O segredo e o enlevo por traz de Coralinne

Sarah Dias
Hello Band
Published in
12 min readJul 9, 2024

A banda desta semana não revela de jeito nenhum o real significado de seu nome. Até onde sabemos, o nome Coralinne é frequentemente associado a origens germânicas, relacionando-se também à obra gótica de Neil Gaiman, cheia de fantasia e mistério, carregando desde o significado de “pequena coral” ou “semelhante ao coral” até uma conexão com a natureza dentro do misterioso e belo mundo subaquático. No entanto, essa banda não carrega nada de gótico; na verdade, traz um rock que nos transporta tanto para os anos 2000 quanto para os dias de hoje.

Formada em terras paulistas em agosto de 2023 por Nathan Bakker (vocal e baixo), Guilherme Misawa (guitarra e vocal), Gustavo Martins (vocal e guitarra) e Carol Galinddo (bateria), a banda teve seu show de estreia, realizado na Nimbus Studios em dezembro de 2023, com ingressos esgotados. Desde então, apresentam-se regularmente em locais icônicos, como a famosa Avenida Paulista. O primeiro single, “Te Odeio, Não Te Esqueço”, foi mixado por ninguém menos que Léo Ramos da banda Supercombo e masterizado por Fernando Delgado, vencedor do Grammy Latino. A banda é reconhecida por sua identidade visual vermelha, que fortalece a conexão com seus fãs através da hashtag #MarVermelhoCoralinne. Com uma trajetória promissora, eles estão preparados para crescer cada vez mais no cenário musical. Conheçam mais sobre a Coralinne através da entrevista abaixo!

QUAL O REAL SIGNIFICADO QUE CARREGA O NOME DA BANDA?
Mistério eterno e profundo…

COMO TUDO COMEÇOU E QUAIS MOMENTOS QUE CONSIDERAM MARCANTES LÁ DO INÍCIO DA TRAJETÓRIA?
Eu (Nathan) tocava com o Guilherme em alguns outros projetos sem compromisso. Nós só tocávamos em ensaio e estúdio. Eu queria muito, muito, muito fazer vários shows, então resolvi montar um projeto com esse objetivo. Mas pra isso, precisávamos levar a coisa mais a sério, criar uma estrutura profissional pro nosso objetivo. Passamos por uma troca de guitarrista no início, onde entrou o Gustavo, que é amigo meu há mais de 10 anos. Ali, tudo se encaminhou de uma maneira muito rápida e incrível. É muito marcante pra gente lembrar da trajetória pro nosso primeiro show, no estudio Nimbus. Foram dois meses planejando cada detalhe, ensaiando até não poder mais, noites sem dormir pensando em cada mínima coisinha. Até hoje, foi o dia mais especial da história da banda.

DE ONDE CADA UM É E COMO VIR DE ONDE VIERAM INFLUENCIA EM SEU SOM?
NATHAN: Nós somos todos de São Paulo e arredores, Gustavo é de Guarulhos. Acredito que por termos crescido em SP, onde o rock é de certa forma, muito presente (quando se procura), somos muito influenciados por essa cultura de ir pra shows, consumir muito a arte desse pessoal que somos fãs, então procuramos ter uma abordagem parecida aos artistas que estiveram lá quando aprendemos o que era rock nacional. Citaria a infinidade de shows do NX Zero, Fresno e Cine que fui na adolescência e até hoje, na verdade.
GUILHERME: Sou de São Paulo, cresci no Artur Alvim e nunca parei pra pensar se ter crescido nessa localização de alguma forma influenciou meu gosto musical. O que sei é que desde muito pequeno eu sempre gostei mais de rock a outros estilos. Lembro de ter algo como 8 anos e numa apresentação do colégio me questionarem com um microfone de que tipo de música eu gostava e eu respondi “eu gosto de Eric Clapton”.
GUSTAVO: Sou de Guarulhos, São Paulo, desde que nasci. Devo dizer que essa vastidão de informações que a cidade de SP nos entrega traz consigo muita cultura e uma vasta gama de gêneros e estilos. Antes ou até depois de passar pelo Rock experimentei muita coisa, porém essa era minha real paixão e onde quis me desenvolver cada vez mais.
CAROL: sou de São Paulo e, como boa apreciadora de shows, São Paulo é o melhor lugar do Brasil pra assistir qualquer show de qualquer banda do mundo, o acesso aqui é muito fácil então, desde o meu primeiro show da vida (Linkin park no Morumbi em 2004), eu sempre vou em praticamente todos os shows das bandas de rock que vem pra cá. Isso influencia diretamente na minha performance no palco, ver seu artista favorito cara a cara é uma experiência completamente diferente de ver em casa por uma tela.

