A Elegância do Ouriço

Muriel Barbery é uma escritora francesa que leciona filosofia na Normandia. Que ela tem veia filosófica você logo percebe em seus escritos. A Elegância do Ouriço é seu segundo livro e ganhou o mundo. Quando o li, não conseguia parar porque ela tem um jeito único de mesclar a simplicidade do cotidiano com questões existenciais sublimemente. Esse livro é um romance existencialista, mas nada apático e lento. Ele tem um desenvolvimento que gira em torno de uma zeladora, uma garota de 12 anos que pretende se suicidar, alguns moradores de um prédio luxuoso no coração de Paris e um senhor japonês.

“Como raramente sou simpática, embora sempre bem-educada, não gostam de mim, mas me toleram porque correspondo tão bem ao que a crença social associou ao paradigma da concierge, que sou uma das múltiplas engrenagens que fazem girar a grande ilusão universal de que a vida tem um sentido que pode ser facilmente decifrado.”

Com uma narrativa fluida e simples, mas que nos faz parar os olhos, respirar fundo e refletir sobre a própria existência, o livro nos lembra o prazer e o propósito pelo qual tiramos um tempo de nossas vidas corridas para se entregar à leitura. Frases impactantes, mas também aqueles mesmos clichês que usamos e abusamos durante o dia, permeiam as páginas desse romance cujo final da leitura deixará tantas saudades e um vazio que irá demorar um outro romance a preencher.

“A Sra. Michel tem a elegância do ouriço: por fora, é crivada de espinhos, uma verdadeira fortaleza, mas tenho a intuição de que dentro é tão simplesmente requintada quanto os ouriços, que são uns bichinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes.”