Ninguém mais tem tempo pra Faroeste Caboclo (a não ser que vire trend)

Júlia Morais
Hello Band
Published in
2 min readDec 15, 2022

Com o boom do TikTok, só alguém que esteve isolado na Sibéria nos últimos anos não sabe da importância dessa rede para a produção de música hoje. A plataforma tem não só resgatado músicas antigas como também feito uma reciclagem delas, as transformando muitas vezes em uma versão mais acelerada e curta. Além disso, tem influenciado muitos artistas nas suas produções novas e servido como um espaço para artistas pequenos divulgarem suas músicas.

Como a maior parte da comunidade do TikTok é composta da hoje tão falada Gen Z, que é de pessoas nascidas mais ou menos entre 1997 e 2010, essa galera não conhece muitas músicas dos anos 90 pra trás. Desse jeito, a rede tem tido um papel essencial em manter músicas vivas, como Pass The Dutchie, Could You Be Loved, Stayin’ Alive e músicas do ABBA (que, convenhamos, são atemporais). Mesmo que de uma forma mais curtinha e (fortemente) ligada à ideia de uma potencial dancinha ou transição, essas músicas estão sendo ressuscitadas e conhecidas agora por novas gerações.

A esquete agridoce da galera do Porta dos Fundos com Caetano Veloso ilustra com uma ironia precisa essa febre das trends e a “necessidade” das músicas terem, no máximo, 30 segundos, rimas simples e que tenham sempre o objetivo de viralizar.

Assim, apesar de todo o resgate de produções antigas e do surgimento de muitas músicas novas, é difícil saber se estamos de fato apreciando música. Nessa pressa e sentimento de urgência de hoje, parece que ninguém mais tem tempo pra uma música como Faroeste Caboclo, a não ser que vire uma trend!

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