QUEM É QUEM NA BANDA E O QUE TRAZ DE CARACTERÍSTICA ÚNICA PARA AGREGAR AO TRABALHO DE VOCÊS?
NATHAN BAKKER: 26 anos, baixo e vocais — Eu diria que eu sou o paizão chato da banda, que puxa o pé de todo mundo pra tudo acontecer, mas faz acontecer. Eu tenho a tendência ao perfeccionismo extremo, então os outros sofrem com minha chatice as vezes hehehehe
GUILHERME MISAWA: 23 anos, guitarra e vocais — O Guilherme é um gênio musical com habilidades de composição que eu admiro demais. Ele estrutura toda nossa parte de criação de demos, compõe muitos instrumentais que viram músicas depois e traz aquela energia da jovialidade pra banda.
GUSTAVO MARTINS: 24 anos, guitarra e vocais — O Gustavo é a definição de carisma. Ele ilumina qualquer local com a energia e o sorriso dele. Há uma leveza muito grande na maneira que ele lida com o nosso dia a dia. Mas quando ele precisa ser sério e resolver algo de maneira direta e real, ele sabe estar nesse papel. Sem contar que também é um gênio musical sem igual.
CAROL GALINDDO: 35 anos, bateria — Se eu sou o pai chato da banda(Nathan), a Carol é a mãe que é mais brava que o pai. Muitas vezes eu mesmo me perco em empolgação e em ideias que não podem ser executadas razoavelmente e a Carol é a única a trazer todos nós pra realidade. Ela com seu tamanhinho de bolso toca de uma maneira completamente alienígena. De verdade, de onde vem toda aquela força?

QUE MOMENTO QUE CADA UM PERCEBEU QUE A MÚSICA ERA SEU LUGAR NO MUNDO, OU O SEU DOM?
NATHAN: No dia que eu subi no palco como baixista da banda Catharma, que na época se chamava Stranger Bear. Foi meu primeiro show como instrumentista e aquilo mudou algo em mim de uma maneira que acho que nunca vou conseguir viver sem. A adrenalina de tocar ao vivo é algo que não tem descrição e não tem nada que substitua.
GUILHERME: Num belo dia, eu estava passando por uma crise de ansiedade num ônibus rodoviário e uma música chamada Fairy Fountain me acalmou. Nesse dia, eu decidi que queria compor e trazer o mesmo sentimento que essa música trouxe para mim à outras pessoas.
GUSTAVO: Eu diria que desde muito novinho já era uma criança musical. Amava dançar e me divertir com obras e músicas de várias culturas e ali já sentia uma extrema conexão. Já mais adolescente, amava jogar Guitar Hero, e saiu daí a vontade de não apenas ouvir: queria fazer. Foi um caminho de paixão e muita entrega que me rendeu ótimos resultados e me faz extremamente feliz.
CAROL: Sempre fui apaixonada por música mas quando fui apresentada ao rock pela MTV nos anos 90/00, tudo mudou. Fui influenciada diretamente pelas bandas que tocavam na época, principalmente o grunge e new metal que estavam em alta. Quando conheci o Slipknot e Joey Jordison, eu só queria tocar o que eles tocavam e tocar como o Joey tocava.

COMO VOCÊ DEFINE A RELAÇÃO COM OS FÃS?
Nós damos tudo de si nos shows. Tudo é pensado pra aquela troca. Tudo é planejado, cuidado, pra que possamos oferecer a melhor experiência possível pra todo mundo que sai de casa assistir a gente. Sabemos de tudo que envolve sair de casa e ir a algum local, as vezes longe, as vezes caro, assistir uma banda tocar. Queremos sempre recompensar a todos que fazem isso, oferecendo o melhor show possível.

