem abertos para compartilharem as aprendizagens. Além claro, da relação próxima do nosso gestor e a prática da cultura e carreira (gestão de expectativas), que nos ajudam a entender onde queremos chegar e nos mostram o que precisamos desenvolver para isso. Fora além do trabalho como time de Design ao todo, trabalhar com diversos times que falam sobre diversos temas é um aprendizado absurdo e enriquecedor demais.

Obrigada por me acompanhar até aqui, espero ter te ajudado e te instigado a conhecer mais sobre essa área incrível que é UX Research. Tem sido incrível me desenvolver tanto, e quem sabe daqui um tempo volto com atualizações sobre talvez uma contratação? 🫣 Até mais.

E eu sou a Nicole, apaixonada por gatos e pelo mar, meu hobby preferido é tirar fotos de pessoas e de paisagens. Adoro cozinhar para desestressar. Amo viajar e conhecer lugares e culturas novas ✈️ 🌎

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