Chega de se esconder

Não tem jeito.

Eu já entendi.

Eu e você não temos muita escolha.

Temos que gostar de nós mesmos.

Você tem que gostar de quem você é. Eu tenho que gostar de quem eu sou.

E pra gostar de quem eu sou, tenho que ter uma vida mais parecida com o que sonho viver. Com o que a minha alma sonha viver.

Se eu não gosto do meu trabalho, eu não consigo gostar de mim mesmo.

Se eu não consigo me relacionar com as pessoas que quero ter por perto, não consigo gostar de mim mesmo.

Se eu não consigo ficar confortável no silêncio, em meditação, comigo mesmo, então não tem possibilidade alguma de eu gostar de mim mesmo.

E pra gostar de mim mesmo, eu preciso olhar para dentro. Preciso ser honesto comigo mesmo. Preciso aceitar o desconforto.

Talvez o desafio seja ficar confortável no desconforto.

É preciso parar de se esconder.

Pode parecer esquisito isso, mas acho que é o único caminho possível para chegar mais perto de quem eu sou.

Saber que tudo muda, que não dá pra ter estabilidade e que pra seguir evoluindo e aprendendo eu preciso me desafiar.

E me desafiar não é saltar de para quedas, dobrar a meta ou correr uma maratona.

Me desafiar é ousar olhar ainda mais fundo. É olhar para dentro e aceitar mudar. Aceitar que não tem outro caminho a não ser se libertar de mais e mais amarras.

Não temos o costume de olhar para dentro. Olhamos com o rabo do olho. Com os olhos entreabertos e as mãos na frente do rosto para não enxergar. Como uma criança que se esconde atrás das mãos e olha entre os dedos. Mas precisamos respirar fundo e olhar com clareza para o que nos incomoda. Olhar para nossas dores.

Vivemos aceitando as limitações. Aceitando uma zona de conforto onde sabemos como as coisas funcionam. Onde temos um pouco de controle.

Quanto mais eu olho para dentro, mais eu me expando. Quanto mais sombras eu enfrento, maior eu fico. E quanto maior eu fico, mais força e confiança eu tenho.

E quanto mais confiança eu tenho, mais desafios eu consigo encarar. E quanto mais desafios eu consigo encarar, mais eu sinto que estou cumprindo minha função aqui.

E quando eu consigo cumprir minha função, eu estou sendo eu mesmo.

E aí eu gosto de quem eu sou.

E viver passa a ser uma alegria imensa. E eu me sinto grato por essa oportunidade.

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