VOCÊS JÁ TINHAM UMA EXPERIÊNCIA PRÉVIA NA MÚSICA OU FORMAÇÃO ANTES DA BANDA?
NATHAN: Eu aprendi a tocar violão sozinho lá pros 16 anos de idade. Com cerca de 17, montei uma banda chamada Party GO!, onde era o vocalista. Só tocávamos covers, mas fizemos alguns shows bem legais. Na pandemia, aprendi com mais dedicação a tocar guitarra, e em seguida, baixo. Por muitos anos toquei como DJ em baladas em São Paulo também, então de certa forma a música nunca deixou de fazer parte da minha vida.
GUILHERME: Quando eu tinha 14 anos, um conhecido meu encontrou um violãozinho no lixo, todo quebrado. Essa pessoa consertou esse violão pra mim (ainda era horrível) e foi com ele que eu aprendi meus primeiros acordes. Fiquei viciado em tocar. Um tempo depois, ganhei um violão de aço do meu padrasto e foi com ele que eu fiz pequenas apresentações na minha escola organizadas por mim. Juntava uma galera pra ensaiar algumas músicas durante o intervalo e num dia X acontecia uma apresentação musical no pátio. Mais um tempo depois, quando eu já era maior de idade, comprei minha primeira guitarra. Desde o começo, foram pouquíssimos os dias em que fiquei sem tocar um instrumento. GUSTAVO: Quando tinha cerca de 14 anos, ganhei da minha vó um violão que era do meu avô e que ele tinha comprado em 1972. UMA RELÍQUIA! Desde então comecei a estudar e já quis partir para a guitarra pois amava Guitar Hero. Estudei, estudei e estudei a ponto de acabar me tornando professor do Conservatório onde eu estudava, e aí já embarcava na vida profissional. Também participei de bandas com focos em eventos e sempre foi muito divertido, sempre me sentindo realizado.
CAROL: Ganhei um violão do meu tio quando tinha uns 12 anos, comprei inumeras revistinhas de cifras e comecei A tocar as músicas, daí pra frente comprei uma guitarra e segui aprendendo sozinha. Aos 19 anos, depois de ter morado fora e um pouco cansada da guitarra, sentei em uma bateria pra tocar chop suey Do System of a down com uns amigos sem ter ideia do que estava fazendo, a musica saiu interia de primeira e desde então, nunca mais larguei as baquetas.

DE AGOSTO DE 2023 ATÉ HOJE, COMO TEM SIDO O CRESCIMENTO E AS CONQUISTAS DA BANDA?
Cada pequena conquista que atingimos é motivo de muita comemoração. Fizemos o nosso primeiro show com nossa própria organização, então toda vez que somos CONVIDADOS pra fazer outros, é uma honra imensa. Ter nosso disco de estreia mixado em boa parte por Léo Ramos, um artista que admiramos há muito tempo pelo trabalho com a Supercombo e Scatolove foi uma honra gigantesca. Parece que a cada dia algo diferente e maior acontece com a gente. Esperamos que isso acabe com uma turnê esgotada pelo Brasil e quem sabe pelo mundo, hahahaha

PARA QUEM ACABOU DE CONHECÊ-LOS COMO DEFINIR A “CORALINNE” E O QUANTO VOCÊS AMAM FAZER MÚSICA?
Eu acho difícil encontrar alguém que ame tanto e queira tanto algo como a gente ama e quer que a Coralinne cresça. Cada coisinha que fizemos foi com um amor tão grande, com uma vontade maior que o mundo de fazer tudo acontecer. O que as pessoas vêem em um show e escutam nas nossas músicas é algo completamente cheio de amor e determinação. A nossa essência é colocar tudo de si nesses momentos que compartilhamos com quem nos assiste e nos ouve.

VOCÊS ESTARÃO EM BREVE COM DISCO NOVO, CONTEM MAIS SOBRE O MESMO E PRÓXIMOS PASSOS.
Estaremos lançando nosso disco de estreia aos pouquinhos nos próximos meses. Esse disco conta com 7 faixas que encapsulam diferentes momentos e fases da banda.

QUAIS MÚSICAS INDICARIAM PARA QUEM ESTÁ ENTRANDO NO SEU FANDOM?
Minhas favoritas são Final Feliz de Filme e Desastre Conhecido, mas para novos ouvintes em busca de algo mais tranquilo e menos trágico, talvez Arquiteto do Futuro e Love Song sejam boas escolhas. Mesa Pra Um é o que vai agradar o meio termo entre os dois, hehehe.

(Capa do novo disco que sairá em breve: "O Que Vem Depois Do Fim").

PODEMOS ESPERAR TRANSMISSÕES AO VIVO PARA OS FÃS?
Quando tivermos o lançamento do disco, a ideia é fazer uma série de trabalhos online que ajudem a nos conectar com o público, incluindo livestreams.

DE QUE BANDAS OU ARTISTAS VOCÊS TOMAM DOSES DE INSPIRAÇÃO?
NATHAN: My Chemical Romance, Fall Out Boy, twenty one pilots, The 1975, Taylor Swift e Jão.
GUILHERME: Green Day, Charlie Brown Jr., Nirvana, Metallica, Guns n Roses, etc.
GUSTAVO: Arctic Monkeys, The Smiths, Megadeth, Angra, Babymetal, Iron Maiden e Jorge Ben Jor.
CAROL: Slipknot, System of a Down, Blink 182, Foo Fighters, NX Zero, Charlie Brown Jr, Nirvana e Linkin park.

