Escritores
Somos todos escritores, detalhando as situações e personagens desse livro que sempre será inacabado e que chamamos de vida.
Criamos nosso próprio personagem. o que somos, o que nos define. Nossos gostos, desgostos. O que nos alegra, o que nos entristece. Nossas esperanças e nossas frustrações. As experiências de vida, os sonhos, os desejos. A forma toda desajeitada como levamos as coisas.
Mas, apesar de sermos os protagonistas, também damos lugar a outros personagens. Alguns não durarão sequer um capitulo. Outros seguirão por varias páginas. Outros desejaremos que escrevam junto conosco até o fim. Outros iremos querer matar no próximo capítulo. São ideias e ideais que criamos das pessoas que conhecemos. Que odiamos, amamos ou apenas somos indiferentes. Quase nunca esse ideal que criamos desses personagens condizem com a realidade. Na verdade eu poderia trocar o quase nunca por nunca mesmo.
Então todos temos esse trabalho de escrever a nós mesmos, o que se demonstrará gradualmente inútil, pois para o outro importa a ideia que ele tem de nós, que é o que lhe agrada, o que ele espera. Os fantasmas de expectativas mortas. Mesmo assim nós escrevemos, nos escrevemos, pois as páginas em branco são nossas.
Ninguém pode escrever por nós.
Ninguém pode passar a página por nós.
Ninguém pode nos descrever senão nós mesmos.
Pois o que os outros acham de ti é sombra fosca, névoa de percepções alheias.