Sobre alimentar a alma
Viajar sempre foi um sonho e um desejo da minha alma. Eu não estou certa se começou quando eu achava que sairia pelo mundo caçando Pokemóns quando eu tinha 5 anos. Ou no momento que eu decidi na adolescência que precisava fazer um intercâmbio em algum momento da vida.
Tem algo de inquieto na minha alma. Uma fome por histórias, rostos diferentes e acredite se quiser, provar para mim mesma que o mundo é grande. Que ele existe. Que esses países espalhados pelo mapa de uma sala de aula não são uma invenção romântica.
Então, chegou um momento que a vida adulta me possibilitou gastar meu dinheiro como eu bem entendesse. Eu defini que viajar era a minha prioridade. Fiz as contas e guardei o dinheiro por um ano. Grana resolvida, hora de acertar o destino.
Sim, você leu certo — primeiro a grana. Depois o destino. Minha fome era do mundo. Algo, na minha alma, queria cruzar uma fronteira. E, a mais longe que coube no meu orçamento foi a do Chile.
Pousar em Santiago. Andar pelas ruas da cidade. Beber vinho aos pés da cordilheira. Ouvir espanhol o dia inteiro mesmo sem entender uma palavra… Minha alma estava em euforia: o mundo existe. E ele é grande.
E de todas as experiências que eu já tinha tido na vida, nenhuma delas fez eu sentir que era capaz de qualquer coisa tanto quanto aquela viagem. Mesmo que tenha sido apenas um feriado prolongado no Chile. Apesar de todas as bolas foras que dei: de me perder várias vezes na cidade e de não ter sucesso em pedir um hambúrguer em um fast food no primeiro dia… Eu sentia que era capaz de qualquer coisa que precisasse (e quisesse) fazer.
Eu voltei energizada para o trabalho. Eu voltei com planos maiores. E com uma série de boas histórias e micos para contar. Mas o principal, eu voltei com a maior lição que eu aprendi na vida até hoje:
Alimente sua alma de acordo com a fome dela.
Eu não sei do que a sua alma sente fome. Talvez seja de conhecimento. Ou de dançar até o amanhecer. Talvez você encontre seu alimento em ler 1 livro por mês. Ou, fazendo aulas de dança 2 vezes por semana.
O fato é que você precisa ouvir sua alma e alimentar ela.
A minha, esperou por mais de 20 anos para começar a ser saciada. Faça um favor a si mesmo, e não deixe sua alma passar fome por tanto tempo.
Alimentar sua alma vai te ensinar algumas coisas preciosas — e entre elas, respeitar a fome dos outros e não se distrair com as opiniões alheias. Até porque, quem não consegue ouvir a sua própria alma, adora gritar sugestões para as dos outros.
Então, dance, cante, viaje. Faça o que for preciso para deixar sua alma nutrida. Vá atrás do que te alimenta.
Porque acredite, almas saciadas são mais sonhadoras. Corajosas. E o mundo, meus caros, precisa de mais pessoas corajosas e sonhadoras.
