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MASP resgata e divulga o trabalho de artistas mulheres

Guia Maria Firmina
guiamariafirmina
Published in
3 min readAug 21, 2019

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O MASP, museu de arte de São Paulo, abre a exposição, na verdade, as exposições que guiam o eixo temático do museu em 2019. Elas são divididas em duas grandes seções: “Histórias das Mulheres” e “Histórias Feministas”.

Assim como todos os anos anteriores, a programação do MASP é guiada por um eixo temático, em 2017 forram as Histórias da sexualidade, e 2018, as Histórias afro-atlânticas. Neste ano, pela primeira vez, o eixo serão duas exposições paralelas, Histórias das mulheres e Histórias feministas, com o objetivo de resgatar e divulgar o trabalho de artistas mulheres, além de pensar sobre possíveis desdobramentos do feminismo nas artes.
A mostra “História das mulheres” busca reposicionar a obra de artistas que trabalharam até o final do século 19, ao discutir a diferença de valor entre o universo masculino e o feminino e também entre arte e artesanato. A Coletiva, com obras de artistas mulheres que atuaram até 1900, revela e questiona a construção de narrativas na história da arte a partir das desigualdades de gênero.

A grande vantagem de uma exposição coletiva como esta, além de finalmente expor e valorizar o trabalho das artistas, é poder reunir artistas tão diversas esteticamente, com temáticas e técnicas diferentes, mostrando que não existe um “modo feminino” de criar, mas sim, muitas vozes reunidas em torno do termo “mulher”. Por outro lado, “apresentar as mulheres como grupo nos ajuda a repensar desigualdades e distorções de gênero, construídos socialmente”, diz Mariana Leme, curadora assistente do MASP.

Foto: Imri Sandström — Judith Slaying Holofernes

Já questionamos aqui no Guia onde estão as mulheres na história arte, e uma das respostas é: guardadas nas reservas dos museus. Pois é, não que as mulheres não produziram nada esse tempo todo, elas só não foram vistas, e mesmo quando vistas, foram apagadas. Mostras coletivas feitas exclusivamente com o trabalho de mulheres vêm sendo realizadas há mais de cem anos, e em vários lugares do mundo. Alguns exemplos são as exposições da Union des femmes peintres et sculpteurs [União das mulheres pintoras e escultoras], em Paris na década de 1880. Por que, então, durante tanto tempo, os historiadores da arte decidiram ignorar o trabalho de quase todas as mulheres artistas?

Já a mostra “Histórias feministas” procura mostrar como o feminismo segue influenciando a criação artística, interseccionando lutas, narrativas e conhecimentos, e propõe, por meio da arte, perspectivas feministas para o presente. A exposição reúne artistas, coletivos e ativistas que trabalham a partir de perspectivas feministas, ampliando o debate que ganhou visibilidade nos anos 1960 e 70, mas que segue em plena efervescência.

“A ideia não é mapear a produção de artistas a partir de um recorte geracional, mas entender como os feminismos vêm sendo utilizados como ferramentas para desmantelar narrativas e transformar a maneira como algumas histórias vêm sendo escritas. A mostra reúne artistas que têm e não têm o feminismo como questão central de sua obra, mas que, de alguma maneira, abordam assuntos urgentes a partir de perspectivas feministas”, diz a curadoria assistente do MASP, Isabella Rjeille.

Foto: Maria Verelst — Portrait of Anne Blackett

A exposição não deixa de considerar as questões de gênero em relação a classe, raça, etnia, geração, região, sexualidade e corporalidade, entendendo esses elementos como fatores que transformam radicalmente e tornam mais complexas as experiências das mulheres ao redor do mundo.

“Abordar histórias feministas no século 21 significa partir de um tempo presente, em plena construção e urgência — um tempo que implica não apenas repensar seu passado e rever os legados deixados por artistas, teóricas e ativistas, mas também imaginar o futuro”.

Quando? 23/8 a 17/11/2019. Terça-feira a domingo, 10h às 18h
Onde? MASP| Avenida Paulista, 1578
Quanto? R$20 a R$40, entrada gratuita às terças-feiras

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Guia Maria Firmina
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Projeto criado para divulgar o trabalho de mulheres artistas. Por Taís Cruz e Victória Durães