A Skol nos mostra que o mercado não é machista. As pessoas são.

Como uma marca de cerveja é um ótimo caso de estudo das relações sociais.

Gustavo de Paula
Having Fun
3 min readMar 9, 2017

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Pare por um minuto. Pense sobre entidades que possuímos hoje na sociedade. Qualquer uma, seja desde o grupo de vizinhos do bairro, até um país inteiro. Seja qual for a entidade que tenha pensado, a menor parte, a menor minoria desta entidade é o indivíduo.

E uma entidade não pensa. Apenas os indivíduos que estão dentro daquela entidade pensam e agem. E o mercado não é diferente. O mercado é simplesmente uma entidade abstrata onde indivíduos realizam trocas voluntárias.

E o mercado é dinâmico. Consegue responder muito rápido à estímulos. E sendo uma entidade composta por pessoas, se machismo e outros formas de preconceito e discriminação forem toleradas por essas pessoas, haverá produtos e serviços com propaganda e conteúdo de mesmo teor.

E felizmente ou infelizmente, o mercado usará da moral e valores vigentes para vender produtos e serviços. O ponto ruim que podemos citar é que em uma sociedade onde o machismo é tolerado, haverá propagandas machistas.

Porém, ao passo que a sociedade se torna cada vez mais igualitária e fraterna, o mercado e as corporações e indivíduos inseridos neles usarão disso para fazer propaganda. E adotarão esses valores para si.

Caso de estudo

Bom, o que foi dito até agora foi a parte teórica, mas essas afirmações tem alguma base empírica? É possível observar essas mudanças no mundo real? Sim! É possível observar esses mudanças de tendência no mercado.

Podemos citar de exemplo, empresas como a Avon, que há não muito tempo atrás fez uma propaganda estava relacionada à questão de gênero. Ou mais recentemente, virou notícia da aparição de um beijo gay em desenhos animados. Também temos a propaganda da Coca-Cola…

Mas de todos os exemplos que podemos citar, o que mais me chamou atenção foi a Skol. Não só porque houve uma mudança de rumo no conteúdo publicitário, como também na próprio anúncio, a empresa admite que fez anúncios publicitários machistas e que estavam errados.

Não me leve a mal. Eu não acho que uma luz de bom-senso iluminou a cabeça dos executivos da Skol e clarearam tudo que estava de errado. Eles só precisaram ser inteligentes o suficiente para saber que se o rumo publicitário continuasse o mesmo, não seria bom para a empresa.

E como o bolso é o órgão que mais pesa, fizeram essa bela ação, o “Skol Reposter”, que cá entre nós, é uma campanha de marketing muito bem feita.

Não irei discutir ou apresentar juízo de valor quanto a moralidade dessas mudanças. Porém o que realmente está em jogo é, menos conteúdo publicitário machista sendo produzido.

E pode não ser uma revolução. E não é. É uma mudança, uma pequena mudança no caminho certo.

❤ 2017 por Gustavo de Paula. Sharing is Caring.

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Gustavo de Paula
Having Fun

Software Engineer @ Loggi. Escritor, leitor e fotógrafo nos tempos livres. Amante da Liberdade.