Rafiki, o filme proibido no Quênia por falar de amor

Guia Maria Firmina
guiamariafirmina
2 min readAug 7, 2019

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Você sabia que no Quênia a homossexualidade é crime? Isso mesmo, ainda em 2019 temos países que criminalizam o amor entre pessoas do mesmo gênero. Mas não é esse o assunto principal do filme Rafiki. O trabalho, inspirado no conto Jambula Tree, da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko, fala de amor. Um amor puro e verdadeiro que Estado e religião tentam controlar, mas não conseguem.

Kena e Ziki são de famílias politicamente rivais, mas apesar disso, começam uma amizade cheia de cumplicidade e apoio. “Amigo”, inclusive, é o significado de Rafiki, uma palavra suaíli. A amizade, porém, começa a se transformar, e quando o amor é percebido, as duas precisam escolher entre a felicidade juntas e a segurança de seguir o que os outros consideram normal.

Dirigido por Wanuri Kahiu, o filme retrata com delicadeza o desenvolvimento do amor entre Kena e Ziki, trazendo como pano de fundo os questionamentos internos que surgem a partir da religião e do machismo. Mesmo sendo sutil em sua abordagem, o filme foi proibido no Quênia: o governo afirmou que o trabalho promovia o lesbianismo. O longa não é de 1930, mas de 2018, e mesmo recorrendo judicialmente, Wanuri conseguiu exibir o trabalho em seu país somente por uma semana.

Proibido em seu país, prestigiado pelo mundo. Rafiki foi o primeiro longa queniano a ser exibido no Festival de Cannes, integrando o Un Certain Regard, mostra paralela à seleção oficial do festival francês.

Vamos falar de Brasil? Por aqui, Kena e Ziki apareceram nas telas da 42ª Mostra Internacional de Cinema SP (2018) e Mostra de Cinemas Africanos (2019). Porém, a partir do dia 8 de agosto (quinta-feira) Rafiki estreia no circuito nacional comercial. Incrível, né? No mês da visibilidade lésbica, poder contar com um filme sobre duas mulheres negras que se amam é poético e revolucionário em um nível absurdo — do jeito que gostamos e apoiamos.

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Guia Maria Firmina
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Projeto criado para divulgar o trabalho de mulheres artistas. Por Taís Cruz e Victória Durães