Dança com lobos

Samir Mello
HIGH FIVE
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4 min readJul 17, 2016

Após anos de mediocridade e resultados inexpressivos, o Minnesota Timberwolves está finalmente pronto para fazer algo especial na NBA

Passado, presente e futuro: Kevin Garnett terá importante papel como mentor da nova geração dos ‘Wolves

Por Samir Mendes

A felicidade e as esperanças do torcedor do Minnesota Timberwolves parecem estar ligadas à presença de Kevin Garnett na franquia. Todas as oito classificações da equipe para a pós-temporada, entre 1996–97 e 2003–04’ (sete eliminações na primeira rodada e uma nas Finais de Conferência, contra os Lakers, por 4 x 2), aconteceram sob a liderança do camisa 21 em quadra. Após nove anos de ausência, período em que o ala foi campeão em Boston e o torcedor dos ‘Wolves amargou nova série de campanhas medíocres, as expectativas de dias melhores na fria Minnesota coincidem, novamente, com a presença do melhor jogador da história do time.

Apesar de ter sido o MVP da liga em 2004 e manter muito da intensidade que o consagrou como um dos maiores competidores da NBA, Garnett tem hoje 40 anos e 20 temporadas nas costas. Logo, com os dias de franchise player há muito passados, o ala será um mentor para os jovens lobos cheios de potencial .

Ao retornar à equipe em fevereiro do ano passado, KG encontrou um time que, apesar de ter terminado a temporada com o pior retrospecto da liga (16–66), começara a montar as bases para um futuro melhor. Primeiro, ao recrutar o armador Zach LaVine. Depois, ao incluir Kevin Love, melhor jogador dos ‘Wolves à época, na negociação que trouxe Andrew Wiggins, a primeira escolha do draft de 2014, para Minnesota. Apesar de ser sempre traumático perder um franchise player, o time acabou saindo com o melhor desfecho possível da transação, com um jogador de 21 anos, que teve média de 16.9 ppg em sua primeira temporada e acabou se sagrando Novato do Ano.

Novamente via draft, o Minnesota Timberwolves conseguiu a terceira peça para o futuro no ano seguinte, ao recrutar o pivô Karl-Anthony Towns. Sob a tutela de Kevin Garnett, KAT teve uma primeira temporada ainda mais impressionante que Wiggins, com médias de 18.3 ppg e 10.5 rpg, sagrando-se também Novato do Ano.

Com Wiggins, Towns e LaVine e a presença dos veteranos Garnett, Andre Miller e Tayshaun Prince para ensinar os jovens, os Timberwolves melhoraram um pouco o retrospecto em relação ao ano passado, mas não o suficiente para garantir uma vaga de playoffs. Com a ausência da pós-temporada pelo 12º ano consecutivo, Minnesota igualou o recorde negativo do Golden State Warriors, que ficou sem se classificar para os playoffs entre 1994–95' e 2005–06'.

Como Sam Hinkie, ex-gerente geral do Philadelphia 76ers diria, “confie no processo”. E, no último mês de abril, Minnesota ganhou um reforço que, acredita-se, fará a reconstrução dos ‘Wolves ser um tantinho mais rápida que a do 76ers. Tom Thibodeau, conhecido pela excelência de seus times na defesa e por ser extremamente exigente com seus jogadores, fechou contrato para ser o treinador e presidente do Minnesota Timberwolves.

Apesar de ser reconhecido como uma pessoa de personalidade difícil e de ter saído do Chicago Bulls em meio a polêmicas com a presidência da equipe, Thibodeau era, ao mesmo tempo, elogiado pelo seu comprometimento aos jogadores. Uma reportagem ESPN anunciando a contratação definiu bem o perfil de Thibs como treinador:

No meio da discussão entre esgotar seus titulares e o relacionamento controverso com a diretoria, algo não foi mencionado o bastante: Nos primeiros anos de Thibodeau como técnico dos Bulls, os jogadores teriam atravessado paredes por ele. Eles acreditavam no sistema. Eles sabiam que, não importasse quem estivesse em quadra, eles tinham chances de vencer. E eles acreditavam nisso porque Thibodeau havia despertado essa confiança neles.

Disciplina defensiva aliada a um técnico de personalidade disciplinadora parece ser exatamente o que um time jovem precisa. Por falar em disciplina defensiva, essa é uma das partes do jogo que Minnesota precisa desesperadamente melhorar. No ano passado, o time ficou em 28º lugar no ranking de eficiência defensiva. Desde 2010, o time campeão nunca ficou abaixo do 9º lugar na lista, sendo que o Chicago Bulls de Tom Thibodeau liderou esse quesito por dois anos consecutivos.

No papel, portanto, o casamento é perfeito. Uma equipe jovem em busca de solidez e identidade sendo capitaneada por um técnico conhecido por fornecer tais características às suas equipes. Isso sem falar em Ricky Rubio, Gorgui Dieng, Shabazz Muhammad e Nikola Pekovic, peças que os ‘Wolves podem escolher desenvolver ou negociar e transformá-las em reforços melhores. Caso Kevin Garnett decida, de fato, encerrar sua gloriosa carreira, os ‘Wolves não precisarão temer: há um novo general na cidade e soldados prontos para mostrar serviço.

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Samir Mello
HIGH FIVE

Jornalista do portal Metrópoles e Mestre em Tradução pela City, University of London; passagens pelas redações do Jornal de Brasília e Correio Braziliense