As lições de Singapura para tornar o Estado eficiente (enquanto ele ainda é necessário).

Gustavo Ramos
Gustavo Ramos
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3 min readMar 10, 2019

Há cerca de 200 anos, Singapura era só mato. Daí veio Thomas Raffles com um tal de livre mercado.

Hoje, sua renda per capita de 56 200 dólares, superior à de Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.

Sem recursos naturais, tendo de importar até parte da água que bebe, essa pequena ilha deu um pulo do Terceiro para o Primeiro Mundo em apenas duas gerações, atraindo atenção de especialistas em desenvolvimento econômico.

Para compreender o sucesso de Singapura é vital analisar o papel do governo. Nas últimas décadas, nenhum outro país foi tão bem-sucedido na criação de um Estado moderno.

O governo de Singapura, ao contrário do brasileiro, não se propõe a oferecer todos os serviços. Mas é imbatível naquilo que faz.

O país conseguiu criar uma cultura de profissionalismo no serviço público. Integrantes da carreira pública têm uma remuneração fixa e outra variável. O tamanho do bônus é determinado pela performance do PIB e por uma avaliação pessoal dos últimos 12 meses e o potencial de cada um.

Esse modelo foi adotado na década de 80 por influência de Lee Kuan Yew, que dizia que faria o que fosse correto, não “politicamente correto”.

O principal resultado da estrutura meritocrática de Singapura é um Estado com um enorme poder de execução das políticas públicas.

O país gasta apenas 3,3% do PIB em educação, mas seus alunos são os segundos em matemática e ciência do Pisa, o exame da OCDE. O Brasil gasta mais de 6% do PIB e o resultado já sabemos qual é.

Singapura tem o melhor ambiente regulatório para a criação e a operação de uma empresa, segundo o ranking Doing Business – o Brasil aparece na 116ª posição.

A “receita” de Singapura: livre mercado, governo limitado, império das leis, redução permanente da burocracia e privilégios, meritocracia, moeda forte, baixa regulação e tributação, respeito à propriedade privada e ao empreendedorismo, foco no que é essencial e modernização permanente do Estado.

O Estado tem que ser modernizado até chegar ao seu ápice: ser desnecessário.

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Gustavo Ramos
Gustavo Ramos

Fã da liberdade, do comportamento humano, inovação, mercado, empreendedorismo, tendências, história, política, café, psicanálise, gente e da @esentiabrasil .