Quando você não ama a si mesmo

Sobre como desenvolver amor próprio…

Gustavo Tanaka
Gustavo Tanaka
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3 min readApr 18, 2016

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Eu passei um ano e meio sem espelho em casa.

Não era nenhum tipo de superstição. Era vergonha mesmo.

Tinha vergonha de mim mesmo. Vergonha de me olhar no espelho.

Eu olhava no espelho e não gostava do que via. Não era apenas físico.

Eu achava que era apenas uma questão de não gostar da minha aparência.

Mas depois eu entendi. Era bem mais profundo que isso.

Era como se olhando no espelho, minha alma enxergasse uma pessoa que ela não queria ser. E isso doía.

Eu escovava os dentes sem me olhar. Fazia a barba sem me olhar. Arrumava o cabelo sem me olhar.

Entrava no elevador e virava de costas para o espelho.

Não queria mais sair em fotos.

Se tiravam fotos de mim, eu não queria ver.

Hoje eu entendo o que acontecia.

Eu não amava a mim mesmo.

E assim, eu esperava que as coisas fora mudassem para que eu pudesse me amar.

Que meus negócios prosperassem para eu me sentir melhor. Que o dinheiro entrasse para eu buscar tratamentos estéticos que me deixassem mais bonito. Que eu pudesse ter dinheiro para ter um personal trainer. Que eu fosse reconhecido para elevar minha auto-estima. Que eu pudesse ter tempo para me alimentar melhor…

Quem sabe assim eu conseguiria sair daquela espiral negativa e começar a gostar de mim.

Mas não é assim que as coisas funcionam.

A mudança nunca vem de fora.

Vem de dentro.

De dentro pra fora, dia após dia, a gente vai mudando.

Então eu comecei a mudar.

Passei a me permitir ser quem eu era.

Me permiti sonhar os sonhos que já havia sonhado.

Me permiti escrever sobre as coisas que tinha vontade de escrever.

Me permiti contar para os outros as minhas ideias.

Me permiti fazer as coisas que eu tinha vontade. Sem pensar que eu "tinha que" ou se "podia ou não podia". Eu apenas fazia.

E aí eu fui sendo eu mesmo.

Minha alma foi ficando mais feliz.

E hoje eu consigo me olhar no espelho.

Mas mais que isso.

Eu gosto de quem eu sou.

E eu me permito ser eu mesmo.

Talvez tudo isso seja muito difícil e distante para você.

Eu mesmo, quando não tinha espelho em casa, me encontrava em um lugar muito distante de onde estou hoje.

Por isso, não se cobre por nada. Não se culpe por nada.

Apenas faça a cada dia, pequenas coisas que mostrem para a sua alma que você quer ser você mesmo.

Apenas se permita.

Tome um banho demorado hoje. A água do mundo não vai acabar por causa do seu banho longo de hoje.

Escolha um prato no restaurante sem olhar para a coluna da direita, do preço. Talvez você pense que esse dinheiro vai te fazer falta. Mas semana que vem alguém vai te convidar e pagar o seu almoço. E aí você vai ver que esse dinheiro foi compensado.

Compre um presente pra você mesmo. Ninguém vai te chamar de consumista. Você está apenas cuidando de você.

Deixe sua casa em ordem. Crie um lugar onde você goste de viver.

Se tiver vontade de escrever, escreva. Escreva pra você. Não precisa mostrar pra ninguém.

Se tiver vontade de cantar, cante. Comece quando você está só. Quando ninguém está vendo.

Coloque música e dance. Dance quando ninguém estiver perto. E depois comece a ficar a vontade com gente perto também.

Desenhe. Mesmo que aquele professor tenha te falado que você não levava jeito.

Pegue um instrumento musical e toque. Mesmo que os outros se incomodem se o som não fica perfeito.

Não se preocupe com os outros. Se eles se incomodarem, deixem eles lidarem com seus próprios dragões.

Se permita ser você.

Um dia de cada vez.

Um tijolo por vez.

E em poucos dias você passará a gostar mais de você.

E quanto mais você gosta de você, mais as pessoas também gostam de você.

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