A Skol nos mostra que o mercado não é machista. As pessoas são.
Como uma marca de cerveja é um ótimo caso de estudo das relações sociais.
Pare por um minuto. Pense sobre entidades que possuímos hoje na sociedade. Qualquer uma, seja desde o grupo de vizinhos do bairro, até um país inteiro. Seja qual for a entidade que tenha pensado, a menor parte, a menor minoria desta entidade é o indivíduo.
E uma entidade não pensa. Apenas os indivíduos que estão dentro daquela entidade pensam e agem. E o mercado não é diferente. O mercado é simplesmente uma entidade abstrata onde indivíduos realizam trocas voluntárias.
E o mercado é dinâmico. Consegue responder muito rápido à estímulos. E sendo uma entidade composta por pessoas, se machismo e outros formas de preconceito e discriminação forem toleradas por essas pessoas, haverá produtos e serviços com propaganda e conteúdo de mesmo teor.
E felizmente ou infelizmente, o mercado usará da moral e valores vigentes para vender produtos e serviços. O ponto ruim que podemos citar é que em uma sociedade onde o machismo é tolerado, haverá propagandas machistas.
Porém, ao passo que a sociedade se torna cada vez mais igualitária e fraterna, o mercado e as corporações e indivíduos inseridos neles usarão disso para fazer propaganda. E adotarão esses valores para si.
Caso de estudo
Bom, o que foi dito até agora foi a parte teórica, mas essas afirmações tem alguma base empírica? É possível observar essas mudanças no mundo real? Sim! É possível observar esses mudanças de tendência no mercado.
Podemos citar de exemplo, empresas como a Avon, que há não muito tempo atrás fez uma propaganda estava relacionada à questão de gênero. Ou mais recentemente, virou notícia da aparição de um beijo gay em desenhos animados. Também temos a propaganda da Coca-Cola…
Mas de todos os exemplos que podemos citar, o que mais me chamou atenção foi a Skol. Não só porque houve uma mudança de rumo no conteúdo publicitário, como também na próprio anúncio, a empresa admite que fez anúncios publicitários machistas e que estavam errados.
Não me leve a mal. Eu não acho que uma luz de bom-senso iluminou a cabeça dos executivos da Skol e clarearam tudo que estava de errado. Eles só precisaram ser inteligentes o suficiente para saber que se o rumo publicitário continuasse o mesmo, não seria bom para a empresa.
E como o bolso é o órgão que mais pesa, fizeram essa bela ação, o “Skol Reposter”, que cá entre nós, é uma campanha de marketing muito bem feita.
Não irei discutir ou apresentar juízo de valor quanto a moralidade dessas mudanças. Porém o que realmente está em jogo é, menos conteúdo publicitário machista sendo produzido.
E pode não ser uma revolução. E não é. É uma mudança, uma pequena mudança no caminho certo.
❤ 2017 por Gustavo de Paula. Sharing is Caring.