#TecnometodologiasTCAv: Atualizações audiovisuais do fotojornalismo na web

Audiovisualidades e Tecnocultura (TCAv)
grupotcav
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4 min readNov 20, 2021

Os textos que compõem esta seção constituem uma investigação dos procedimentos técnico-metodológicos utilizados nas pesquisas de mestrado e de doutorado de integrantes e de egressos do Grupo TCAv.

Título do trabalho: Atualizações audiovisuais do fotojornalismo na web
Nível: Mestrado
Autor: Vlademir Canella
Ano de defesa: 2016
Orientador: Sonia Estrela Montaño La Cruz
Tags: audiovisualidades; fotojornalismo; web;
Link da dissertação: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/5238

Vlademir é graduado em Jornalismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e com especialização em Marketing e Comunicação pela ESPM-Sul. Já atuou como repórter fotográfico, docente, cinegrafista e, atualmente, é empreendedor em Porto Alegre. A sua dissertação junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), na linha de Mídias e Processos Audiovisuais, abordou um modo audiovisual de olhar para a fotografia que se apresenta na web.

Neste ambiente, a fotografia é articulada de forma diferente, encontrando outras possibilidades na construção de códigos por meio de imagens. A pesquisa entende o fotojornalismo, a partir de Bergson, como uma atualização que carrega em si certa virtualidade. São superfícies codificadas que carregam consigo memórias; constroem sentidos; proporcionam experiências e se atualizam a partir das mídias.

O primeiro movimento metodológico do pesquisador foi cartografar os empíricos onde tais virtualidades se atualizam. Partiu de uma navegação errante por sites que se intitulam como jornalísticos, seguindo trilhas que dessem a ver certas qualidades do fotojornalismo, até se deparar com um jornal que ensaia modos de atualização próprios do meio: El País, da Colômbia, mais especificamente a seção Reportaje 360º, no web site.

Reportaje 360º é considerada uma seção multimídia que, por meio de suas peças jornalísticas, representa o fotojornalismo em potência na web. Ao invés de um espaço específico que reúne várias mídias dentro de uma seção, apresenta o multimídia como dinâmica, numa mesma composição de vídeo, áudio, fotografia, gráficos, etc. Por este motivo, Canella utilizou a metodologia das molduras, desenvolvida por Suzana Kilpp, para avançar em suas investigações.

Dissecações

Na seção escolhida, o pesquisador dissecou a reportagem “Cali, La ciudad que no duerme” (2010), por ter sido a primeira a ser veiculada e também pelo reconhecimento internacional que obteve, a fim de perceber o lugar da fotografia, do fotojornalismo e da própria internet nessa construção. Durante sua navegação investigativa pelas interfaces da reportagem multimídia, confirmou a proposta voltada às mídias audiovisuais, tendo como centro o fotojornalismo.

Na unidade “El travesti” percebeu a convergência da fotografia com a voz da personagem. Tal combinação confere legitimidade e aguça o imaginário. Já na peça “Tango y milonga” destacou a utilização de fotografias em 360º, somadas a um trilha sonora vibrante de tango argentino e composições visuais de cores quentes. Ao posicionar o ícone do mouse em pontos da tela, são oferecidas janelas de informações a respeito de uma casa noturna e seus personagens. Configuram, assim, como ethicidades construídas a partir desses elementos técnicos facilitados pela tecnologia digital e o meio web.

Também foram dissecadas as subseções que visam estreitar relações com os usuários, como “Cali virtual”, construída a partir de um mapa interativo da respectiva cidade colombiana, com trilha sonora, efeitos tridimensionais, janelas informativas, fotos e legendas; “Galeria 360”, a mais linear, apenas com movimentos de avanço e retrocesso, sem possibilidade de leituras alternativas; “Outras miradas”, cujo espaço reúne fotos a partir do olhar de pessoas que não participaram da produção; e “Participa”, o canal para que o conteúdo chegue até o jornal.

Possibilidades de convergência

A dissertação apresenta como o fotojornalismo se atualiza na internet, desde botões de opinião e compartilhamento até a randomização de conteúdos. Diferente do impresso, as reportagens se apresentam como um espaço não completamente fechado, possibilitando atualizações constantes de conteúdo. Uma das molduras fundamentais é a codificação que passa a convergir para uma única linguagem. Ou seja, o digital permite que uma reportagem possa ser integrada por múltiplas mídias dentro de um único meio.

Foram dissecadas reportagens que agregam vídeos, infográficos, animações eletrônicas, áudios diretos, sonoplastias, montagens cinematográficas, informações textuais, depoimentos, entrevistas, participação do usuário e, principalmente, o fotojornalismo que está no centro de tudo, sendo este moldurado pelas sucessivas interfaces ao mesmo tempo em que as moldura. Tal investigação se deu pensando a fotografia na sua montagem e como ela se insere tanto na audiovisualização da cultura quanto na audiovisualização do fotojornalismo.

Texto: Max Cirne

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Audiovisualidades e Tecnocultura (TCAv)
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Grupo de pesquisa Audiovisualidades e Tecnocultura: Comunicação, Memória e Design (TCAv), vinculado ao PPG em Comunicação da UNISINOS.