Bolsonaro cita processo inexistente para se recusar a falar com a imprensa
Presidente ficou irritado com um levantamento da Fenaj divulgado na semana passada. O estudo aponta que 58% dos ataques a jornalistas em 2019 partiram do mandatário
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se recusou hoje a falar com a imprensa e justificou a decisão mencionando um “processo” inexistente. O mandatário ficou irritado com um levantamento da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), divulgado na semana passada. O estudo aponta que 58% dos ataques aos profissionais de comunicação partiram dele no ano passado.
“Manda tirar o processo que eu volto a conversar!”, declarou Bolsonaro ao sair do Palácio da Alvorada, na manhã de hoje. A primeira agenda do dia foi uma reunião com o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.
Procurada, a Fenaj informou que não é autora de processo algum contra o presidente.
“Não tem nenhuma medida judicial tomada. Estamos articulando reunião com outras entidades para discutir a possibilidade de tomar essas medidas na Justiça”, disse a presidente do órgão, Maria José Braga.
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa), outra entidade de classe representativa da categoria, afirmou que não há registro recente de ação judicial. O último pleito teria sido uma ação popular, protocolada em dezembro, em razão das notícias de que o Planalto faria um boicote ao jornal Folha de S.Paulo. A mesma, no entanto, não prosperou.
A Secom (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República) confirmou no fim da manhã que Bolsonaro, de fato, errou ao falar em processo. Segundo nota da Secom, o presidente “se referiu ao relatório recente da Federação Nacional dos Jornalistas”.
Durante a manhã, Bolsonaro reafirmou via Twitter que, como ele é “acusado de agredir a imprensa com entrevistas”, “a solução é não dar mais entrevistas”. Dessa vez, não mencionou processo algum.
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