De Nezinho x Franca a Nezinho ❤ Franca

Inimigo número um da cidade do basquete, armador vai vestir a camisa francana na temporada 2015/2016 do NBB

Vagner Vargas
HIGH FIVE
4 min readOct 29, 2015

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Nezinho ainda como rival de Franca no último NBB. Foto: Newton Nogueira/Divulgação

por Vagner Vargas

Imaginem Kobe Bryant trocando o Los Angeles Lakers em sua última temporada pelo Boston Celtics; Rogério Ceni pedindo as contas no São Paulo para jogar embaixo das traves do Corinthians; Messi dando tchau para o Barcelona e indo defender o Real Madrid. Deu pra entender onde eu quero chegar, né?

A temporada 2015/2016 do NBB vai ter sua própria versão dessa história. Nezinho, o inimigo número um de Franca por anos a fio, é o novo reforço da equipe. Talvez o jogador mais vaiado da história do Pedrocão vai vestir as cores francanas.

Estou me sentindo muito feliz. Primeiramente com o convite do Franca Basquete, ainda mais por ter vindo com uma ligação do Helinho, mesmo com toda a rivalidade que nos cerca. Estar aqui sentindo o calor e a vibração da torcida é incrível. Estou ansioso para começar os treinos e poder jogar. Quero desfrutar desse momento único em minha carreira”, Nezinho, novo armador de Franca

Nezinho voltará ao Pedrocão com a camisa francana. Foto: Newton Nogueira/Divulgação

Sempre que pisou na cidade do interior paulista, Nezinho foi tratado como vilão. E como ele incorporou esse papel. Foi campeão nacional pelo extinto Universo/Brasília em pleno Pedrocão em 2007. Tentou cortar a redinha, ato tradicional em conqusitas do basquete, e foi brutalmente impedido de fazê-lo. Em Franca, não. Ninguém me contou, eu estava lá e vi a chuva de objetos arremessados na quadra pela furiosa torcida.

Na temporada 2010/2011, já pelo UniCeub/Brasília, mais uma vez enfrentou Franca na decisão, desta vez pelo NBB. Fez 9 pontos, 6 rebotes e 3 assistências no Jogo 2, em pleno Pedrocão, que deu a boa vantagem de 2 x 0 para os brasilienses na série. O confronto voltou para a capital federal e lá o armador conquistou outro título em cima dos francanos.

Ídolo francano, Helinho (E) fez o convite ao antigo rival para defender as cores de Franca. Fotos: Célio Messias/LNB

Nezinho fez por merecer toda a antipatia da cidade do basquete por ele. Dentro da quadra, é bom ressaltar. A rivalidade vem de antes ainda, desde o tempo do COC/Ribeirão Preto, onde a turma composta por ele, Alex, Arthur, Cipriano e tantos outros protagonizou duelos pra lá de quentes com Franca.

Agora, no entanto, a situação é outra. Os francanos passam por uma árdua reformulação. A equipe passou por maus bocados na última temporada. Uma severa crise financeira atingiu em cheio o Pedrocão, o que obrigou o time a montar um elenco bem mais modesto do que o usual.

A galera do Franca da Depressão vinha fazendo campanha pelo armador

Nesse cenário chega Nezinho. Dada a realidade francana, eu diria que é loucura os francanos não abraçarem com toda a força a chegada de seu antigo desafeto. Os tempos são difíceis e o armador é um reforço mais do que bem-vindo.

Prestes a completar 35 anos, ainda tem lenha para queimar e é sim um dos principais nomes da posição no país. Conhece bem o técnico Lula Ferreira, quem o levou para a seleção brasileira, e tem todas as condições de ser o líder que os francanos precisam.

Na última temporada, o armador ajudou o Limeira a chegar à semifinal do NBB, onde perdeu apenas para o campeão Flamengo. Foram 29,5 minutos em média, com 13,3 pontos, 2,1 rebotes e 5 assistências de média. Como a equipe paulista fechou as portas — também atingida por uma crise financeira —, Nezinho ficou sem time.

É um jogador mais do que acostumado à pressão e que várias vezes relatou gostar dela. Inclusive em Franca com suas sonoras vaias. Acredito que a maioria da torcida vá reconhecer que Nezinho será útil para a retomada francana no cenário nacional, mas o pavio da paciência deve ser curtíssimo com o ex-rival no Pedrocão.

Cada jogo de Franca e cada cesta de Nezinho por lá serão interessantes de se acompanhar. A reação da torcida na primeira vez que ele pisar no Pedrocão vestindo as cores da casa; as comemorações a cada bola de 3 e a corneta a cada passe errado. A temporada ainda nem começou, mas já arrisco dizer que a união entre Nezinho, Franca e francanos já é a melhor história desta edição do campeonato.

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