SEUS FILMES E SÉRIES PREFERIDAS TE INSPIRAM OU SÃO APENAS PARA ASSISTIR POR HOBBY?
NATHAN: “Glee” influenciou meu gosto musical pra muita coisa, aprendi sobre música antiga e tenho muita coisa dos anos 80 como inspiração e posso dizer que muito começou ali. Também amo “How I Met Your Mother”, “Community”, “The Office”, “The Umbrella Academy”, “This Is Us”…
GUILHERME: Minha série favorita sempre será “Breaking Bad”. Nenhuma série até então conseguiu me tensionar tanto quanto ver o Hank e o Walter na mesma cena. Eu também amo “Hora de Aventura”, Marceline é uma personagem da qual eu me identifico e de certa forma foi uma influência musical pra mim.
GUSTAVO: Meu filme preferido desde a infância é “Spirit, o Corcel Indomável”, que tinha uma trilha sonora de rock clássico muito boa, que era cantada por Paulo Ricardo da banda RPM. Ali já deu pra sentir meu gosto e apego. No geral sempre me atento com as trilhas sonoras pra pegar algo que eu goste e sentir a ambientação me levar pra dentro da história
CAROL: “Chaves”, “Chapolin”, “One Piece”, “Cavaleiros do Zodíaco”, “Breaking Bad, “Friends”, “Interestelar”, “Titanic”, “Todo Mundo em Pânico”, “Harry Potter” (todos) e “Rei Leão”. Não sou influenciada por músicas em filmes e seriados porque eu fico mais atenta a história do que na música rs.

HORA DO CONSELHO,O QUE VOCÊS FALARIAM PARA QUEM TAMBÉM QUER VIVER DE MÚSICA?
Acho que ainda estamos nesse papel de músicos lutando pra alcançar o sucesso, mas se posso dizer uma coisa é: tem que querer MUITO. Tem que investir e se dedicar muito, em todos os sentidos. Não dá pra conseguir nada sem amor e dedicação, mas no campo da música é ainda mais difícil.

PARA OS NOVOS OUVINTES E PARA QUEM ESTÁ LENDO ESSA ENTREVISTA, QUAL MENSAGEM FINAL GOSTARIAM DE DEIXAR?
Ouça nossas músicas com um fone bom, de olhos fechados. Ouça todos os detalhes, aproveite os key changes, aproveite as viradas de bateria, os screamos, os solos, as harmônicas, as linhas de baixo, os slaps… tudo foi feito com muito amor e muito detalhe, queremos que quem ouça, sinta tudo isso. Obrigado por ouvirem!

⚠️SPOILER ALERT⚠️:
ANÁLISE HELLO BAND DOS SINGLES ENVIADOS PELA BANDA DE FORMA EXCLUSIVA PARA DAR UM GOSTINHO AOS NOVOS OUVINTES DO QUE ESPERAR DO SOM DA CORALINNE:
(P.S: Como a banda está bem no início, resolvemos adicionar mais informações para você queridone, conhecê-los melhor).

  • ”Arquiteto do Futuro”:
    Voltamos literalmente aos anos 2000. Gostamos que tem umas palavras não muito comuns em músicas, e as rimas não são óbvias. Poderia ser trilha de alguma série facilmente.
  • *”Desastre Conhecido”:
    Gostamos de canções com mais de quatro minutos; discordamos que elas precisam ser curtas hoje em dia. Gostamos da parte do “barco pegar fogo, mas ter medo de nadar”. Essa é uma canção em forma de conselho com um feat de desabafo. Os três primeiros minutos e o dedilhado são uma delícia de ouvir. Esta virou a favorita no disco.
  • *”Final Feliz de Filme”:
    Nos lembrou Fresno. Tinha que ter uma canção com clichês bons e românticos, na verdade, de pé na bunda haha. Mas não é melosa ou “sad” em excesso, é como uma conversa de término.
  • *”Love Song”:
    Gostamos quando a canção alterna na melodia, e há entre essas transições um solo bem interessante. Essa lembra o final dos anos 90 e início dos anos 2000, porque, como na anterior, abaixa um pouco e novamente temos um solinho gostoso para terminar bem.
  • *”Mesa pra Um”:
    O nome soa sofrência, mas é mais na linha emo mesmo haha. É bom se sentir bem sozinho e confortável na sua própria pele, mas, nesse caso, é aquela canção quando você sente que está para terminar ou recém-terminado, achando que pode ter volta; o famoso término com vírgula e não ponto final. Nela, a batida é bem mais pesada, e o solo também.
  • ”Te Odeio, Não Te Esqueço”:
    Gostamos como ela é cantada rápido, mas com uma dicção ótima que dá para entender todas as palavras. Amamos como dá para ouvir nitidamente o som das cordas e de cada instrumento; ao mesmo tempo que estão juntos, eles podem ser ouvidos muito claramente. A letra é sobre não conseguir superar, odiar isso e querer ter mais um tempo com a pessoa.

Sigam a “Coralinne” nas redes sociais e escutem no Spotify os trabalhos que estão sendo liberados. Deem uma chance ao novo e bom rock!

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Sarah Dias
Hello Band

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