A evolução da
Geração NBB

Jovens começam a ganhar mais espaço antes
de assumir o papel de protagonistas

Vagner Vargas
HIGH FIVE

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Aos 7 anos de idade, o jovem NBB vive uma fase interessante. Desde que nasceu, a liga tem um grupo de protagonistas que já se destacava no basquete nacional. Nomes como Alex, Giovannoni, Shamell, Marquinhos, Nezinho e Marcelinho, para citar alguns, já viviam a modalidade por aqui muito antes de o campeonato como conhecemos existir.

Todos eles ainda jogam em alto nível e têm destaque em suas respectivas equipes, mas o NBB começa a caminhar rumo a uma nova era. Daqui a alguns anos, quando os medalhões atuais largarem as quadras, teremos uma nova geração comandando as equipes brasileiras e assumindo a liderança. Jogadores que não chegaram a atuar como profissionais e não conheceram as dificuldades pré-liga. É a Geração NBB.

Hoje, nomes como Léo Meindl, Coelho, Deryk, Ronald, Ricardo Fischer e Lucas Mariano já são conhecidos, mas ainda dividem os holofotes com os caras citados lá em cima. O que é normal. Afinal, não é fácil tomar o lugar de jogadores com tanta história no basquete. Mas a cada temporada que passa, a nova geração evolui, ganha mais tempo de quadra e começa a alcançar os mais experientes em termos de protagonismo.

Essa semana pude assistir dois exemplos de perto. O armador Deryk, do Limeira, e o pivô Ronald, do Brasília, assumiram papéis fundamentais em suas equipes e deixaram claro que a Geração NBB demanda cada vez mais tempo dentro de quadra.

O ritmo ainda é lento

É difícil e injusto comparar o NBB com outras ligas que já estão sendo disputadas há muitos anos, mas os times brasileiros precisam começar a dar mais tempo a suas jovens promessas no jogo profissional. Com a excelente Liga de Desenvolvimento (LDB) fazendo bem o seu papel, os jogadores têm demorado a fazer a transição.

Um jogador que eu vejo um pouco fora do padrão é justamente o armador Deryk, do Limeira. Aos 20 anos (faz 21 em junho), ele atuou em média 21 minutos na temporada atual do NBB. Talentoso, apareceu entre os profissionais já com 16 anos, e desde então apresenta uma curva de evolução interessante.

Em suas três primeiras temporadas, com 16, 17 e 18 anos, ele jogou pouco — 45 jogos — e por pouco tempo — 6 minutos. A produção neste período foi bem baixa, como era de se esperar, mas o mais importante é: melhorou ano a ano.

Em 2013–2014, Deryk defendeu o Limeira em 37 jogos e teve uma média de 13,15 minutos em quadra. Com esse tempo, ele contribuiu com 4 pontos, 1,1 rebotes e 1,14 assistências, com 40% de aproveitamento nos arremessos, 33,3% nas bolas de 3 e 65,4% nos lances livres.

Deryk foi fundamental na vitória do Limeira em Brasília no terceiro jogo das quartas de final do NBB (Foto: Nelson Toledo/LNB)

Já em 2014–2015, os minutos do armador cresceram, mesmo com sua equipe contando com jogadores como Nezinho e Ronald Ramon no elenco. Deryk atuou uma média de 21,3 minutos, praticamente dobrou os números produzidos e melhorou o aproveitamento nos arremessos.

Foram 8 pontos, 1,9 rebotes e 2,06 assistências por partida, com 48,7% nas bolas de 2, 40,9% nas bolas de 3 e 69% nos lances livres.

O pivô Cristiano Felício é outro exemplo de garoto que teve mais tempo de quadra antes dos 20, mas em geral a curva de crescimento ainda é muito lenta. O também pivô Ronald só chegou aos dígitos duplos em minutos aos 21, mesmo sendo apontado como grande talento desde mais novo.

Claro que não há uma receita aqui, e não acho que os times devam sair jogando meninos de 16, 17 anos no profissional de qualquer jeito, mas creio que seria importantíssimo tanto para a renovação quanto para aumentar a qualidade do NBB que os clubes pensassem com mais carinho a respeito. Estes meninos são o futuro das equipes e terão papel fundamental em pouco tempo. Os medalhões não vão jogar para sempre.

O Minas, por exemplo, mostrou que é possível ter um elenco recheado de garotos e fazer uma boa campanha. Os mineiros fizeram um ótimo NBB sob o comando de Demétrius e ao mesmo tempo deram uma bagagem essencial a atletas que estão começando suas carreiras.

Brasília x Limeira

Assistindo ao jogo 3 da série entre Brasília e Limeira pelas quartas de final do NBB, Deryk e Ronald foram os jogadores que mais me chamaram a atenção. O primeiro pela calma com a bola nas mãos e a precisão nos chutes de fora. O segundo pela excelente defesa e bom posicionamento nos rebotes.

O time de Limeira conta com nomes estabelecidos como Nezinho e Ronald Ramon, mas foi o menino Deryk que decidiu o jogo no último quarto. Ele terminou a partida com 18 pontos e matou bolas importantíssimas de 3 pontos. Foram 4 no total e uma roubada de bola. Além disso, demonstrou muita calma e qualidade para sair da marcação sob pressão do adversário.

Ronald: excelente defesa e bom posicionamento nos rebotes (Foto: Brito Junior/Divulgação)

Pelo Brasília, o time foi um com Ronald e outro sem. O pivô cresceu muito na parte defensiva — pudera, depois de levar tanta bronca do Alex nos treinos e jogos —, tornando-se uma ameaça constante ao redor da cesta e alterando muitos arremessos. Ágil e versátil, Ronald me impressionou não só por proteger o aro muito bem, mas também por conseguir se manter à frente de jogadores mais baixos e mais velozes nas trocas de marcação.

Estes são apenas dois exemplos de atletas em que é possível visualizar bem a evolução recente. Com o crescimento da LDB, e se as oportunidades nos profissionais começarem a aparecer mais, a tendência é que tenhamos muito mais Deryks e Ronalds nos próximos anos.

@vagnervargas

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