As Primeiras Impressões de um Agilista das Galáxias (Episode I - 1st)

Episódio I — Sobrevivendo à Vida na Selva

Ainda me lembro de quando eu saí do interior em direção aos grandes centros urbanos, buscando um contato de 1º grau com o mercado de trabalho na área de TI. Me lembro de alimentar expectativas carregadas de entusiasmo. Seria como o sentimento de um viajante, que tem um mundo inteiro para conhecer. Ou talvez como um explorador intergalático, com um universo de coisas para descobrir, já imaginando (ou pressupondo) as milhares de experiências positivas que estão aguardando logo ali, após o horizonte ou depois de uma primeira dobra espacial.

Eu especificamente, tive o privilégio de começar minha jornada tripulando uma equipe de agilidade muito boa, experiente, comprometida e com uma boa noção dos trajetos e direções que estavam seguindo. Com esse background eu tive ótimos mentores que me ensinaram princípios muito úteis para exploração, sobrevivência e efetividade profissional. Esses princípios foram muito importantes no avanço da minha jornada como desenvolvedor e agilista. Nem todo mundo tem um privilégio como esse no mercado de software atual.

Pelo contrário, muitos desenvolvedores iniciam sua jornada a bordo de equipes que tem pouca ou nenhuma noção de pra onde estão caminhando. Eles caem de paraquedas em projetos furados, com desafios pouco atraentes e são alocado ali para desempenhar uma atividade qualquer de menor importância e dificuldade. Desmotivados e sem muita perspectiva de chegar em algum lugar, eles aguardam anos e anos trabalhando e colaborando para acumular alguma experiência que seja realmente gratificante. Alguns levam anos para receber algum reconhecimento, outros navegam de projeto em projeto sem rumo, acumulando uma série de vícios e más práticas, com dificuldade de confiar, reaprender e adaptar-se aos ambientes cada vez mais dinâmicos e hostis.

Mas o que fazer diante das experiências negativas que nos sobrevêm? Se resignar ante os próprios limites? Se render à frustração diante da incapacidade de encontrar o caminho ideal para o destino tão sonhado? Eu nem sempre estive tão resguardado como naquela época. A vida nos proporciona um universo de destinos, e as nossas rotas vão se dividindo. É nesse momento que temos que enfrentar sozinhos essa imensidão que separa o despertar de um sonho e a realização daquilo que se sonhou. Para seguir adiante é preciso amadurecer, aprender a lidar com a insegurança, substituir a passividade por posturas mais assertivas, enfrentando os problemas e assumindo a responsabilidade diante dos fracassos.

Quem nunca desejou estar a bordo de uma frota estelar, cheia de experiências legais e um ambiente hype como na tripulação de uma USS Enterprise, com cases de sucesso e muitas facilidades? Mas às vezes, o que a vida nos proporciona é um pedaço de sucata velha, uma porção de inimigos perigosos, diversas perseguições e capturas. E como em Han Solo e sua Millennium Falcon, cabe ao aventureiro conduzir sua própria jornada pelas estrelas e buscar com determinação vivenciar tudo aquilo que está ao seu alcance. Tudo isso, enquanto avança e persegue seus objetivos, com responsabilidade, sem nunca esquecer das lições aprendidas, tampouco sem medo de lançar-se no improvável.

Boa sorte nessa sua jornada, caro explorador.

May the agile be with you.

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