Lianne La Havas: Novo Álbum — empoderado, autêntico e encantador
Aos 30 anos, Lianne La Havas lança o terceiro e mais espontâneo álbum de sua carreira.
A primeira vez que eu ouvi a voz aveludada e potente da cantora e compositora Lianne La Havas foi há mais de um ano, em um desses concertos ao vivo de um canal do YouTube. Me encantei pela artista já nos cinco primeiros segundos do vídeo. Lianne tem uma voz capaz de tocar e emocionar o coração de quem a ouve, e está sempre acompanhada de harmonias que a acolhem e a destacam de forma única.
Na época, fiquei tão fascinada que sequer procurei a versão de estúdio, por medo de que a essência da apresentação se perdesse de alguma forma. Então, imagine a minha surpresa ao ouvir seu novo álbum — o auto-intitulado Lianne La Havas, lançado no dia 17/07/2020 — e perceber que a cantora inglesa — e todas as talentosíssimas pessoas envolvidas — fez um trabalho tão incrível, que conseguiu capturar uma boa parte do que é experiência de ouvi-la ao vivo.
Depois de 5 anos desde seu último trabalho (Blood), Lianne voltou ao cenário da música com autenticidade, auto-afirmação e, claro, muito Soul — influência presente em toda sua carreira. Com letras sobre término de relacionamento, autocuidado e amor próprio, as faixas são a linha do tempo de um amor que acabou, como prenuncia a canção de abertura, Bittersweet.
A partir daí, a artista nos leva pela jornada desse casal semi-fictício: desde o primeiro flerte e da descoberta do amor (narrados pelas letras de Read My Mind, Green Papaya — uma das minhas preferidas — e Can’t Fight) até as primeiras complicações, inseguranças e ansiedades expressadas em Paper Thin. O interlúdio Out of Your Mind, por sua vez, surge como o plot twist de um filme, simbolizando uma transição na relação: as inseguranças se transformam em tristeza, solidão e desilusão.
Essa fase emocional da protagonista — interpretada por Lianne — começa a ser contada com um dos melhores covers da música Weird Fishes (Radiohead) que já ouvi, e termina com Sour Flower, uma canção que enfatiza a decisão por se amar, se conhecer e ser livre. Até que por fim, como naqueles livros que começam pelo final, a canção Bittersweet volta, em uma versão um pouco mais curta, com a missão de encerrar a história.
Se comparado aos aclamados álbuns anteriores (Is Your Love Big Enough — 2012 e Blood — 2015), esse é o trabalho mais maduro e fiel à essência e personalidade da cantora. Isso porque todas as músicas, exceto Weird Fishes, foram co-escritas por ela. Assim como o processo de criação aconteceu de forma espontânea e com autonomia. Não é à toa que muitos, inclusive a própria Lianne, definem o disco como um ato de empoderamento e auto-afirmação para a artista.
Se você é apaixonado por música de qualidade, não pode deixar de ouvir Lianne La Havas. Sem dúvidas, o álbum é emocionante e envolvente em um nível para ninguém — ou quase ninguém — colocar defeitos.